19 dezembro 2021

"Homem-Aranha - Sem Volta Para Casa" é divertido, nostálgico e o melhor da trilogia com Tom Holland

Filme traz o personagem mais maduro, assumindo seu papel de herói e enfrentando o Multiverso do Doutor Estranho (Fotos: Marvel Studios)


Maristela Bretas e Jean Piter Miranda


O melhor filme da trilogia interpretada por Tom Holland, o super-herói mais jovem dos Vingadores. Esta é a minha opinião sobre "Homem-Aranha - Sem Volta Para Casa" ("Spider-Man: No Way Home") em cartaz nos cinemas de todo o pais. "Tom Holland está incrível, entrega sua melhor atuação. Ator e personagem amadureceram juntos e ficou ótimo. Ele deixou de ser o garoto que tinha medo se ser herói para assumir seu destino", diz meu amigo e colaborador Jean Piter, que também participa dessa crítica..


É lindo também ver Tom Holland formando o par romântico com Zendaya e lutando juntos nas batalhas contra os vilões. A química entre os dois é muito maior e melhor do que a mostrada em "Duna" (pelo menos no primeiro filme), ao lado de Timothée Chalamet. Ela entrega uma MJ simpática e carismática, seja contracenando com o herói ou com Jacob Batalon, no papel de Ned Leeds, o fiel amigo chiclete que nunca desgruda do casal. Um trio verdadeiramente nerd que agrada.


O terceiro filme do Homem-Aranha está atraindo milhares de fãs. Nas sessões de pré-estreia não foram poucos aqueles que se fantasiaram de "Miranha", como é chamado por muitos fãs. Camisetas com as mais diversas estampas dominaram as salas. 

E essa ansiedade continua a mesma, dias depois com os fãs na entrada. E é bom mesmo porque ninguém sai decepcionado da sessão. A sensação que dá é de que valeu a pena esperar e o fillme atendeu muito ao que era esperado!

Além de Tom Holland e Zendaya, o elenco conta novamente com a participação de outros conhecidos da franquia, como Marisa Tomei (tia May) "que ganhou mais espaço neste filme e brilhou", afirma Jean Piter, fã de carteirinha da atriz. Cabe a ela ajudar o sobrinho "aranhudo" a avaliar sua postura diante da vida e das responsabilidades que precisa assumir.


Outro essencial a toda a trama é Benedict Cumberbatch, que também faz uma atuação impecável como Dr. Estranho. Consegue ser um tiozão disposto a puxar a orelha do jovem e impetuoso Homem-Aranha. Mas também tem seus momentos de afagos e de comentários sarcásticos. Ele dará o tom do que podemos esperar para seu próximo filme solo, "Doutor Estranho no Mutiverso da Loucura", previsto para estrear em maio de 2022. 


Difícil falar sobre este terceiro filme do "amigo da vizinhança" sem dar spoiler. A cada cena surge uma surpresa que leva os fãs ao delírio. O multiverso da Marvel, onde tudo é possível, brinca com a nostalgia e com a cabeça do público, que está ansioso desde que começaram a ser divulgados os primeiros trailers do filme apresentando vilões do passado, fora do universo da Marvel, com seus atores originais. 


O que esperar de um filme que reúne Duende Verde (Willem Dafoe), Doutor Octopus (Alfred Molina), Homem Areia (Thomas Haden Church), Lagarto (Rhys Ifans) e nada menos que Electro (Jamie Foxx)? Com isso, criou-se a expectativa de ver juntos os três aranhas que passaram pelos cinemas: Tobey Maguire, Andrew Garfield e Tom Holland. 


O diretor Jon Watts ("Homem-Aranha: de Volta ao Lar" - 2017 e "Homem-Aranha: Longe de Casa" - 2019) soube explorar bem a computação gráfica. Os efeitos especiais são ótimos, as cenas de ação, de luta corporal, explosões e destruição estão muito realistas, completa Jean Piter. 

A trilha sonora não fica para trás, entregue aos cuidados do premiado Michael Giacchino (compositor dos outros dois filmes do Homem-Aranha, das franquias "Jurassic World" - 2015 e 2018 - e "Planeta dos Macacos" 2013 e 2017; de animações como "Viva - A Vida é Uma Festa" - 2017, "Divertida Mente"- 2015, "Os Incríveis 2" - 2018 e dezenas de outros sucessos.


E mesmo com muita ação, um dos pontos fortes foi a emoção: Peter Parker terá de fazer escolhas que vão interferir em sua vida e na de todos ao seu redor. Especialmente após ter tido sua identidade revelada por Mysterio (Jake Gyllenhall) no segundo filme. A partir daí, ele passa a ser perseguido pela morte do alienígena e seu maior acusador é o jornal Clarim Diário, dando início a história deste filme. 


Tratado por alguns como herói e por outros como vilão, Peter pede ajuda ao Doutor Estranho para que use magia e faça com que todos esqueçam sua identidade. Mas o feitiço dá errado e vilões de outras versões são atraídos para a dimensão do atual Homem-Aranha.

 Agora, Peter não só terá de deter estes monstros como fazer com que voltem para seu universo original. E a todo o momento há sempre alguém que aparece para lembrá-lo de que "com grandes poderes vêm grandes responsabilidades".


Crossover e continuações

Vale destacar também a animação de 2019 “Homem-Aranha no Aranhaverso” (2019), que trouxe seis versões do herói, todas juntas em um mesmo universo. Estória que também ganhou um série de quadrinhos. Isso reforçou a possibilidade de um crossover, os três universos se interligando. Algo jamais visto na história do cinema. 

Até agora, foram três filmes com Maguire “Homem-Aranha 1, 2 e 3” (2002, 2004 e 2007), dois com Garfield “O Espetacular Homem-Aranha 1 e 2” (2012 e 2014) e seis com Holland “Capitão América – Guerra Civil” (2016), “De Volta ao Lar” (2017), “Vingadores – Guerra Infinita” (2018), “Vingadores – Ultimato” (2019), “Longe de Casa” (2019) e agora em “Sem Volta pra Casa” (2021) vemos todas essas estórias se cruzando. 


O feito cinematográfico da nova produção já é por si enorme, gigante. Com ou sem a presença de Garfield e Maguire são cinco produções do Aranha se ligando a um universo de 29 filmes já produzidos, outros oito que estão em produção, fora as séries de TV e os curta-metragens.

"Sem Volta Para Casa" é acima de tudo um filme nostálgico de super-herói, cheio de grandes emoções, frases e situações que remetem a produções passadas e, claro, muita ação. Mas depois dele, o que podemos esperar para as próximas produções da MCU, especialmente com as distorções provocadas pelo Multiverso? Teremos um filme do Sexteto Sinistro, os principais inimigos do Homem-Aranha? Os heróis e vilões das séries vão para o cinema? 

É aguardar pra ver, com muito otimismo e ansiedade. Até agora, o que foi entregue aos fãs merece todos os aplausos. E pelas duas cenas pós-créditos, o mundo dos super-heróis vai virar de cabeça para baixo e nunca mais será o mesmo.


Ficha técnica:
Direção: Jon Watts
Exibição: Somente nos cinemas
Produção: Marvel Studios / Columbia Pictures / Sony Pictures
Distribuição: Sony Pictures
Duração: 2h30
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: Ação /Aventura
Nota: 4,8 (de 0 a 5)

16 dezembro 2021

“Azor” é um retrato da elite argentina durante a ditadura

A estória é contada a partir da visão dos ricos, que levam suas vidas como se nada de errado estivesse ocorrendo no país (Fotos: Divulgação)


Jean Piter Miranda 


O ano é 1980. Argentina vive os últimos anos de sua última ditadura. O banqueiro suíço Yvan de Wiel (Fabrizio Rongione) e sua esposa Inês (Stéphanie Cléau) chegam ao país. Ele vai substituir o sócio que desapareceu sem deixar pistas. Além de tentar resolver esse mistério, Yvan tem que se aproximar da elite argentina para que eles continuem sendo clientes do seu banco. Essa é a estória de “Azor”, filme que acaba de estrear nos cinemas brasileiros.  

De forma geral, os filmes sobre ditaduras abordam a crueldade dos militares, o sofrimento do povo, e a coragem de pessoas que enfrentaram esses regimes. "Azor" inova bastante e passa bem longe disso. A estória é contada a partir da visão dos ricos argentinos, que levam suas vidas normalmente. Como se nada demais estivesse acontecendo no país. O mostra como a elite ficou intocada e, de certa forma, protegida nesse período.  


“Azor” não se passa nas ruas de Buenos Aires. Quase não se vê ruas na verdade. Praticamente, a cidade não aparece. Todas as cenas se passam em ambientes fechados, como clubes, restaurantes, hotéis luxuosos, salões de festa, etc. As imagens externas são de mansões, e piscinas. Os personagens, em nada são incomodados pela ditadura. Na verdade, a maior parte da elite apoia o regime, que, no filme, acaba se tornando só um pano de fundo.  


Yvan e Inês são dois personagens muito sem graça. Têm zero de carisma. Os demais são quase todos idosos, com semblantes tristes, tensos e tediosos. Praticamente não há risadas no filme, não há piadas nem diálogos inteligentes. O clima é quase sempre hostil. E o conflito fica nessa relação do casal tentando ganhar a confiança das famílias ricas, participando de festas, jantares e encontros. Entretanto, esses endinheirados vão se mostrando cada vez mais fechados.  


O sócio de Yvan que desapareceu é lembrado quase que o tempo todo nas conversas. Os clientes sempre o elogiam, na tentativa de deixar Yvan desconfortável. Fica nas entrelinhas o “você nunca será tão bom quanto ele, não está à altura para substituí-lo”. Mas não passa disso. E a estória não avança para lado nenhum. Nem aprofunda no banqueiro que sumiu, nem deixa claro quais negociações estão sendo feitas entre o Banco e os ricos argentinos.  


"Azor" pode ser resumido então em um retrato da elite argentina protegida durante a ditadura. Os desavisados podem criar expectativas de que se trata de uma trama de investigação, que haverá reviravoltas e revelações. Mas o filme começa e termina do mesmo jeito. Morno, sem sal, até mesmo para quem conhece um pouco da história argentina. Parece até uma obra inacabada. A fotografia e o figurino são bons. E não passa disso.  


Ficha técnica
Direção e roteiro: Andreas Fontana,
Distribuição: Vitrine Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h40
Classificação: 14 anos
Gêneros: drama / suspense