20 outubro 2018

"Next Gen" - uma aventura futurista de amizade sincera e boas memórias

A jovem Mai e o robô 7723 são os protagonistas desta simpática e divertida animação chinesa (Fotos: Netflix/Divulgação)

Maristela Bretas


Com belas mensagens e alguns personagens que se assemelham aos de outras produções sobre robôs e tecnologia, a animação futurista chinesa "Next Gen" é uma das apostas da Netflix, em cartaz no canal por assinatura desde setembro último. A aquisição dos direitos globais (exceto na China), em maio deste ano, custou US$ 30 milhões à maior empresa de streaming do mundo. E foi um ótimo investimento.

A animação "Next Gen" é muito simpática, divertida, sem deixar de abordar alguns temas sérios que afetam principalmente aos jovens. Bullying, falta de atenção e carinho, separação familiar, desinteresse pela escola e mágoas guardadas que se transformam em vingança.

"Next Gen" lembra a temática de "Wall-E", com um robozinho simpático catador de lixo abandonado na Terra querendo apenas amizade e coisas boas. O novo herói não tem nome, é chamado de Projeto 7723 e se parece com a versão avançada da namorada de Wall-E. Ele divide o elenco principal com Mai, uma menina com muitos problemas e carências, que só consegue ver o lado cinza da vida. Para ela, todos os robôs são inimigos e 7723 não é diferente.

Mesmo sendo um projeto de ponta para ser empregado em situações de segurança, 7723 também só quer ter conquistar amigos e fazer o bem. É desta estranha relação entre uma humana e um robô nasce uma grande amizade, que ainda conta com a participação de Momo, o cãozinho marrento de Mai, que proporciona as cenas mais divertidas de "Next Gen".

Mai vive por sua conta, numa casa em que o pai deixou a família e a mãe que dá mais atenção aos robôs com os quais trabalha e em jogos e experiências virtuais. Revoltada por nunca ter atenção daqueles que ama, a jovem só pensa em se vingar do mundo e das agressões sofridas na escola. Tem somente Momo para se distrair, até conhecer 7723, que irá mudar sua vida. Mas ela só quer usar os poderes do robô para se defender dos inimigos.

Já o novo amigo só quer agradar Mai e a animação ressalta isso, oferecendo momentos de muita ternura. A ação não foi deixada de lado e a dupla vai precisar estar mais unida para enfrentar muitos perigos, uma vez que 7723 foge de seu criador para viver seu grande sonho. Sem se preocupar com o rastro de destruição que deixa por onde passa, o robô chama a atenção de um perigoso vilão.

Além de "Wall-E", "Next Gen" também reproduz cenas conhecidas como a do filme "Steve Jobs" (2015), quando o mesmo (papel vivido por Michael Fassbender) apresenta o MAC para uma plateia ávida por tecnologia. O mesmo acontece quando o empresário e visionário Justin Pin anuncia seu mais avançado Q-Bot, "melhor que uma família" - o Gen 6 - e promete colocar um em cada casa.


A animação também faz referências a outros sucessos como "Eu Robô" (2004), com a fabricação em massa de robôs "domésticos", a "Godzilla" (2014) no cartaz na parede do laboratório do Dr. Tanner Rice, e aos bichos em origami de Blade Runner. Mas é do insuperável e inesquecível "ET - O Extraterrestre" (1982) que saem as cenas mais memoráveis. Como a de Mai escondendo o 7723 em um galpão, junto com brinquedos e lembranças, como fez Elliot (papel de Henry Thomas) há 36 anos.


E assim como ET tenta se comunicar com seu planeta para retornar antes de morrer, 7723 também tem apenas 72 horas de memória e precisa apagar todas as lembranças que vai acumulando em sua jornada com Mai para não provocar travamento total do sistema.

Na dublagem em inglês foram utilizadas as vozes de John Krasinski (7723), Charlyne Yi (Mai), Jason Sudeikis (Justin Pin), Michael Peña (Momo), David Cross (Dr. Tanner Rice/Q-Bots) e Constance Wu (Molly). Baseado nos quadrinhos "7723" de Wang Nima, "Next Gen" tem na amizade sincera e fiel sua maior mensagem.




Ficha técnica:
Direção e roteiro: Kevin R. Adams e Joe Ksander
Produção: Netflix / Baozou Studios / Alibaba Pictures / Tangent Animation's 
Distribuição: Netflix
Duração: 1h45
Gêneros: Ficção / Animação / Aventura
País: EUA 
Classificação: 10 anos
Nota: 3,8 (0 a 5)

Tags: #NextGen, #Netflix, #animação, #aventura, #ficção, #Projeto7723, #Mai, #CinemanoEscurinho

18 outubro 2018

Com história clichê, Jennifer Garner volta à ação pesada em "A Justiceira"

Filme conta a trajetória de uma mulher para vingar a morte de sua família, cujos culpados foram inocentados pela corrupção (Fotos: Tony Rivetti Jr./STXFilms)

Maristela Bretas


Ela já foi a agente Sydney Bristow nas cinco temporadas da série de TV "Alias" (2001 a 2005), interpretou Elektra (personagem dos quadrinhos da Marvel) ao lado do ex-marido Ben Affleck no filme "Demolidor - O Homem Sem Medo" (2003), retomou a super-heroína numa produção solo no ano seguinte e fez seu último filme de ação em 2007, como a agente do FBI Janet Mayes em "O Reino", ao lado de Jamie Foxx.

Onze anos depois, Jennifer Garner retorna aos filmes de ação intensa, com muita luta, tiros, explosões e vingança de sobra para viver "A Justiceira" ("Peppermint"), filme dirigido por Pierre Morel (“Busca Implacável”) que estreia nesta quinta-feira nos cinemas. A bela atriz, em excelente forma física, bate muito (e apanha muito também), mas teve sua atuação prejudicada e não consegue salvar o filme, graças ao fraco roteiro de Chad St. Jones (“Invasão a Londres” - 2016) recheado de clichês e cópia de filmes como "O Justiceiro" (2004) e "Desejo de Matar" (2018). 


A começar pela história: Riley North vê o marido e a filha serem mortos durante um passeio no parque de diversões para comemorar o aniversário da menina. Graças à corrupção sustentada pelo narcotráfico, os culpados são inocentados. Ela passa cinco anos treinando e planejando sua vingança contra todos os envolvidos. 

Jennifer Garner entrega uma boa atuação, primeiro como a mãe e esposa amorosa no início do filme, que se transforma na matadora que proporciona ao expectador muita ação e cenas de extrema violência. Em entrevista ela contou que logo que se uniu ao projeto para interpretar Riley North, em “A Justiceira”, iniciou um treinamento intensivo de fortalecimento corporal e desenvolvimento de habilidades. 


Diariamente, durante horas, a atriz dedicou seu tempo a aulas de boxe, krav maga, musculação, condicionamento físico e dança. “Eu cresci como dançarina e acho que é por isso que a ação faz tanto sentido para mim, é tudo coreografado e usando um método baseado na dança, que funciona muito bem para as cenas de luta”, explica Garner.

Além do condicionamento físico, Garner passou um tempo com os membros da marinha americana para melhorar suas técnicas táticas e de manuseio de armas. “Eu tinha uma compreensão básica de como usar uma arma e trocar a munição, mas já fazia muito tempo”, conta a atriz que fez todas as cenas perigosas sob a orientação da dublê, Shauna Duggins, que a acompanha há quase 20 anos. 



Sem grandes abordagens, "A Justiceira" é só um filme de ação, mas que poderá ser lembrado apenas como a versão feminina de "O Justiceiro", sem nada de novo e desmerecendo o talento da atriz principal para filmes do gênero e que merecia uma produção no padrão de "Alias" (dirigido por J.J. Abrams) ou até melhor. Para piorar, até o restante do elenco é pouco conhecido e sem peso. Acompanhado de pipoca e um refrigerante, "A Justiceira" vale como distração.


Ficha técnica:
Direção: Pierre Morel
Produção: Huayi Brothers Pictures / Lakeshore Entertainment
Distribuição: Diamond Films
Duração: 1h35
Gêneros: Suspense / Ação
País: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 2,5 (0 a 5)

Tags: #AJusticeira, #Peppermint, #JenniferGarner, #suspense, #ação, #DiamondFilms, #CinemanoEscurinho