02 fevereiro 2022

“A Mais Pura Verdade”: ótima minissérie com drama e suspense de perder o sono

Kevin Hart e Wesley Snipes interpretam os dois irmãos em conflito nessa produção de sete episódios sobre dinheiro e traição (Fotos: Adam Rose/Netflix)


Mirtes Helena Scalioni


Por mais que uma ou outra sequência possa parecer improvável, não se pode negar que “A Mais Pura Verdade” ("True Story") é uma série surpreendente que prende o espectador do começo ao fim, com viradas de tirar o sono. 

Com sete episódios e em cartaz no Netflix, a história gira em torno de questões tão antigas quanto importantes: que preço alguém pode pagar para se manter no topo do sucesso? Ou: o que pode despertar a extrema violência de um homem sabidamente pacífico e honesto?


Criada por Eric Newman (que produziu "Power" - 2020 e “Narcos” - 2017 e 2018) e dirigida por Stephen Williams e Hanelle M. Culpepper, a minissérie apresenta um recorte na vida de Kid, comediante de muito sucesso, daqueles que fazem stand-ups e filmes que agradam toda a família, de crianças a adolescentes e adultos. 

Negro, ele valoriza cada conquista e deixa claro, sempre que pode, que trabalhou muito para chegar aonde chegou. Interpretado por Kevin Hart (“Jumanji - Próxima Fase” - 2019) em uma de suas primeiras incursões pelo drama, o ator convence na pele do bom moço que, se preciso for, perde a humanidade e a ética.


Tudo caminhava muito bem na turnê de muito sucesso que Kid fazia pelo país, com shows, eventos filantrópicos e entrevistas até que a trupe chega à Filadélfia, exatamente a terra do comediante. 

E é lá, no luxuoso hotel Four Seasons, que ele tem um conturbado reencontro com seu irmão Carlton, que lhe apresenta Daphne (Ash Santos). A primeira surpresa a bagunçar a cabeça do espectador acontece logo no primeiro episódio, um pouquinho maior do que os outros seis.


Mas “A Mais Pura Verdade” não seria tão recomendável se não fosse a participação de Wesley Snipes (“Mercenários 3” - 2014), que interpreta Carlton, o irmão enrolado e meio bandido de Kid, capaz de tudo para tirar algum dinheiro do mano bem-sucedido. Em atuação perfeita, ele imprime um cinismo tal em seu personagem que chega a despertar a raiva do espectador na medida em que suas tramoias vão sendo expostas.


Merecem atenção também as atuações de todo o staff do artista que, claro, é assessorado por uma equipe de primeira. Estão lá a autora de textos e piadas, Billie (Tawny Newsome), o segurança fiel Herschel (William Catlett) e o administrador de tudo, Todd (Paul Adelstein). Não falta nem mesmo o superfã Gene (Theo Rosssi), jovem ingênuo e meio infantil que faz de tudo para se aproximar do ídolo e tem grande importância na trama.


Do lado bandido, destaque para os perversos irmãos gregos Ari (Billy Zane), Savvas (Chris Diamontopoulos) e Nikos (John Ales). “A Mais Pura Verdade” é tão surpreendente e criativa que pode ser uma temeridade partir para uma segunda temporada, totalmente desnecessária. 

O velho drama dos dois irmãos completamente diferentes um do outro e a ideia de que uma simples escolha pode transformar – e transtornar – a vida de uma pessoa estão muito bem amarrados e fechados nesses sete episódios. Se tentar melhorar, pode atrapalhar.


Ficha técnica:
Criação: Eric Newman
Direção: Stephen Williams e Hanelle M. Culpepper
Produção: Netflix / Harbeat Productions
Exibição: Netflix
Duração: 1ª Temporada - 7 episódios (média de 30 minutos cada)
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: Drama / Policial / Minissérie / Suspense

31 janeiro 2022

"Tratamento de Realeza" - romance trivial com elenco miscigenado

Mena Massoud e Laura Marano formam o casal que vai viver uma história no estilo Cinderela (Fotos: Kirsty Griffin/Netflix)


Silvana Monteiro


Elenco distinto, humor, uma pitada de musical e romance é o que promete o mais novo título da Netflix - "Tratamento de Realeza" (”The Royal Treatment”) - que está na lista dos top 10. Estrelado por Mena Massoud o ator canadense de origem egípcia que fez sucesso como "Aladdin" (2019), e Laura Marano, de "Lady Bird: a Hora de Voar” (2018), o filme é mais um daqueles clichês que retrata o envolvimento de um nobre e uma plebeia.



Izzy (Marano, que também é uma das produtoras do filme) é uma cabeleireira nova-iorquina de origem italiana, que vive na ralação e no vermelho, enquanto que Thomas (Massoud) é o príncipe sério e dedicado, de uma pequenina nação europeia.


A jovem é confundida com outra profissional e acaba indo prestar serviço para o príncipe, exatamente em um dos momentos mais importantes da vida dele. O contato entre cabeleireira e príncipe é muito amistoso e joga luz sobre a situação vivida por ele em relação ao casamento arranjado a que ele deve se submeter para salvar o reino.


Embora centrado no chavão romance entre uma pessoa comum e um integrante da realeza às vésperas de um casamento arranjado, o filme sai na frente ao apresentar um elenco negro na monarquia, incomum em filmes dessa temática. As cenas externas ao castelo, quando os protagonistas visitam a província de Lavania, são incríveis e burlescas.


Chama a atenção o fato de os súditos representarem uma linda mistura étnica. A fotografia e a trilha sonora são lindas. É um filme leve e divertido. Destaque para a construção do enredo, com um toque de musical. Os protagonistas funcionam maravilhosamente bem, com intensidade e sintonia. E aí, vai torcer por esse casal?


Ficha técnica
Direção: Rick Jacobson
Produção: Netflix / Focus Features International
Exibição: Netflix
Duração: 1h37
Classificação: Livre
Gêneros: Romance / Musical / Comédia