18 abril 2019

"A Maldição da Chorona" ousa fugir do comum e fascina ao explorar o sensorial

Trabalhando luz e som, o diretor Michael Chaves aumenta o impacto das aparições da Chorona (Fotos: Scott Patrick Green/Warner Bros. Pictures)

Wallace Graciano


Poucos gêneros são tão previsíveis como o terror. A capacidade de explorar o psicológico dos espectadores parece ter uma limitação cada vez mais evidente, o que impede os amantes do estilo de acompanharem com afinco as novidades. Nos últimos anos, porém, há uma tentativa de romper com o comum e algumas surpresas, como “Annabelle 2”, trouxeram um alento aos cinéfilos. E uma das que pode seguir esse rumo é a “Maldição da Chorona” ("The Curse of La Llorona"), que estreia nesta quinta-feira (18) nos cinemas de todo país.


O filme é ambientado em Los Angeles, nos Estados Unidos, no início da década de 1970. Nele, Anna (Linda Cardellini), uma assistente social nada idealizada, cria seus filhos após a morte de seu marido. Porém, ao trabalhar em um caso de uma mãe que tentava esconder seus filhos, começa a ser atormentada por uma entidade sobrenatural: “La Llorona" (a Chorona).


Segundo o folclore popular mexicano, a Chorona, em vida, afogou seus filhos após ser traída pelo marido. Após perceber seu erro, jogou-se em um rio, se debulhando em lágrimas. Porém, sua alma ficou presa ao plano terreno e ela busca outras crianças para reparar seu mal. É aí que você deve estar pensando: “Poxa, mais um clichê que explora o vínculo intrínseco do espiritual com o carnal. Que falta de originalidade”. Sim, esse é um pecado da película. Talvez um dos poucos. Se por um lado não houve a busca por um personagem com um arquétipo menos estereotipado, por outro, a trama se desenrola sem prender-se aos recursos tradicionais do gênero.


Um exemplo é o corte das cenas. Michael Chaves, o diretor, não abusa de planos em que a antagonista esteja evidenciada para levar temor ao espectador. O sensorial é bem trabalhado durante a trama, sendo que o pânico não surge apenas do visual. A edição de som, por exemplo, conseguiu fazer com que o barulho de uma fechadura em determinada cena seja impactante e relevante à película.

Para além, há a exploração de variações de sons e imagens dentro de um mesmo plano-sequência, o que impede o expectador se preparar para o susto. Em um deles, por exemplo, crianças correm por um corredor esverdeado, com ruídos clamando pelo pior. Quando ele vem, a tensão ganha cores com a falta de som e luz.


O subjetivo da Chorona é outro ponto alto. Sua figura malévola ganha cor em diversos cenários, causando temor também pelas aparições metafísicas. O roteiro também foi bem desenrolado, com apresentação e desenvolvimento rápido e bem construído dos personagens. Até mesmo o Padre Perez dá seu "pitaco" no longa, nos convidando para "Annabelle 3", que deve estrear em julho. Ou seja, “A Maldição da Chorona” é muito além do comum que o gênero foi tomado, trazendo respiração presa e tensão aos amantes do terror.


Ficha técnica:
Direção: Michael Chaves
Produção: New Line Cinema
Distribuição: Warner Bros Pictures
Duração: 1h34
Gênero: Terror
Países: EUA
Classificação: 14 anos
Nota: 4 (0 a 5)

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17 abril 2019

Keanu Reeves brinca de Deus e clona mentes humanas em "Cópias - De Volta à Vida"

Suspense conta história de neurocientista obsecado que usa a própria como cobaia de suas experiências (Fotos: Replicas Holdings/Divulgação)

Maristela Bretas


Keanu Reeves ataca de neurocientista nada convincente que clona mentes de seres humanos mortos em "Cópias - De Volta à Vida" ("Réplicas"), filme que estreia nos cinemas nesta quinta-feira. Tirando algumas locações paradisíacas no início e no fim em Porto Rico, pouca coisa se aproveita desta produção confusa, cheia de buracos no roteiro e facilmente esquecível.


O elenco é tão fraco quanto a história, inclusive o "vilão", interpretado por John Ortiz (de "A Justiceira" e "Bumblebee", ambos de 2018), que teve o talento desperdiçado. Thomas Middleditch, como o assistente de Will Foster (papel de Reeves) serve de alavanca para jogar o foco para o protagonista (que se sai bem melhor em "John Wick - Um Novo Dia Para Matar" - 2017). O restante é só para compor cenário e apresentar a família.


Na história Will Foster é um neurocientista que desenvolve um projeto tecnológico para clonar a mente de humanos mortos para robôs. Após várias tentativas frustradas, uma tragédia vai mudar sua vida e fazer com que desafie todas as leis da natureza e do homem. Num grave acidente de trânsito ele perde toda a sua família e não aceita o destino. Ameaçado de ter sua pesquisa encerrada devido aos resultados ruins e obcecado em trazer de volta à vida sua família, ele brinca de Deus e usa a mulher e os filhos mortos de cobaias. A situação, no entanto, foge do controle e Will terá de fazer escolhas que vão mudar a vida de todos.


O tema de "Cópias - De Volta à Vida" até que não é ruim, só não foi bem trabalhado, Reeves parece deslocado do papel de marido, pai e cientista louco. Como se tivesse que fazer tudo rapidinho para acabar logo o filme e ir pra casa arrependido de ter dado um tiro no pé com esta produção. Falta carisma em todo o elenco. As cenas de ação são poucas, mas muito boas, assim como a trilha sonora. O final clichê e totalmente esperado é típico de romance de Nicholas Sparks. Fora isso, a produção é daquelas que você mal se lembra dos detalhes ao sair do cinema. Para os fãs do ator, não foi dos seus melhores trabalhos, mas distrai numa sessão da tarde.


Ficha técnica:
Direção: Jeffrey Nachmanoff
Produção: Lotus Entertainment / Fundamental Films / Di Bonaventura Pictures / Company Films
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h48
Gêneros: Suspense / Ficção científica
Países: EUA, Reino Unido, China, Porto Rico
Classificação: 14 anos
Nota: 2 (0 a 5)

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