07 julho 2020

Campanha #JuntosPeloCinema une setor e lança site e vídeo, enquanto as salas estão fechadas



Da Redação


Pela primeira vez no mercado brasileiro, exibidores, distribuidores, produtores, criativos e parceiros da indústria estão envolvidos em um projeto único com o intuito de preparar e implementar a retomada do cinema no Brasil, num movimento chamado #JuntosPeloCinema. É uma ação inédita que, respeitando a individualidade de cada empresa e mantendo a livre concorrência, busca ações para manter acesa a magia do cinema.

Colaborando desde final de março, o grupo de profissionais voluntários envolvidos no projeto tem como meta retomar o diálogo entre a experiência da sala de cinema e o público, de agora até o momento de reabertura das salas pelas autoridades, respeitando os protocolos aplicáveis de segurança e bem-estar já determinados ou em elaboração pelos governos locais.

Veja abaixo o vídeo, concebido pela agência e produtora La Unión, que estreia hoje. A campanha se inicia agora e segue pelas próximas semanas. Para acessar o site do movimento: https://www.juntospelocinema.com.br/.



A ideia nasceu dos profissionais que atuam no meio audiovisual visando auxiliar o segmento de mercado de exibição no Brasil a reencontrar seu público. As ações concretas são mediadas pela Flix Media, empresa especializada em comercialização de espaços publicitários no cinema.

Neste momento, o que importa é uma coisa: relembrar a experiência incomparável da exibição nas salas de cinema. Esse esforço coletivo e pro bono de mais de 200 profissionais do mercado em prol do cinema é fundado no propósito de oferecer um ambiente de segurança e bem-estar para o público e de preservar milhares de empregos ligados à indústria cinematográfica, do set de filmagem à sala de exibição.


E quando as salas de cinemas abrirem? O movimento #JuntosPeloCinema ainda irá ajudar a esclarecer as possíveis dúvidas dos espectadores, comunicará os filmes em cartaz ou a estrear e oferecerá um conteúdo muito especial: o Festival De Volta para o Cinema, idealizado pelo crítico, curador e apresentador Érico Borgo em parceria com distribuidores e exibidores, um projeto único na história do nosso cinema.

O Festival está programado para estrear junto com a reabertura das salas. Distribuidores nacionais e estrangeiros conseguiram os direitos e as cópias digitais de filmes que emocionaram os brasileiros. São clássicos, sucessos de bilheteria e crítica que integrarão comas estreias a programação de filmes nas duas primeiras semanas após a abertura. Uma pesquisa de opinião realizada pelo movimento apontou o interesse do moviegoer em rever filmes que marcaram a história do cinema.

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05 julho 2020

"22 de Julho" uma história real de superação vencendo o ódio e a intolerância racial

Produção é baseada no maior ataque terrorista da Noruega, ocorrido em 2011 (Fotos: Netflix/Divulgação)

Maristela Bretas


Triste, revoltante e envolvente. Este é "22 de Julho" ("22 July"), produção de 2018 da Netflix feita a partir do maior atentado terrorista ocorrido na Noruega em 2011. No massacre, 77 pessoas foram mortas e mais de 200 feridas em dois ataques - um a bomba na sede do governo em Oslo, e outro a tiros contra um grupo de jovens num acampamento na ilha de Utoya. Ambos feitos por um fanático de extrema-direita, contrário à política de igualdade social do governo.


Baseado no livro "Um de Nós: A História de um Massacre na Noruega e suas Consequências", de Asne Seierstad, "22 de Julho" recebeu a excelente direção do indicado ao Oscar Paul Greengrass ("Capitão Phillips"- 2013, "Voo United 93"- 2006). O filme parte da experiência real - física e emocional - vivida por um dos sobreviventes, sua luta para superar as sequelas do trauma sofrido e a busca por justiça contra o autor do massacre.


Viljar Hanssen (interpretado por Jonas Strand Gravli, da série "Ragnarok", também da Netflix) é um estudante de 18 anos que estava na ilha com o irmão e levou cinco tiros do terrorista. A partir dos atentados, a produção mostra sua longa trajetória de recuperação até o reencontro no tribunal com o autor do massacre, Anders Behring Breivik (vivido por Anders Danielsen Lie), um norueguês com ideais fundamentalistas cristãos e anti-islâmicos.


Segundo declarações do terrorista apresentadas no filme, ele escolheu os alvos por considerá-los "marxistas", jovens da elite que faziam parte da Liga da Juventude. O movimento estudantil era ligado ao Partido Trabalhista, que governava a Noruega e tinha uma política de acolhimento de imigrantes. Breivik não concordava com isso e considerava tudo uma conspiração para destruir os valores da sociedade.

O verdadeiro Anders Breivik e o ator Anders Danielsen Lie,
que o interpreta no filme (Reprodução Internet)

Paul Greengrass é bem meticuloso, assim como o terrorista, contando cada detalhe da preparação dos atentados até o ataque. Tudo começa com explosão da bomba na sede administrativa do Governo, no centro da capital Oslo. Na sequência, o assassino, disfarçado de policial, segue para a ilha de Utoya onde mata dezenas de jovens com tiros de metralhadora. O estudante Viljar está com o irmão mais novo e alguns amigos participando do acampamento e se torna um dos alvos durante a fuga.


As cenas da caçada aos jovens e do massacre são bem violentas e causam revolta com o desprezo de Breivik pela vida humana. Ele é frio, sádico e tem plena consciência do que está fazendo. Durante todo o processo tenta manipular a opinião pública e até mesmo seu advogado de defesa, em favor de sua causa extremista.

O diretor também aproveitou bem as belezas naturais da Noruega, como as florestas bem verdes da região onde o terrorista morava e a mata da ilha de Utoya, palco do maior massacre. As montanhas cobertas de neve no inverno foram o fundo escolhido para a solidão de Viljar.


"22 de Julho" é uma produção feita pelos EUA, Noruega e Islândia e foi rodada no idioma inglês, apesar de todos os atores serem noruegueses, a maioria desconhecidos, mas que cumpriram bem seus papéis. O longa serve de alerta para o crescimento, em todas as partes do mundo, dos movimentos radicais extremistas, que pregam a intolerância racial, o nazismo, o fascismo e a violência, especialmente contra as mulheres. Vale a pena ser conferido.

Outra produção

Também em 2018 foi lançada outra produção sobre o mesmo tema, desta vez totalmente norueguesa, "Utoya: 22 de Julho", dirigida por Erik Poppe. A história é encenada num único plano sequência, pelo ponto de vista da personagem Kaja (interpretada por Andrea Berntzen), que brincava com a irmã minutos antes do ataque ao acampamento na ilha de Utoya. Mas por ter escolhido essa opção de filmagem, o diretor deixa de lado explicações importantes sobre o atentado, tornando a produção bem fraca em conteúdo.


Ficha técnica:
Direção, roteiro e produção: Paul Greengrass
Exibição: Netflix
Duração: 2h24
Classificação: 16 anos
Gêneros: Ação / Drama
Países: Noruega / EUA / Islândia
Nota: 4 (0 a 5)

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