06 agosto 2020

"Difícil É Não Brincar" é selecionado para o Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo

Produção mineira registra a infância em três distritos do interior de Minas Gerais (Fotos: Eliane Gouvêa/Divulgação)


Da Redação


A produção mineira "Difícil É Não Brincar", da diretora Papoula Bicalho, foi selecionada para o 31º Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo, que acontece entre 20 e 30 de agosto, na Mostra Infanto-Juvenil. O filme é dos seis mineiros selecionados entre 3.056 inscritos na premiação.

O curta registra a infância em três distritos do interior de Minas Gerais pertencentes aos municípios de Congonhas e Ouro Preto, onde a produção de minério é a principal atividade econômica. Entre minas e minérios, crianças brincam e revelam seus sonhos e pesadelos, apostando que até nas adversidades, difícil mesmo é não brincar.

Dar voz às crianças é o principal objetivo do filme. “Meu desejo era torná-las protagonistas, narradoras e produtoras das sequências. A brincadeira foi o modo de obter isso de forma espontânea e criativa”, conta Papoula Bicalho, que concebeu e dirigiu o filme. “Quando as crianças brincam, liberam o seu imaginário e mostram de forma sensível os desejos, sonhos e pesadelos que as animam ou afligem. Você passa a ver a criança sem as máscaras impostas por certa cultura ou religião, pela família, por hábitos e costumes. Elas estão ali, inteiras, inventivas”.


Ambientado nesse universo lúdico das brincadeiras da infância, o enredo traz à tona várias nuances desta fase da vida e levanta questões pessoais e sociais que as crianças enfrentam: as inseguranças, a adaptação a diferentes realidades das comunidades, os sonhos que dividem espaço com incertezas do futuro e as delícias de ser criança e poder, mesmo nas adversidades, inventar mundos possíveis, brincando.

Participaram das filmagens mais de 90 crianças de Miguel Burnier e Comunidade do Mota (distrito e sub-distrito de Ouro Preto) e Lobo Leite (distrito pertencente a Congonhas). Os pontos de partida para a construção do enredo foram provocações e desafios que pudessem resultar em brincadeiras e depoimentos significativos para desvendar anseios, intimidações, prazeres e desejos que se apoderam dessas crianças no dia-a-dia. “O narrador do filme é a ação delas em meio aos colegas, amigos e à paisagem dos locais onde vivem”, explica Papoula Bicalho.


O curta contou com direção de produção de Janice Miranda, apoio institucional do Museu de Congonhas, parceria com a comunidade escolar dos distritos onde foram feitas as filmagens e realização da Luz Comunicação, com patrocínio da Gerdau.

Link para o teaser:

Ficha técnica:
Direção, concepção, roteiro, trilha e montagem
: Papoula Bicalho

Assistência de direção: Bruno Madeira, Zé Paulo Osório
Direção de produção: Janice Miranda
Produção: Fabrício Kent, Nathália Rezende Santos, Valdirene Andrade
Captação de imagem e som: Eliane Gouvêa, Papoula Bicalho, Rodrigo Gouvêa, Zé Paulo Osório
Tratamento e masterização de som: André Cabelo
Transporte: Edgard Magalhães, João Batista De Magalhães

Tags: DifícilÉNãoBrincar, FestivalInternacionalDeCurtasMetragensDeSãoPaulo, curta-metragem, produçãomineira, Papoula Bicalho, OuroPreto, Congonhas, crianças, brincadeiras, cinemanoescurinho

05 agosto 2020

"Okja" - Uma porca tamanho família que vale ouro

Filme mostra a amizade pouco comum entre uma criança e um animal e a luta pela preservação dele (Foto Netflix/Divulgação)

Silvana Monteiro


Se você ama animais e é ao menos simpatizante da luta em defesa e proteção deles, "Okja" vai te encantar. O filme é dirigido pelo premiado Bong Joon-Ho (de "Parasita" - 2019) e coescrito por Bong e Jon Ronso. O elenco conta com estrelas como por Jake Gyllenhaal, Tilda Swinton, Paul Dano, Giancarlo Esposito e a jovem e talentosa atriz sul-coreana Ahn Seo-hyun, que faz toda a diferença, A produção competiu pela Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes, em 2017. 

Mija (Ahn Seo-hyun) é uma camponesa órfã que vive com o avô em uma fazenda isolada. Eles criam uma porca gigante, tratada pela menina como um membro da família. É a única companhia fiel e ideal para o banho no lago, para a pesca, o soninho da tarde, ou simplesmente deitar e rolar sobre a grama. É no doce e penetrante olhar que Okja transmite ao público seus sentimentos mais profundos desde a amizade sincera ao medo por seu futuro.


Entretanto, mal sabe ela que por trás daquele animal fofo e molengo feito gelatina há uma realidade dura e cruel. Uma empresa norte-americana, comandada por Lucy Mirando/Nancy Mirando (Tilda Swinton interpreta dois papéis), explora, altera geneticamente e vende até a alma de cada animal. A gigantesca porca carrega no corpo um chip rastreador com todo o seu histórico de vida e saúde, e vai ser usada como o troféu desse projeto.

A fotografia do filme é muito impactante. As cenas em que Mija vira uma leoa para defender seu bichinho de  estimação e viaja sozinha para a sede da empresa são as mais fortes do filme. 


Outro ponto crucial do enredo é quando a menina e a porca sofrem um rapto do bem, comandado pelos ativistas da Animal Liberation Front (em tradução livre "Frente de Libertação Animal"). A partir desse ponto, tudo pode mudar. Mija ainda vai sofrer um duro golpe até entender que o que vale para os empresários é dinheiro. E pela vida de sua tão amada Okja ela está disposta a tudo, até mesmo trocar um valioso tesouro.


Jake Gyllenhaal tem uma atuação brilhante como o Dr. Johnny Wilcox, um falso amante dos animais e capacho de Lucy Mirando. A trama tem um desfecho surpreendente, daqueles que fazem qualquer um se emocionar. Se prepare para ver de cenas fofas, bem humoradas a momentos dolorosos, de fazer soluçar e inchar os olhos. Dê um start e veja até onde vai a força feminina de uma garotinha que parece, só parece, indefesa.


Ficha técnica:
Direção e roteiro:
Bong Joon- Ho
Exibição: Netflix
Duração: 1h58
Classificação: 14 anos
Países: Coréia Do Sul / EUA
Gêneros: Aventura / Ficção / Drama


Tags: Okja, Netflix, BongJoon-Ho, JakeGyllenhaal, TildaSwinton, sensibilidade, família, exploração animal, consciência ambiental, veganismo, defesa animal, força feminina, ativismo socioambiental, cinemanoescurinho, cinemaescurinho