21 novembro 2018

"PO" - uma abordagem sensível e emocionante do autismo que toca o coração

A relação entre um pai e seu filho autista, que sofrem com a perda da mãe e precisam reconstruir a família (Fotos: Cineart Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas


Para muitos pode parecer mais um filme piegas, que faz chorar, sobre um assunto diversas vezes abordado pelo cinema - o autismo. Mas "PO" ("A Boy Called Po"), que estreia nesta quinta-feira (22) nos cinemas, com distribuição da @CineartFilmes, é uma produção sensível, emocionante desde o início, com uma trilha sonora irrepreensível composta e interpretada por Burt Bacharach, que tem como música-tema a maravilhosa "Close To You".


"PO" apresenta uma nova abordagem sobre o autismo e é um filme para ser visto por pessoas com sensibilidade para entender e acompanhar o drama de um pai viúvo que terá de criar sozinho o filho autista e ainda conciliar seu trabalho e as despesas com a casa e a criança. Christopher Gorham (da série de TV "Covert Affairs"), no papel do pai David Wilson, e o estreante Julian Fader, que surpreende como PO, o filho autista, estão muito bem ao mostrarem uma relação que tinha uma mãe que os unia e agora precisará ser refeita para que os dois possam continuar como uma família.


Após a morte da esposa, vítima de câncer, David Wilson fica com a responsabilidade de cuidar sozinho do filho Patrick, que gosta de ser chamado de PO, um garoto autista extremamente inteligente, mas que enfrenta o preconceito e o bullying na escola e das pessoas à sua volta. Para fugir do mundo real, cria seu próprio universo, onde ele é perfeito e convive apenas com pessoas e personagens que o deixam mais confortável. 


Enquanto isso, a relação com o pai, que faz de tudo para compreendê-lo, ao mesmo tempo em que precisa equilibrar o sofrimento com a perda da esposa, o trabalho e as despesas, vai se tornando cada vez mais distante. Os dois terão de aprender a dividir seus sentimentos para superar o trauma e evitar que o autismo tome conta totalmente da mente de PO e o leve para sempre para o seu mundo imaginário.


A abordagem do longa “PO” já foi usada em outra produções, mas o diretor John Asher soube aproveitar bem o tema ao inserir a letra de "Close To You", composta por Burt Bacharach e lançada em maio de 1970 pela dupla The Carpenters (foi um de seus maiores sucessos) para ilustrar o drama de pai e filho. E fazer chorar, com certeza. Confira aqui.


Além dela, compõe a trilha sonora a bela "Dancing With Your Shadow", interpretada por Sheryl Crow, também composta por Bacharach em homenagem a sua única filha, Nikki, que se suicidou em 2007 aos 40 anos, e era portadora da Síndrome de Asperger, um tipo de autismo. Clique aqui para curtir.


O longa ainda conta com belas locações, especialmente as imagens do universo imaginário de PO. Produzido em 2017, mas só agora estreando nos cinemas, "PO" já circulou por festivais mundo afora e ganhou prêmios de Melhor Filme no Albuquerque Film & Music Experience, Palm Beach International Film Festival, San Diego International Film Festival e WorldFest Houston. O ator-mirim Julian Feder também foi destaque nas premiações, levando troféus de Melhor Ator em Young Artist Awards, WorldFest Houston e Albuquerque Film & Music Experience. Um filme lindo, que merece ser conferido.


Ficha técnica:
Direção: John Asher
Distribuição: Cineart Filmes
Duração: 1h35
Gênero: Drama 
País: EUA
Classificação: 10 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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19 novembro 2018

"Parque do Inferno" é terror com muito sangue para disfarçar produção ruim

Filme conta história de jovens que são atacados num parque temático por um louco psicopata mascarado (Fotos: Tripictures/Divulgação)


Maristela Bretas


Junte Freddy Krueger" ("A Noite do Pesadelo"), Jason Voohees ("Sexta-feira 13"), Michael Myers ("Halloween") e outros assassinos cruéis e sanguinários. Coloque tudo num filme com direito a muito sangue jorrando e corpos esfacelados. Poderia até dar um bom filme de terror, com bons pulos na cadeira. Mas este não é o caso de “Parque do Inferno” ("Hell Fest"), produção que já nasce morta graças a um roteiro ruim e uma direção duvidosa de Gregory Plotkin.

Se o espectador não está preparado para cenas fortes, melhor pensar duas vezes antes de assistir a este filme - o sangue jorra com vontade, cabeças rolam, corpos são mutilados e não faltam perfurações com os mais diversos objetos. O vilão, apesar de brutal, é fraco e previsível em várias situações, a cara dele está sempre coberta pela máscara e apresenta o comportamento tradicional do psicopata que sai à caça de suas vítimas. O filme chega a indicar levemente que ele está em busca de um tipo especial de garota que será sua escolhida, mas depois abandona essa linha e volta a focar apenas nos ataques violentos ao público para despistar os "defeitos visuais".

Com protagonistas desconhecidos, "Parque do Inferno" antecipa as ações do mascarado, tirando o impacto do susto e deixado apenas um mal-estar pela crueldade dos crimes. É tão previsível que em uma das cenas, a adolescente Natalie (Amy Forsyth) simplesmente descobre como funcionam as atrações e conta para os amigos. O mesmo acontece em muitos momentos de ataque do louco do parque, que realmente é uma porta do inferno para seus frequentadores, com labirintos do medo, atrações e figurantes  sinistros cercando os frequentadores e os atraindo para os chamados "brinquedos".

Na história, a universitária Natalie chega à cidade onde mora sua amiga Brooke (Reign Edwards) para passar o Halloween. As duas decidem aproveitar com um grupo de amigos a nova atração que chegou à cidade, o "Hell Fest", ou "Parque do Inferno"- um parque temático cheio com jogos e brincadeiras que excursiona pelo país, mas é marcado por uma morte brutal ocorrida anos atrás.

O que os adolescentes não sabem é que em breve vão se tornar o alvo de um visitante mascarado que usa o local para sua caçada diante de uma platéia que acredita que tudo faz parte do show. A história parece interessante e poderia ter se tornado uma ótima produção, apesar de usar ideiais e situações de filmes famosos do gênero. Mas ficou muito a desejar e nem mesmo a produção de Gale Anne Hurd, idealizadora da série de sucesso“The Walking Dead”, salva o longa.


Ficha técnica:
Direção: Gregory Plotkin
Produção: CBS Films  / Valhalla Motion Pictures
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h29
Gênero: Terror
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 2,5 (0 a 5)

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