25 agosto 2022

Mostra CineLapinhô reúne filmes, gastronomia, shows e sessões de cinema, tudo de graça

Evento acontece no vilarejo de Lapinha da Serra, a 136 quilômetros de BH (Fotos: Danilo Teles / Lapinha da Serra)


Da Redação


De hoje a 28 de agosto, o vilarejo de Lapinha da Serra, distrito de Santana do Riacho (MG), localizado entre montanhas, com belas paisagens formadas por cachoeiras, lagos e trilhas para caminhadas, a 136 quilômetros de BH, será palco da mostra de filmes CineLapinhô, organizada pela cineasta Tamira Abreu. 

O evento será realizado na Praça da Igreja e terá, além da exibição de filmes selecionados por serem de produção audiovisual independente, sessões comentadas abertas para o debate público, oficinas de cinema, festival gastronômico e shows musicais. A programação é gratuita. Para saber mais, é só entrar na página cinelapinho.com.br.


“A ideia é convidar o público local a um contato com o cinema, apresentando filmes que dialoguem com a região, proporcionando uma aproximação entre o público e o conteúdo exibido, além de atrair turistas para uma nova forma de ocupação do lugar. Após a exibição comentada dos filmes, serão realizadas apresentações musicais com artistas locais, como forma de valorizar os artistas da região e ao mesmo tempo como forma de identificação com o público do vilarejo”; explica Tamira Abreu.

Apresentam-se os grupos Grupo Coco de Cipoada, Samba do Açude, Trio Lapinhô e o Batuque da Lapinha, que é uma manifestação de moradores locais em que os batuqueiros tocam, dançam e cantam músicas tradicionais. A curadoria é de duas mulheres do setor artístico-cultural – Cris Ventura e Renata Oliveira – e valoriza a produção audiovisual independente. 


Aprendendo a fazer cinema
Através das oficinas, os alunos vão aprender como funciona o universo cinematográfico, desde o surgimento de uma ideia até o seu desenvolvimento, gravação e finalização. Em uma parceria com a Cardume Filmes, produtora e plataforma de streaming, estão sendo oferecidas até o dia 28 oficinas gratuitas de cinema e assuntos do audiovisual no espaço da Associação Jardim dos Cristais. São elas:

Oficina de Realização de Filmes - com Daniel Jaber e Gabriel Muller Leal (Cardume Filmes)
Grande parte do público que assiste cinema e televisão desconhece como acontece a produção de filmes. Com esse intuito, a Oficina de Realização de Filmes visa apresentar noções básicas para fazer um filme de curta duração, passando pelo desenvolvimento da ideia, criação do roteiro, pré-produção, filmagem, montagem e finalização. Ao final, o filme produzido pelos participantes será exibido na programação do festival.
Data: Até 27 de agosto
Horário: das 13 às 17 horas
Idade mínima: 13 anos
Vagas: 20


Oficina Entendendo a Produção Audiovisual - com Tamira Abreu e Silvia Dias
As diferenças entre as funções de Diretor de Produção, Produtor Executivo e Produtor. Gerenciamento de logística e estrutura, contato com fornecedores, otimização e viabilização dos processos de produção audiovisual, apresentação das etapas de uma produção audiovisual, cronograma, entre outros assuntos que envolvem a produção audiovisual.
Data: 26 de agosto
Horário: das 14 às 16 horas
Idade mínima: 16 anos
Vagas: 20


Circuito Gastronômico
A Mostra propõe a participação de todos da Lapinha da Serra, num evento coletivo. Pensando nisso, surgiu a ideia do Circuito Gastronômico CineLapinhô, em que os restaurantes da Lapinha da Serra estão convidados a participar do circuito criando um prato com o nome de um filme brasileiro. Os pratos participantes serão divulgados junto com a programação do evento e concorrerão ao título de melhor prato pelo júri popular.

O Circuito Gastronômico começa junto com a Mostra de Cinema e encerra no início da primavera, quando será divulgado o resultado do prato mais votado. A votação acontecerá por um formulário disponibilizado pela internet. Os estabelecimentos e pratos participantes serão divulgados juntos com a programação da Mostra nas redes sociais e em outros serviços de comunicação.


Serviço:
Mostra CineLapinhô
Data: de 25 a 28 de agosto
Local: Lapinha da Serra, distrito de Santana do Riacho (a 136 km de BH)

23 agosto 2022

“Não! Não Olhe!” mistura elementos de diferentes gêneros e é carregado de referências

Novo longa do diretor Jordan Peele repete a excelente parceria com ator Daniel Kaluuya (Fotos: Universal Pictures)


Carolina Cassese
Blog no Zint Online



É difícil segurar a expectativa quando se trata de algum trabalho assinado por Jordan Peele. Com o sucesso do inovador “Corra” (2017), o diretor logo se tornou uma referência por desenvolver um terror (ou thriller, como alguns preferem caracterizar) repleto de simbologias e críticas sociais. 

Dois anos depois, ele lançou “Nós”, longa que muitos consideram ter sido injustamente esnobado por premiações como o Oscar, por exemplo. Neste ano de 2022, mais um longa do diretor chega nesta quinta-feira (25) aos cinemas: “Não! Não Olhe!” (“Nope”), que mistura elementos de western, terror, suspense e ficção científica.


Assim como no longa “Corra”, em “Não! Não Olhe!” também temos Daniel Kaluuya como protagonista, que dessa vez interpreta O.J. Haywood, um treinador de cavalos para uso em filmes e comerciais de televisão. 

Depois que seu pai morre em circunstâncias bizarras, O.J. herda o rancho e logo se junta a sua irmã, Emerald, interpretada por Keke Palmer. Quando, de repente, o céu está com uma aparência esquisita sobre o rancho Haywood, os irmãos se unem para formar uma aliança defensiva amadora.


Se em “Corra” nosso protagonista é um “outsider” que precisa lidar com uma família aparentemente tradicional e conservadora, em “Nós” os “intrusos” são literalmente cópias (assustadoras) dos nossos protagonistas. Já no filme “Não! Não Olhe!”, os outsiders realmente vêm de muito, muito longe e não se assemelham em nada com os protagonistas.


Vale aqui pontuar a presença dos dois atores principais, Kaluuya e Palmer, que realmente entregam uma ótima dupla de irmãos. Boa parte da comédia do filme deriva justamente da dinâmica entre eles, ao passo que ambos também estão excelentes nas cenas de terror, quando o tal invasor começa a de fato “atacar”. O ritmo do longa também é digno de elogios, já que realmente nos sentimos imersos na narrativa e cada ato cumpre com o seu propósito.

Como também ocorre nos dois primeiros filmes de Peele, são possíveis várias interpretações acerca da obra. Há diversas referências ao próprio fazer cinematográfico, como o contraste de imagens (digitais e ópticas) e a onipresença de câmeras - um dos personagens é, inclusive, um jovem que trabalha com vigilância eletrônica. 


Além disso, há uma série de alusões a eventos que marcaram a história do cinema, como o acidente no set de “Twilight Zone: The Movie” (1982). O olhar é outro elemento importante para o entendimento: a única maneira de não ser devorado pelo monstro é evitar olhar diretamente para ele.

Em diferentes momentos do longa, podemos observar ainda a maneira em que os humanos tentam domar criaturas consideradas como “inferiores” por essa sociedade. Há uma alerta: após tanto abuso, é esperado que alguns desses bichos se revoltem. 


Em entrevista ao veículo The Wrap, o diretor pontua que os animais são como um lembrete de como exploramos os bichos e a natureza. “Este filme, em sua essência, é sobre espetacularização e exploração”, disse. Há possíveis leituras, ainda, a respeito da universalidade do racismo.

Numa época em que grandes empresários realizam uma corrida espacial, é difícil até mesmo falar da vida fora do planeta sem esbarrar em algum tema social. Como pontuou Peele, não faltam inspirações da vida real para seus trabalhos: “O mundo me dá coisas horríveis para interpretar”.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Jordan Peele
Produção: Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h10
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: terror / suspense / western /  ficção