03 julho 2022

"Lightyear" conta a origem do herói do espaço que encantou gerações

O famoso patrulheiro espacial da franquia “Toy Story” ganha filme solo em nova animação (Fotos: Disney/Pixar)


Maristela Bretas


Em 1995, um astronauta com um traje colorido, cheio de marra e dono da verdade, conquistava o coração de Andy e entrava para a coleção de brinquedos do garoto como um de seus preferidos e o de várias crianças pelo mundo. 

Agora Buzz, ganha vida no filme solo "Lightyear", nova animação da Disney/Pixar, que conta como tudo começou. O filme é um spin-off da amada franquia "Toy Story" e já conquistou espectadores de todas as idades desde a sua estreia nos cinemas.


Logo no início surge a explicação de que o boneco Buzz foi criado a partir do filme que era o preferido de Andy sobre o herói. Mas "Lightyear" é mais que isso e, como era de se esperar de uma produção Pixar, tem muita emoção, mesmo fugindo totalmente da fórmula de "Toy Story".

Ele é colorido, tem bichinhos fofos, mas atinge mais aos adultos, como outras produções do estúdio, ao explorar sentimentos como o de perda de pessoas amadas, viagem no tempo, respeito à diversidade e, acima de tudo, amizade sincera e leal.


Claro que a ação não fica de fora. "Lightyear" ainda apresenta vários personagens ligados a Buzz e suas origens, inclusive seu maior inimigo. A cada viagem no tempo, o arrogante e intransigente patrulheiro espacial vai mudando aos poucos sua maneira de ser. Até onde a obstinação de concluir a missão espacial é mais importante que as pessoas? A quem ele quer provar que pode fazer tudo sozinho para consertar um erro do passado?


À medida que o tempo passa, novos personagens vão surgindo, alguns do bem, outros nem tanto. É numa dessas viagens que ele vai conhecer e terá de enfrentar o malvado imperador Zurg (voz de James Brolin), o vilão da capa preta e roxa, líder de um exército de robôs, outro conhecido da franquia "Toy Story". 

No filme é possível relembrar algumas frases do herói e entender como elas surgiram. E é a mais famosa, "Ao infinito e além", que provocará um dos momentos mais emocionantes (e chorosos) do filme.


Também são apresentados o traje espacial do patrulheiro espacial com seus vários dispositivos de combate, a nave espacial de Buzz e o mais fofinho de seus amigos, o gato-robô Sox (voz de Peter Sohn/Cesar Marchetti), seu fiel pet mega inteligente e parceiro nas aventuras. Ele é quase uma versão felina de metal do R2D2 de Luke Skywalker. 

Por falar em amigos, a mais importante em toda a história e na vida de Buzz é a comandante Alisha Hawthorne (Uzo Aduba /dublagem Adriana Pissardini) que o acompanha, lidera e o ensina em toda a missão. Ela dá uma lição de vida ao público ao representar uma personagem gay.


Além de Alisha, temos também os três desastrados recrutas que vão fazer toda a diferença - Izzi Hawthorne (Keke Palmer/Flora Paulita), Darby Steel (Dale Soules/Lucia Helena Azevedo) e Mo Morrison (Taika Waititi/Henrique Reis). Na versão original, o eterno Capitão América, Chris Evans, empresta a voz a Buzz Lightyear (em toda a franquia a voz sempre foi do ator Tim Allen). 

O mesmo ocorreu na dublagem para português. Coube ao apresentador Marcos Mion dar vida ao personagem no Brasil, substituindo Guilherme Briggs, conhecido dublador do herói. Até que Mion se saiu bem.


A animação conta a história de um grupo de colonizadores que está voltando para casa e acaba se perdendo no espaço, caindo num planeta hostil a 4,2 milhões de anos-luz distante da Terra. Um erro de Buzz faz com que o grupo precise ficar mais tempo no local até conseguir criar um dispositivo de hipervelocidade que vai fazer a nave funcionar. E será o experiente piloto quem testará o dispositivo no espaço. Mas essa experiência trará surpresas e grandes mudanças para ele e toda a tripulação.

"Lightyear" tem ação e emoção e é diversão garantida. E ainda conta com uma ótima trilha sonora do premiado Michael Giarcchino. Um alerta: o filme tem três cenas pós-créditos que complementam a história e chamam para futuras produções.


Ficha técnica:
Direção: Angus MacLane
Produção: Pixar Animation Studios / Walt Disney Pictures
Distribuição: Walt Disney Animation Studios
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h34
Classificação: livre
País: EUA
Gêneros: ação, aventura, família, animação

29 junho 2022

“Carro Rei” é curioso e instigante, mesmo se perdendo no excesso de discursos

Produção é um prato cheio para apreciadores de ficção científica e tem Matheus Nachtergaele como destaque (Fotos: Boulevard Filmes/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Mais do que ousado, “Carro Rei” é um filme estranho. Misturando automóveis que falam, agroecologia, rebelião de máquinas poderosas, tecnologia desenfreada e um certo maniqueísmo de homens versus robótica, a ficção científica dirigida por Renata Pinheiro deixa ao final uma sensação de história mal contada. Talvez até pelo excesso de temas, todos oportunos, certamente, mas nem sempre bem colocados e costurados. O filme estreia nesta quinta-feira na sala 3 do Una Cine Belas Artes.


O roteiro, escrito por Leo Pyrata, Sérgio Oliveira e a própria diretora, chega a ser instigante e curioso: Luciano Pedro Júnior interpreta o filho do dono de uma empresa de táxi. Seu nome, como não poderia deixar de ser, é Uno. 

Na intimidade, o menino solitário e órfão de mãe, e que cresceu entre automóveis, é chamado de Uninho ou Ninho. E ele tem uma particularidade também inusitada, pois, desde criança, se comunica com carros. A voz é do ator Tavinho Teixeira.


Na outra ponta da família está Zé Macaco, tio de Uninho, interpretado magistralmente pelo sempre brilhante Matheus Nachtergaele. Dono de um ferro velho, ele também entende a alma dos automóveis e, embora pareça ser um homem rude, é capaz de alguma subjetividade, nem sempre do lado do bem.

A trama toda começa a esquentar quando o prefeito de Caruaru, cidade onde se passa a história, proíbe que carros fabricados antes de 2003 circulem pelas ruas. O início de uma rebelião e a consequente transformação do velho automóvel em um Carro Rei com plenos poderes ao mesmo tempo em que elevam o tom do longa, pode confundir o espectador.


Para tentar personificar o - digamos - lado bom da história, o roteiro apresenta estranhezas nem sempre justificáveis como a jovem Mercedes (Jules Eiting) que transa com o tal Carro Rei, e a bem intencionada e ecológica Amora (Clara Pinheiro de Oliveira), cheia de ideias de sustentabilidade, de limpar o solo e salvar o Planeta. É a mocinha da história.

Não se pode dizer que “Carro Rei” seja um filme desinteressante. De jeito nenhum. Quem começa a assisti-lo, vai, certamente, chegar até o final, mesmo que seja para descobrir que as causas são boas e os discursos necessários. Mas talvez isso tudo careça de uma maior articulação para desembaralhar e unir as pontas.


Ficha técnica:
Direção:
Renata Pinheiro
Distribuição: Boulevard Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h37
Classificação: 16 anos
País: Brasil
Gêneros: fantasia, drama