10 setembro 2021

"Maligno" é aterrorizante, instigante e um dos melhores filmes de terror do ano

Annabelle Wallis é a jovem Madison, que tem visões de crimes brutais cometidos por uma entidade ligada a seu passado (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Maristela Bretas


Aquele terror que faz você ficar grudado na cadeira do cinema, um roteiro exemplar, uma entidade assustadora em todos os sentidos. Tudo isso num só filme - "Maligno" ("Malignant"), em cartaz nos cinemas, sob a direção de James Wan, responsável por sucessos como (“Aquaman” - 2018 e “Velozes & Furiosos 7” - 2015). 

O longa é estrelado por Annabelle Wallis, que parece estar gostando do gênero terror, tendo participado de “Annabelle” (2014), “A Múmia” (2017) e, mais recentemente, da ficção "Mate ou Morra" (2021). 


Em "Maligno", ela entrega uma ótima interpretação de Madison uma mulher que tem visões de assassinatos brutais que ocorrem em outros lugares, com pessoas desconhecidas. A situação piora quando os sonhos dos crimes passam a ocorrer durante o dia e intrigam a polícia. Ajudada por sua irmã Sidney (papel de Maddie Hasson), ela suspeita que o assassino possa estar ligado a seu passado desconhecido.


Claro, não poderia faltar a casa velha com aspecto de mal assombrada, a neblina e as luzes piscando anunciando a chegada do mal e os ambientes escuros - porque as pessoas insistem em andar pela casa sem acender a luz, só para serem atacadas nos filmes.

 "Maligno" tem uma vantagem sobre outras produções do gênero - as cenas de terror também acontecem durante o dia, nos lugares mais inesperados. E são ótimas, não perdem o impacto por ocorrerem em ambientes iluminados.


A violência nos ataques da entidade podem chocar aqueles de estômago mais fraco, o sangue corre solto e escorre pelas paredes, mas as sequências das cenas prendem do início ao fim. O roteiro é bem amarrado, fazendo as conexões necessárias para que o público entenda o que está acontecendo. Mesmo quando as explicações são óbvias e, às vezes, podem parecer desnecessárias. Mas não são.

O elenco conta ainda com George Young, Jacqueline McKenzie, Jake Abel e Ingrid Bisu (no papel da perita forense), que atuou também em “Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio” (2021) e a “A Freira” (2018), além de ser uma das roteiristas do longa, juntamente com James Wan e Akela Cooper.


James Wan dá um show de direção. Ele literalmente passeia pelos espaços da casa de Madison, com destaque das imagens feitas de cima para baixo, permitindo ao público enxergar o ambiente como num labirinto, à espera do ataque da entidade. Nos outros locais de ataques, a preocupação com os detalhes nos cenários chama a atenção, como no subterrâneo de Seattle, ou acompanhando as vítimas pelos cômodos de suas casas.

O jogo de câmera é perfeito, os efeitos visuais usados na entidade e nas mudanças de cenários durante as visões de Madison, bem como a, fotografia e a maquiagem são uma aula da equipe de produção de Wan, que já participou de outros filmes do gênero, como "Invocação do Mal 2" (2016) e "Sobrenatural: A Última Chave" (2018).


Sem contar a ótima trilha sonora (que pode ser conferida no Spotify) composta por Joseph Bishara, responsável por todos os sete filmes da franquia "Invocação do Mal", iniciada em 2013. Ele compôs ainda a trilha de "The Prodigy" (2019), que no Brasil recebeu também o nome de "Maligno".

Enfim, uma produção que reúne várias influências aplicadas pelo diretor e sua equipe em outros longas, mas que funcionam bem e dão um ritmo que agrada. Vale muito a pena ser conferido.


Ficha técnica:
Direção: James Wan
Roteiro: James Wan, Akela Cooper e Ingrid Bisu
Distribuição: Warner Bros. Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h51
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: Terror /Suspense
Nota: 4,5 (de 0 a 5)

06 setembro 2021

"O Bom Doutor" - uma boa opção para quem gosta de comédia

O veterano ator Michel Blanc e o comediante e youtuber Hakim Jemili formam a dupla principal desta produção francesa (Fotos: Pandora Filmes/Divulgação)


Jean Piter Miranda


É véspera de Natal em Paris. O experiente médico Serge Mamou-Mani (Michel Blanc) segue de plantão, rodando com seu carro, esperando os chamados de urgência. Entediado, mal humorado e um tanto alcoolizado, ele sofre um acidente e fica incapacitado de fazer os atendimentos. 

Sem ter o que fazer, e pra não perder o emprego, ele coloca o jovem entregador de comida Malek Aknoun (o youtuber Hakim Jemili) para atender os pacientes em seu lugar. Essa é a história de “O Bom Doutor” (2021), comédia francesa que estreia nesta quinta-feira (9) nos cinemas.


À primeira vista, é meio estranho se localizar no filme. Um médico que atende chamados em casa? E não se trata de serviço público. É um atendimento particular que tem que ser pago ao fim da consulta. Não é algo comum aqui no Brasil. Então, bate aquele estranhamento. “Será que é assim mesmo na França?”. Passados os primeiros minutos, dá pra ir se ambientando.

Serge é um sujeito ranzinza, até meio grosseiro. Mas dá pra simpatizar com ele. Trabalhar em uma véspera de Natal na Cidade Luz? Não tem como ficar de bom humor, né? Só que essa indisposição vai se agravando e logo chegam reclamações sobre a conduta do médico. Ou seja, ele não pode mais pisar na bola, se quiser manter o emprego.


Mas há algo mais sobre o médico, não é só tédio e mal humor. Tem tristeza no meio. Uma história que Serge ainda não superou. E ele vai ter que lidar com isso também. Tudo na mesma noite. Tudo fica bem confuso após o acidente que o impossibilita de andar. 

Entra em cena Malek, um jovem entregador de comida de aplicativo, um cara cheio de energia, boa vontade e otimismo. Os dois acabam formando uma dupla pouco convencional e é aí que começam as cenas engraçadas. 


Malek com fone auricular vai ao encontro dos pacientes, recebendo orientações de Serge, que fica no carro. E logo vem um, vem outro, e mais outro atendimento. Tudo correndo sem nenhum problema. E, claro, dá pra saber que uma hora as coisas vão dar errado. Cada vez mais surgem situações cômicas. Um humor diferente das comédias produzidas por Hollywood, com humor e um lado humano. É engraçado, mas nem todo mundo vai rir.


É evidente que Serge e Malek, mesmo apesar das diferenças, vão desenvolver uma amizade. Tudo se desenrola de forma natural, sem forçar a barra. Tem um pouco de drama e ainda sim o filme é bem leve. Dá pra rir e se entreter. As atuações são boas. Há apenas um ponto no roteiro que pode incomodar: ele força a barra para vender o aplicativo Uber como sonho profissional. Tirando isso, o restante é bom. Vale o ingresso. 


Ficha técnica:
Direção: Tristan Séguéla
Exibição: nos cinemas
Distribuição: Pandora Filmes
Duração: 1h30
Classificação:
País: França
Gênero: comédia