14 fevereiro 2019

"Alita: Anjo de Combate" tem efeitos visuais arrasadores e muita ação no estilo James Cameron

A atriz Rosa Salazar interpreta a ciborgue remontada por um cientista e que busca justiça (Fotos: 20th Century Fox/Divulgação)

Maristela Bretas


James Cameron deixa novamente sua marca ao produzir "Alita: Anjo de Combate", em cartaz a partir desta quinta-feira nos cinemas. Oferecendo ao público muita ação, efeitos visuais espetaculares (como fez com "Avatar" - 2009), o produtor conduziu o longa bem ao seu estilo, dividindo os louros com o diretor Robert Rodriguez (de "Sin City - A Cidade do Pecado", de 2005). O resultado desta união é um live-action de qualidade técnica excelente, que fica ainda melhor quando assistido em 3D e, principalmente Imax. 

"Alita: Anjo de Combate" lembra em alguns momentos a história de "Elysium" (2013), com Matt Damon, em que os habitantes pobres e sem recursos precisam viver num planeta destruído, enquanto os ricos vivem numa estação espacial. Em "Alita", a ação se passa no ano de 2563 e os pobres vivem na Cidade de Ferro, um gueto multirracial marginalizado destruído, superpovoado e dominado por Nova, comandante de Zalem, a única cidade voadora remanescente após A Queda, a guerra intergaláctica. É lá que vivem os mais abastados e escolhidos, esbanjando recursos. Claro que quem está embaixo não se conforma e é capaz de qualquer coisa para conquistar seu direito de subir à estação voadora.

Nesse ambiente, uma ciborgue semidestruída é encontrada por um cientista no lixão da cidade e reconstruída por ele, recebendo o nome de Alita. Aos poucos ela vai recuperando sua memória e descobre que uma máquina extremamente avançada de combate com grande conhecimento de artes marciais e pode representar um perigo aos dominadores dos dois reinos. 


Enquanto busca informações sobre seu passado, trabalha como caçadora de recompensas e se envolve com um dos colaboradores do cientista. A atuação de Rose Salazar como Alita é perfeita, chega a dar dúvida entre a máquina e a atriz que a interpreta. O filme é baseado na série de mangás homônima de Yukito Kishiro. Veja abaixo como foi a gravação do personagem e a captura dos 



No elenco estão também Christoph Waltz, como o cientista Dr. Ido (muito bem no papel); Jennifer Connelly; como a cirurgiã Chiren; Mahershala Ali, como Vector , que comanda a Cidade de Ferro; Keean Johnson, como o jovem Hugo; Jackie Earle Haley, como o gigantesco meio ciborgue Grewishka e Ed Skrein, como o caçador de recompensas Zapan.

Apesar de ser uma história comum já contada em outras produções, "Alita: Anjo de Combate" é diferente por prender o espectador com uma ação constante que empolga, com muitos efeitos e uma personagem de tecnologia avançada mas com um lado humano bem carismático. Só isso já vale o ingresso. Uma boa opção para quem gosta deste tipo de filme.


Ficha técnica:
Direção: Robert Rodriguez
Produção: 20th Century Fox / Lighstorm Entertainment
Distribuição: Fox Film do Brasil
Duração: 2h02
Gêneros: Ação / Ficção científica
Países: EUA / Argentina / Canadá
Classificação: 14 anos
Nota: 3,5 (0 a 5)

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13 fevereiro 2019

Endividado, Clint Eastwood vira "A Mula" do tráfico para pagar as contas

Biografia de traficante conta, de maneira aliviada, como ele usava a desculpa de que os fins justificavam para transportar drogas pelos EUA (Fotos: Warner Bros. Pictures)

Maristela Bretas


"A Mula" ("The Mule") trata-se de uma história comum, nada de excepcional, talvez pelo fato de ter sido aliviada na produção pelo produtor, diretor e ator principal Clint Eastwood. A versão cinematográfica se preocupou mais em apresentar o então octogenário Leo Earl Sharp como um bom e inicialmente inocente velhinho, que começa a traficar drogas somente para pagar as contas e ajudar os amigos. Até o nome dele foi usado de outra forma no filme para ficar mais leve - ele é chamado apenas de Earl Stone.

El Tata (esquerda) e Clint Eastwood (Montagem)
"El Tata", como era conhecido o traficante Leo Sharp, antes de ganhar fama no mundo do crime, cultivava flores ornamentais, em especial lírios, e conseguiu criar espécies híbridas de variadas cores. Chegou a plantar flores no jardim da casa do presidente George W. Bush. Como veterano da Segunda Guerra Mundial foi condecorado com a Medalha de Bronze por seus serviços. Mas problemas financeiros teriam levado o idoso, então com 90 anos, amigo de todos, respeitado na comunidade e acima de qualquer suspeita a se envolver com o Sinaloa, cartel de drogas mexicano, onde acabou se tornando uma lenda como a mula mais velha e mais bem sucedida do tráfico, tendo transportado milhares de quilos de cocaína para os Estados Unidos.

No filme, Clint Eastwood deu uma aliviada em vários pontos da vida de Sharp, quase levando as pessoas a torcerem por ele de tão bonzinho ficou o personagem, esquecendo que era um criminoso. Não poderia ser diferente do homem que também viveu alheio à própria família por anos a fio, só se preocupava com as farras com os amigos e a boa vida que o dinheiro do tráfico passou a lhe proporcionar. Earl Stone tem uma postura humana, que demonstra arrependimento de muitas coisas e a necessidade de tentar consertar as relações com as pessoas que ama.

O traficante foi preso em outubro de 2011 no Estado de Michigan durante uma operação da Divisão de Narcóticos e permaneceu por três anos numa prisão federal, sendo libertado por uma questão humanitária (idade avançada). E mesmo a história confirmando que ele sempre usou sua velha caminhonete para o transporte da carga, o que não despertava a atenção da polícia, no filme, ao contrário, uma das primeiras coisas que Stone faz ao receber o primeiro pagamento é trocar a velha companheira de estrada por uma picape novinha preta extremamente chamativa.

O elenco desperdiça atores de peso como Bradley Cooper, que foi dirigido por Eastwood em "Sniper Americano" (2015) - ele faz o agente Colin Bates, da Divisão de Narcóticos que persegue Stone; Laurence Fishburne, como o chefe de Bates; Andy Garcia é Laton, chefão do tráfico (e pensar que ele já foi um sonho de consumo); Michael Peña, o agente Treviño, parceiro de Bates na polícia; Dianne Wiest é Mary, esposa de Earl Stone; Taissa Farmiga, como Ginny, neta de Earl, e Alison Eastwood no papel de Íris, única filha de Earl (ela é filha na vida real de Clint). Mas todos estão lá somente para compor a história, deixando o brilho para o protagonista.

As "adaptações" para o cinema da vida real do traficante levam a história mais para o lado dramático, quebrada por algumas situações de aperto, como os encontros com a polícia durante as viagens e a relação com os narcotraficantes, que respeitavam Stone por sua idade e sagacidade. "A Mula" é um bom filme, com alguns diálogos interessantes, mas nada de extraordinário, belas locações proporcionadas pelas viagens pelo interior dos EUA, trilha sonora bem escolhida, boa direção e ótima atuação de Clint Eastwood, que volta para a frente das câmeras após seis anos somente como diretor. Aos 88 anos, ele domina toda a trama com grande carisma, de dentro e de fora. Mas falta emoção à produção. Com certeza é dispensável o lencinho para assistir "A Mula".


Ficha técnica:
Direção e produção: Clint Eastwood
Produção: Malpaso Productions / Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Duração: 1h56
Gêneros: Drama / Biografia
País: EUA
Classificação: 16 anos
Nota: 3 (0 a 5)

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