08 abril 2019

"De Pernas Pro Ar 3" discute sucesso profissional e família, mas perde em humor para anteriores

Ingrid Guimarães está de volta como Alice, a empresária famosa de uma rede de sex shop que agora quer mudar de vida e se dedicar à família (Fotos: Morena Filmes/Divulgação)

Maristela Bretas


A parceria entre Ingrid Guimarães e a diretora Julia Rezende se repete em "De Pernas Pro Ar 3" para tentar obter o sucesso das duas produções anteriores. Apesar de atrair milhares de fás para os cinemas, a terceira comédia da atriz nesta franquia e a segunda da diretora não tem a mesma graça. Com um roteiro que optou pela discussão do sucesso profissional e a relação com marido e filhos, perdeu o ponto alto que é o humor.


Ingrid tem boas tiradas e se envolve em situações "delicadas", do tipo usar um óculos de realidade virtual para ter fantasias sexuais com Cauã Reymond. Mas não dá para dar gargalhadas, no máximo alguns risos. A história, como foi contada, pode decepcionar um pouco o público que for ao cinema para ver mais uma grande comédia de Ingrid Guimarães. No elenco, destaque cômico, como sempre destaque para Cristina Pereira, a empregada/babá da casa de Alice, muito divertida.


Em "De Pernas Pro Ar 3", Ingrid repete o papel de Alice Segretto, a empresária de sucesso que ganhou o mundo com sua rede de lojas Sexy Delícia. Durante uma turnê por vários países, anuncia sua saída da presidência da empresa e nomeia a mãe Margot (Denise Weinberg) para seu lugar. O objetivo é se dedicar à família, agradando principalmente o marido João (Bruno Garcia) e a filha pequena. 


O que Alice não imaginava era encontrar uma família completamente diferente e crescida. E o filho mais velho namorando todas. Para piorar, ela conhece a jovem Leona (Samya Pascotto), uma competidora com potencial para roubar a cena, a vida de Alice e a atenção de sua família.

Boa trilha sonora e locações, elenco entrega interpretações "certinhas", como se fosse o capítulo de uma novela, mas "De Pernas Pro Ar 3" fica a desejar. O que não irá impedir de ter uma ótima bilheteria, graças à presença de Ingrid Guimarães que é um show a parte.


Ficha técnica:
Direção: Julia Rezende
Produção: Morena Filmes / Paris Filmes / Globo Filmes
Distribuição: Downtown Filmes
Duração: 1h48
Gênero: comédia 
País: Brasil
Classificação: 12 anos
Nota: 3 (0 a 5)

Tags: #DePernasProAr3, #IngridGuimaraes, #entretenimento, #BrunoGarcia, #comedia, #MorenaFilmes, #DowntownFilmes, #ParisFilmes, #cinemaescurinho, @CinemaNoEscurinho

05 abril 2019

"Minha Obra-Prima", mais um filme argentino instigante e repleto de surpresas e suspense

Comédia reúne dois grandes atores - Luis Brandoni e Guilhermo Francella (Fotos: Eurozoom/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


De uma tacada só, o argentino Gastón Duprat coloca o espectador diante de temas tão sérios quanto abstratos como ética, arte, valores, amadurecimento, marketing, manipulação, amizade, hipocrisia. O filme em questão é "Minha Obra-Prima" ("Mi Obra Maestra"), e o diretor é relativamente conhecido do público brasileiro desde o inesquecível "O Cidadão Ilustre", de 2016. Dessa vez, ele vai um pouco mais longe, usando cinismo e suspense para contar a história de um artista plástico em fim de carreira.


Renzo Nervi (Luis Brandoni) é um velho pintor rabugento que já teve seus dias de glória, mas não consegue mais vender suas obras. Saiu da moda para a maioria dos apreciadores de arte. Menos para um discípulo que teima em aprender com ele, apesar dos seus métodos nada ortodoxos de ensinar, e para o marchand Arturo Silva (Guilhermo Francella), que insiste em recolocar as obras de Nervi no mercado. Detalhe: Nervi e Auturo são amigos há mais de 40 anos e se conhecem muito bem.


Os diálogos, inteligentes, dinâmicos e criativos são o grande trunfo de "Minha Obra-Prima" e ajudam a envolver o espectador, que vai colhendo e desfazendo pistas ao longo do filme que, a certa altura, se transforma em suspense. Brandoni e Guilhermo Francella atuam em sintonia perfeita e o jogo entre esses dois grandes atores merece todos os aplausos.


A personalidade sui generis de Renzo Nervi, revelada de forma quase histriônica pelo talento de Luiz Brandoni, numa interpretação irretocável, é, de certa forma, outra atração. Arrogante, exótico e egoísta, o pintor esbalda antipatia de uma forma tão peculiar que acaba por ganhar a simpatia do público, que começa a concordar com as atitudes extremas dele.


Surpreendente talvez seja a palavra que melhor define "Minha Obra-Prima" que, enquanto toca nas mazelas da arte, desnuda conceitos, critica a elite dita intelectual e coloca em xeque a importância e o valor do marketing nesses tempos de mídias poderosas e de celebridades em busca de fama e dinheiro a qualquer preço. O filme está em exibição na sala 1 do Belas Artes, sessões às 15h40 e 19h40.
Duração: 1h41
Classificação: 14 anos

Tags: #MinhaObraPrima, #GuilhermoFrancella, #LuisBrandoni, #comédia, #suspense, #obrasdearte, @cinemanoescurinho