12 dezembro 2020

“O Gambito da Rainha” até agrada, mas pode cansar como assistir a uma demorada partida de xadrez

 

Minisérie, em exibição na Netflix, está na 1ª temporada com sete episódios e é ambientada entre as décadas de 1950 e 1960 (Fotos: Netflix)

Mirtes Helena Scalioni


Desde que foi lançada em outubro, tornando-se o maior sucesso da Netflix, o que mais se ouve em relação a “O Gambito da Rainha” ("The Queen’s Gambit") é: “não é preciso entender de xadrez para gostar da série”. Verdade. A trajetória da órfã Elizabeth Harmon (Anya Taylor-Joy), desde que foi entregue a um orfanato até se tornar uma campeã de xadrez, é capaz sim de despertar o interesse dos espectadores, até porque não se trata de uma menina qualquer.

 
Deixada no orfanato depois que sua mãe morreu em um acidente de carro quando ela tinha nove anos, Beth Harmon sofre com lembranças e traumas. É neste período que ela começa a aprender xadrez até se revelar uma criança-prodígio nesse jogo, reservado praticamente só aos homens na década de 1950. Enquanto a menina – e depois a jovem - revive seu passado, vai revelando ao público o que a faz ter tantos problemas e feridas não cicatrizadas. 


Para quem não sabe, “gambito” é uma manobra de xadrez que consiste em driblar o adversário entregando a ele uma peça importante do jogo para, logo à frente, conseguir vantagens. Claro que o jogo é também uma metáfora da vida sofrida de Beth que, além de ser única num universo dominado por homens, faz uma personagem complexa e contraditória, cheia de vícios e, muitas vezes, disposta à autodestruição.


Cenários e locações deslumbrantes nos Estados Unidos, no México, na França e na União Soviética, também ajudam, assim como os figurinos, impecáveis, que acompanham o crescimento da personagem dos nove aos vinte e poucos anos, do sisudo uniforme do orfanato à leveza dos godês de cinturinha fina até chegar às saias acima dos joelhos. As décadas de 1950 e 1960 estão muito bem representadas no longa. Uma curiosidade: o filme foi adaptado do romance homônimo escrito em 1983 por Walter Tevis.


Além da performance de Anya Taylor-Joy, que enfeitiça o público e cria mistérios com olhares e uma expressão corporal perfeita, há que se destacar a atuação de Marielle Heller como Alma Wheatley, a mãe adotiva de Beth, responsável pelos momentos mais ternos, afetuosos e humanos do longa. Um truque talvez da direção de Scott Frank e Allan Scott para aliviar o olhar do espectador cansado de tantos tabuleiros, bispos, cavalos, torres e partidas. 


Conta-se que a produção de “O Gambito da Rainha” fez questão de contratar profissionais de xadrez como consultores para garantir a realidade dos jogos. Nada, nenhum lance ou deslocamento de peça no tabuleiro é aleatório. Pode ser. O que cansa, na verdade, é o número exagerado de partidas. Quando não está jogando em torneios e campeonatos, Elizabeth está treinando, lendo sobre o jogo ou brincando de jogar com os amigos. Chega a ficar repetitivo.

É certo que, como já foi dito, ninguém precisa entender de xadrez para apreciar a série. Mas é certo também que parece inverossímil alguém levar a vida jogando ou só pensando no jogo dia e noite. Beira o fanatismo. E vai ver que é.


Ficha técnica:
Direção:
Scott Frank e Allan Scott
Exibição: Netflix
Duração: média 60 minutos por episódio (1ª Temporada - 7 episódios)
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: Drama / Série

Tags: #OGambitoDaRainha, #NetflixBrasil, #drama, #xadrez, #AnyaTaylor-Joy, #MarielleHeller, #minisérie, @CinemanoEscurinho

11 dezembro 2020

Espaço do Conhecimento UFMG lança hoje o documentário "Inconfidências" sobre a mineração nas Gerais

Produção será disponibilizada no Youtube e em breve exibida no Planetário do Museu (Reprodução/Espaço do Conhecimento UFMG)
 

 Maristela Bretas

 
Sob a direção do professor Maurício Gino, da Escola de Belas Artes, e produção da equipe de Audiovisual do Espaço do Conhecimento UFMG, será lançado nesta sexta-feira (11), no canal de Youtube, o documentário "Inconfidências". O filme propõe uma reflexão sobre a atividade mineradora no Estado de Minas Gerais e seus impactos ao longo dos anos.

Por causa da pandemia de Covid-19, o lançamento do documentário será disponibilizado a partir das 18h30, como parte da comemoração virtual dos dez anos do Espaço do Conhecimento UFMG, que se encerra no dia 12 de dezembro. A programação completa está disponível em https://www.ufmg.br/espacodoconhecimento/acontece/10anos/

Foto: Valéria Amorim

A partir das 19h30 haverá uma roda de conversa sobre o filme com a participação dos seguintes convidados: professoras Cláudia Mayorga, Pró-Reitora de Extensão da UFMG e Sara del Carmen Rojo de la Rosa (FALE/UFMG); professor Fabrício Fernandino, diretor do Centro Cultural UFMG, e Paulo Henrique Silva, jornalista, crítico de cinema e ex-presidente da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). A mediação ficará a cargo do professor André Mintz (EBA/UFMG). 
 
O filme e a roda de conversa estarão disponíveis no canal do Espaço do Conhecimento UFMG no Youtube pelo link www.youtube.com/espacoufmg.

A produção

 

Sobre a parte técnica, o diretor Maurício Gino explica que para a produção de algumas imagens de "Inconfidências" foi usada uma lente olho de peixe, que dão o formato arredondado ao vídeo. As demais foram feitas com câmera 360 e objetivas normais. Como na sequência de fotos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo.
 
 
Foto: Valéria Amorim

O vídeo contou com a colaboração da fotógrafa Valéria Amorim que acompanhou por anos o desastre da Samarco e cedeu as fotos de seu trabalho. A equipe de Audiovisual do Espaço do Conhecimento UFMG fez a adaptação para fulldome. De acordo com o diretor, a escolha desse formato foi para que o filme seja veiculado em telas hemisféricas como a do Planetário do Espaço do Conhecimento UFMG.

Com o distanciamento social imposto pela pandemia de Covid-19, o vídeo precisou ser adaptado para a mídia plana. "Assumimos a deformidade da imagem, necessária ao planetário, mas por outro lado pudemos trabalhar com a textura da tela plana e inserimos uma janela com interpretação em Libras, o que não tem na versão do planetário", explicou Maurício Gino.
 


A produção começou no segundo semestre de 2019 com a gravação dos depoimentos dos entrevistados. O cronograma previa a gravação das imagens de cobertura de diversas localidades do Estado em janeiro e fevereiro de 2020, com o lançamento do vídeo no final de março. As fortes chuvas no início do ano atrasaram as expedições. 
 
Mas foi a pandemia que mais dificultou a produção, adiando a estreia no planetário neste ano. "Por outro lado, foi um desafio para que pudéssemos editar com as imagens que tínhamos em mãos e nos instigou a pensar em alternativas ao lançamento do filme no planetário, que está fechado em decorrência das medidas sanitárias. Essa versão para qual pensamos o filme será lançada quando possível, e contribui para a imersão do espectador não apenas no tema do documentário, como também nas diversas paisagens representadas”, concluiu o diretor.
 

O vídeo contou com o apoio do Sindicato dos Professores de Universidades Federais (APUBH-UFMG), por meio do Edital Arte e Cultura, e foi produzido no Espaço do Conhecimento UFMG para veiculação no Planetário do Museu.
 


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