07 fevereiro 2019

"Uma Aventura LEGO 2" repete fórmula de humor e sarcasmo da franquia

Emmet vai enfrentar novos vilões para proteger seus amigos e o planeta e provar para Lucy que também pode ser um herói (Fotos: Warner Bros. Entertainment/Divulgação)

Maristela Bretas


Com momentos divertidos, "Uma Aventura LEGO 2" ("The LEGO Movie 2: The Second Part") retoma uma linha que deu muito certo com "LEGO Batman: o Filme" há dois anos, explorando bem o sarcasmo de alguns personagens, especialmente o do Homem-Morcego (voz de Will Arnett). Ele e outros velhos conhecidos da animação original - "Uma Aventura LEGO" (2014) - estão de volta, dividindo a tela com o ingênuo herói Emmet (voz novamente de Chris Pratt).

Apesar de a fórmula já estar perdendo o impacto que foi sucesso anteriormente, esta continuação ainda provoca boas risadas. Especialmente dos adultos, por causa das referências a personagens como os super-heróis da Liga da Justiça (Superman, Lanterna Verde, Mulher Maravilha e Aquaman), e de filmes e franquias de sucesso, como "Mad Max: Estrada da Fúria", "Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros" (2015), "O Senhor dos Anéis" e "Harry Potter".

Se no início a animação caminhava para outra ótima produção, em pouco tempo ela muda seu foco e se volta para crianças pequenas, apresentando cenários e pecinhas de montar da LEGO fofinhos e bem coloridos e uma "musiquinha" bem chata que deveria grudar no cérebro, como aconteceu com "Tudo é Incrível", do primeiro filme, mas ainda bem é esquecível. Os produtores tentaram inovar nos créditos finais com uma boa proposta, mas o resultado foi uma longa ficha técnica (11 minutos!!!!) e outra canção de expulsar público do cinema.

A animação passa também uma visão antiquada dos criadores ao associar Bianca (Brooklynn Prince), irmã de Finn (Jadon Sand, do primeiro filme) os novos personagens supercoloridos, que esbanjam gliter e purpurina, só pensam em festa e casamento. Já o garoto fica com as pecinhas iradas, os super-heróis, as naves espaciais, armas, carros de deserto e muita ação. É a velha história de que "meninas usam rosa e brincam de bonecas e meninos usam azul e gostam de carrinhos".

A cada nova produção surgem novos personagens. Até o ator Bruce Willis ganhou seu "alter-LEGO": careca, de camiseta branca e barba sem fazer, bem na linha "Duro de Matar". Mas são os interpretados por Chris Pratt em outros filmes que ganham destaque - Star Lord ("Guardiões da Galáxia I " - 2014  e "Guardiões da Galáxia Vol. 2" - 2017 e "Vingadores: Guerra Infinita" - 2018) e Owen Grady ("Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros" e "Jurassic World: Reino Ameaçado" - 2018).

O que era totalmente incrível em Bricksburg no primeiro filme se transforma em Apocalipsópolis após o ataque dos alienígenas do Planeta Duplo ocorrido há cinco anos. Emmet ainda acredita que tudo pode voltar a ser incrível, mas Lucy/Mega Estilo (Elizabeth Banks) só consegue ver maldade e perigo no novo mundo e não aceita o jeito inocente do amigo.

Vivendo num local desértico, dentro de uma fortaleza no melhor estilo "Mad Max", nossos simpáticos heróis vão enfrentar nova invasão, desta vez da tropa da rainha Tuduki Eukiser Ser!, na voz de Tiffany Haddish. Multicolorida e multiformas, ela banca a boazinha, só fala em casamento e faz uma ótima dupla com o Batman em "tiradas" irônicas, garantindo boas risadas.

A vilã sequestra Lucy, Batman, Benny - o Astronauta (Charlie Day), Unigata (Alison Brie) e o pirata Barba de Ferro (Nick Offerman), levando-os para o sistema planetário de Manar, onde tudo é um grande musical Emmet terá de voar pela galáxia para resgatá-los e acabar com os planos da rainha e vai contar com a ajuda de um novo amigo, o navegando do espaço Rex Perigoso.

Produzida pela mesma equipe de toda a franquia LEGO - Dan Lin, Roy Lee, Phil Lord, Christopher Miller, estes dois últimos responsáveis também pela história, baseada nos LEGO Construction Toys. "Uma Aventura LEGO 2" tem classificação livre, mas mesmo na versão dublada é mais indicada a crianças acima de 6 anos. E se a proposta é rir e voltar a ser criança com os filhos pequenos, a animação é uma boa pedida, podendo ser conferida nas versões 2D ou 3D (inclusive Imax), dublada ou legendada.



Ficha técnica:
Direção: Mike Mitchell
Produção: Lin Pictures / Lord&Miller / LEGO System A/S / Warner Animation Group / Vertigo Entertainment
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h48
Gêneros: Animação / Comédia / Aventura
Países: EUA / Austrália / Canadá / Dinamarca
Classificação: Livre
Nota: 3,5 (0 a 5)

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05 fevereiro 2019

"No Portal da Eternidade" é mais um belo e luminoso filme sobre Van Gogh

Mirtes Helena Scalioni


Pelo jeito, ainda não foi desta vez que alguém retratou a biografia definitiva de Vincent Van Gogh. "No Portal da Eternidade" é mais um filme sobre o mítico pintor entre os quase dez que já foram feitos sobre sua vida atribulada. Embora não seja prudente fazer comparações, não há como não se lembrar de "Com Amor, Van Gogh", de 2017, de Dorota Kobiela e Hugh Welchman, que encantou espectadores do mundo todo ao falar sobre o artista mesclando cinema e animação, em que cada frame foi pintado a óleo no mesmo estilo do holandês. Uma pequena obra-prima.

Mas há pelo menos três diferenciais que chamam a atenção em "No Portal da Eternidade". Uma delas, que fica explicitada logo no início do longa, é a intenção do diretor Julian Schnabel de colocar o espectador como participante da mente, das razões e dos sentimentos do pintor. Os movimentos da câmera, nem sempre sutis, levam o público a longos passeios pelos bosques e campos de Arles, no Sul da França, para onde Gogh foi em 1888, depois que se sentiu rejeitado em Paris. Em busca de uma luz que só ele saberia enxergar, são muitas e longas as caminhadas do artista, sempre reveladas por solavancos, pisadas fortes e mudanças bruscas de ângulos de filmagem.


O segundo detalhe que impõe enorme diferença ao filme de Schnabel é Willem Dafoe no papel do protagonista. Como o diretor quer levar o espectador a compreender a alma atormentada e confusa de Van Gogh, é por meio dos olhares, sorrisos e gestos do ator que o público tenta fazer isso. E Dafoe está magistral, sem cair, em nenhum momento, na tentação de caricaturar a loucura do pintor. Não é por acaso que ele ganhou prêmio Volpi Cup do Festival de Veneza de 2018 e concorre ao Oscar de Melhor Ator este ano.


Por fim, Schnabel mexeu também na parte mais polêmica da biografia de Van Gogh: sua morte. Em "No Portal da Eternidade" fica evidente que o artista não se suicidou. Foi morto por um garoto que participava de uma briga, enquanto pintava ao ar livre, à beira de um lago, como fazia sempre. E o diretor banca essa ideia com todas as letras e argumentos, assim como aposta também no lado mais positivo da amizade entre o holandês e Paul Gauguin (Oscar Isaac).


Por se tratar de um artista sui generis que, em seus últimos 80 dias de vida, na aldeia de Auvers-sur-Oise, próximo de Paris, pintou 75 telas, cujas obras e biografia são até hoje estudadas, "No Portal da Eternidade" não será, com certeza, o último filme sobre Van Gogh. Mas é, sem dúvida, um filme luminoso e atrevido. 
Duração: 1h50
Classificação: 14 anos
Distribuição: Diamond Films


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