17 agosto 2020

"7500" aposta na fórmula tensão e suspense durante o sequestro de um avião

Joseph Gordon-Levitt é o negociador que tenta evitar o sequestro de seu avião e a morte de passageiros e tripulação (Fotos: Universum Film/Divulgação)

Maristela Bretas


Centrado no drama claustrofóbico vivido pelo copiloto Tobias Ellis, papel de Joseph Gordon-Levitt ("Entre Facas e Segredos" - 2019 e "A Travessia" - 2015), "7500" é um suspense de pouco mais de 90 minutos de duração, mas que parecem horas, tamanha a tensão. Especialmente por toda a ação ocorrer na cabine de um voo entre Berlim e Paris, envolvendo apenas três personagens na maior parte do tempo. A produção também não tem uma trilha sonora impactante e os efeitos visuais são limitados, além de atores pouco conhecidos (exceto Gordon-Levitt).


A produção original da Amazon Prime Video é boa, mas o ambiente pequeno e fechado incomoda profundamente a quem assiste. Talvez tenha sido a forma encontrada pelo diretor Patrick Vollrath para envolver mais o espectador na trama. Logo após decolar de Berlim, um grupo de radicais islâmicos consegue dominar a tripulação e matar o piloto antes que a porta da cabine fosse trancada pelo copiloto.


Em seu pequeno espaço, por meio do código aéreo internacional 7500 (sequestro de avião), Tobias avisa às autoridades o que está ocorrendo e é orientado a levar a aeronave para um aeroporto próximo. E, em hipótese alguma, deve abrir a porta da cabine. Ao mesmo tempo, ele é pressionado pelos terroristas para que os deixe entrar e dominar o avião ou pessoas serão mortas. Pela tela do monitor de segurança dentro da cabine, o copiloto assiste os sequestradores cumprirem a promessa, matando passageiros e tripulantes.



O filme foca no drama de Tobias: aceitar as condições dos terroristas e entregar o avião ou salvar centenas de pessoas, pousando a aeronave em segurança e deixando a polícia cuidar de tudo? "7500" lembra em situações mostradas em sucessos como "Voo United 93" (2006), dirigido por Paul Greengrass (o mesmo de "22 de julho" e a franquia Bourne), porém sem o mesmo impacto emocional do atentado do 11 de setembro.




Levitt entrega uma boa interpretação do copiloto americano que trabalha para uma companhia aérea alemã e é casado com uma tripulante. O elenco conta ainda com Omid Memar, que faz o jovem terrorista Vedat, Aylin Tezel (comissária Gókce), Carlo Kitzlinger (piloto Michael Lutzmann), Murathan Muslu (sequestrador Kinan) e outros ainda menos conhecidos.


No início paciente e usando um tom de voz pacificador, Tobias tenta negociar com os sequestradores, mas à medida que a tensão vai crescendo, ele precisa tomar uma decisão. Até então bem tensa, a história sofre uma mudança e cai na solução clichê que o cinema já explorou muito - o copiloto explora a fraqueza de Vedat, o mais assustado dos sequestradores, que não está muito convicto de que é certo o que os demais querem fazer.

Tudo o que vem a partir daí é bem esperado, mas não tira o mérito do filme. Para quem não se incomoda com ambientes reduzidos e fechados, "7500" é um bom filme, bem tenso, mas sem grandes novidades ou surpresas.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Patrick Vollrath
Exibição: Amazon Prime Video
Duração: 1h32
Classificação: 14 anos
Países: Alemanha e Áustria
Gêneros: Drama / Suspense
Nota: 3 (0 a 5)

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13 agosto 2020

“Maudie – Sua Vida e Sua Arte” revela com sensibilidade a força da pintora canadense

Sally Hawkins apresenta uma artista sofrida por seus defeitos físicos e limitações, mas de grande talento (Fotos: Sony Pictures/Divulgação)

Mirtes Helena Scalioni


Quando querem ser muito edificantes, exagerando nas tintas na hora de focalizar o sofrimento do personagem, histórias de superação costumam ser óbvias e até chatas. Talvez até para valorizar mais o momento em que ele ou ela alcançam algum êxito ou reconhecimento, filmes e livros com esse tema acabam caindo nessa armadilha. Esse não é o caso de “Maudie – Sua Vida e Sua Arte”, cinebiografia conjunta de Irlanda e Canadá sobre a artista plástica Maudie Dowley. Com direção de Aisling Walsh, o longa, em exibição na Netflix, emociona e envolve, apesar dos muitos e difíceis obstáculos vividos pela protagonista.


Estrelado por Sally Hawkins, muito elogiada por “A Forma da Água” (2018), ela faz uma Maudie sofrida por seus defeitos físicos e limitações, mas ao mesmo tempo honrada. O filme permite um bate-bola produtivo e comovente da atriz com Ethan Hawke, que interpreta o brutamonte Emery Allen, com quem ela vive. A história praticamente se resume ao encontro dos dois, que tentam construir uma vida juntos apesar das muitas barreiras que os separam. Além do casal, estão no elenco, em papéis menores, Gabrielle Rose como a Tia Ida e Kari Matchett como Sandra.


A artista plástica Maudie Dowley nasceu em 1903 na Nova Escócia, no Canadá, teve uma vida de muita pobreza e dificuldades, e tinha um talento para a pintura que não cabia dentro dela. Mesmo sofrendo de uma artrite reumatoide que limitava seus movimentos de mãos e pernas, a arte pulsava no seu corpo de uma forma quase compulsiva. E essa força, esse desejo irrefreável de desenhar, retratar, pintar, dar cor e vida a pássaros, peixes e paisagens é que fazem diferença no filme, prendendo o espectador com muito interesse até o fim. É como se a arte fosse um sopro de esperança.

Pode até acontecer de alguém ficar incrédulo diante de tanta força, apesar da pobreza, das dificuldades e do abandono. Mas a mão certeira do diretor e as atuações convincentes dos atores não deixam dúvidas sobre o poder da arte na vida dessa mulher que morreu em 1970. Ao final do filme, é inevitável uma busca na internet para pesquisar o nome de Maudie Dowley. Só isso vale o filme.


Ficha técnica:
Direção:
Aisling Walsh
Exibição: Netflix
Duração: 1h56
Produção: Sony Pictures
Classificação: 12 anos
Países: Irlanda / Canadá
Gêneros: Biografia / Drama / Romance


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