27 janeiro 2022

"Fortaleza Hotel": Amizade e companheirismo em meio às problemáticas da vida

Clébia Sousa e Lee Young-Lan são as protagonistas deste drama nacional dirigido por Armando Praça (Fotos: Jorge Silvestre/Divulgação)


Marcos Tadeu


Momentos difíceis e de mudanças, de país, de vida, de relações, barreiras culturais e de idiomas. Mesmo com todas essas dificuldades, uma amizade sincera e solidária pode surgir. É com essa temática que estreia nesta quinta-feira nos cinemas o filme "Fortaleza Hotel", dirigido por Armando Praça.

Pilar (Clébia Sousa) é camareira do Hotel Fortaleza e tem o grande sonho de sair do Brasil e se mudar para Dublin, na Irlanda, em busca de melhores condições de vida. Na sua rotina diária de limpeza ela conhece Shin (Lee Young-Lan), uma hospede sul-coreana que veio para o Brasil buscar o corpo do marido e levar de volta para seu pais de origem. As duas, com suas diferenças e dificuldades semelhantes, começam uma amizade de solidariedade e superação. 


É válido destacar aqui a incrível atuação de Clébia Sousa, cuja personagem, logo no inicio do filme, mostra que é uma mulher determinada, forte, que sabe o que quer. Como na cena em que faz um treino de conversação em inglês para a entrevista que vai enfrentar na imigração da Irlanda. 

Pilar foi mãe aos 13 anos e teve que trabalhar muito cedo, conseguindo uma renda que dava apenas para sobreviver e não para viver seus sonhos. Teve também um namorado que nem é tão presente e como a própria Pilar diz, "uma filha que mais lhe dá problemas do que alegrias".


Diretamente da Coréia do Sul para o Brasil, temos Shin que precisou partir de sua terra, em condições desesperadoras, após descobrir o suicídio do marido, e vir para um país estranho para tentar entender o que aconteceu.

Pilar sofre com a filha que vive envolvida com traficantes e o mundo do crime até ser sequestrada. A partir daí, a camareira precisa conseguir, com urgência, o dinheiro para libertar a jovem com vida. 

Com Shin, os problemas não são menores. Ao tentar fazer um velório descente e enterrar o marido, descobre que a empresa em que ele trabalhava desviou dinheiro e se eximiu de qualquer responsabilidade, deixando assim a viúva sem dinheiro. 


A situação financeira é o que guia a desesperadora trajetória das duas personagens. Ambas estão tentando conseguir dinheiro para resolverem seus dilemas e essa narrativa é construída de maneira inteligente com o telespectador.

O destaque do filme está na forma como o diretor trabalhou as questões que envolvem os contrastes de realidades opostas, mas da mesma forma difíceis. E como isso é encenado, toda a mise-en-scène por trás da produção. 


Faltou, no entanto, mostrar mais do passado de Pilar, como aconteceu a gravidez, o relacionamento com o pai da menina e quem era ele. Também é superficial a abordagem sobre o marido de Shin, a chegada dele ao Brasil e a influência que tinha na empresa em que trabalhava.

“Fortaleza Hotel” é um filme que usa e abusa das diferenças para se completar. Pilar aprende com Shin e o mesmo acontece de maneira inversa. O companheirismo e a amizade se fazem presentes para juntas enfrentarem as circunstâncias da vida, por mais crua que ela seja.


Ficha técnica:
Direção: Armando Praça
Roteiro: Isadora Rodrigues, Pedro Cândido
Produção: Moçambique Audiovisual / Carnaval Filmes
Distribuição: Vitrine Filmes
Exibição: Nos cinemas
Duração: 1h17
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gênero: Drama

24 janeiro 2022

"Cobra Kai" está de volta para uma quarta temporada mais emocionante

Daniel (Ralph Macchio) e Johnny (William Zabka) unem forças para enfrentarem o maior inimigo da arte do caratê (Fotos: Netflix)


Silvana Monteiro


A quarta temporada de “Cobra Kai” continua a busca pela montagem do quebra-cabeça com a inserção de personagens da franquia Karate Kid. Terry Silver (Thomas Ian Griffith) é o revival dessa temporada. Ele chega como uma possível solução para John Kreese (Martin Kove), mas a verdade é que vai ser muito mais. Sua sina de algoz continua. Mesas serão viradas e tapetes puxados. Quem será que cai?


Dividida em 10 episódios, essa parte da série aprofunda nas discussões de gênero e diversidade, sobretudo pontuando a história de mulheres como Amanda LaRusso (Courtney Henggeler) e Tory (Peyton List) em uma emocionante jornada sobre suas histórias de vida. 

O mote entre essas duas personagens promete emoção. E por falar em diversidade, o próximo torneio All-Valley exige a premiação para o feminino e o masculino, e essa busca pela feminilidade dos dojôs é uma das grandes sacadas desta temporada. 


Destaque para a novata Devon (Oona O’Brien), que se apresenta como uma destemida lutadora movimentando o núcleo de mulheres. Ainda entre os novos alunos do Cobra Kai, Kenny (Dallas Dupree Young) é mais um garoto em busca de solução para a tormenta do bullying. Será que ele terá equilíbrio para conseguir superar esse desafio? Ou vai entrar de cabeça nas ideias maldosas de Kreese? 


Mais uma vez, a saga da rivalidade e tentativa de associação entre os senseis Johnny Lawrence (William Zabka) e Daniel (Ralph Macchio) vai dar pano pra manga. Parte dos momentos engraçados e, ao mesmo tempo, tensos, da temporada, se passa na construção de um paralelismo entre os dois.

É nítido que o autor usa e abusa das personalidades dos dois para trazer um pouco mais de humor ácido ao público. E até por isso, a ideia é apostar nessas diferenças, ao invés da homogeneização. No núcleo jovem, o quarteto Tory Nichols (Peyton List), Samantha LaRusso (Mary Mouser), Falcão (Jacob Bertrand) e Robby Keene (Tanner Buchanan) ganha mais destaque no quesito fator psicológico, para então, se destacar no mano a mano. 


É hora de entrar na cabeça e no coração desses jovens lutadores. Desta vez, Miguel Diaz (Xolo Maridueña) tem menos destaque que na temporada 3, mas o personagem vai viver uma busca importante em sua vida pessoal. Enquanto ele se distancia de seu sensei, sua mãe Carmen (Vanessa Rubio) vai se aproximar mais de Johnny para tentar definir os rumos de sua história com ele. Será que rola? 

O público ainda vai poder rever personagens da segunda e terceira temporadas, como Aisha (Nicole Brown). Mais uma vez "Cobra Kai" surpreende e mantém um ritmo que pode garantir mais e mais episódios. 


Ficha técnica:
Criação: Josh Heald, Jon Hurwitz, Hayden Schlossberg
Exibição: Netflix
Duração: 10 episódios (média de 30 minutos cada)
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: Artes marciais / drama / comédia / ação