27 agosto 2022

Inspirado em best-seller, "Um Lugar Bem Longe Daqui" é um conto de resiliência

Daisy Edgar-Jones vive a garota que cresceu sozinha num brejo na Carolina do Norte e é acusaa de um crime (Fotos: Sony Pictures)


Carol Cassese
Blog no Zint Online


“Eu não sei se há um lado obscuro da natureza. Há apenas maneiras inventivas de resistir… Contra todas as adversidades". 

Há alguns filmes que deixam o Rotten Tomatoes, site que reúne avaliações de filmes, com uma evidente divisão entre crítica e público. Enquanto um “lado” desaprova, o outro compensa com ótimas avaliações. Esse foi o caso de Um lugar "Um Lugar Bem Longe Daqui" ("Where the Crawdads Sing"), obra dirigida por Olivia Newman e roteirizada por Lucy Alibar. 

Inspirado no best-seller homônimo da escritora Delia Owens, com música original de Taylor Swift ("Carolina"), o longa chega aos cinemas na próxima quinta-feira (1º de setembro) e foi consideravelmente mais aprovado pelo público do que pela crítica. 


Logo no início do filme, um corpo é encontrado. Um homem local, Chase Andrews (Harris Dickinson), é descoberto no deserto e imediatamente todos assumem que a reclusa Kya (Daisy Edgar-Jones), uma garota que já se relacionou com a vítima, deve ser a responsável. Ela é presa imediatamente. 

Ao longo da produção são intercaladas cenas do tribunal com outras da história de Kya, que foi abandonada sistematicamente e cresceu sozinha num brejo da região da Carolina do Norte.

Em se tratando de adaptações de livro, ainda mais de um tão conhecido do público, é desafiador proporcionar a mesma imersão na mente da personagem. No longa de Newman, a narração em primeira pessoa e a visita à infância da personagem nos ajudam a estabelecer uma conexão com ela.


Apesar da investigação, o tom do filme não se assemelha ao de um suspense clássico e acaba sendo consideravelmente mais "doce". Quem assistiu à série "Staircase" (2022), possivelmente vai sentir uma certa falta daquela ambientação tensa do tribunal, das reviravoltas e de toda a carga emotiva do julgamento. Ou apenas da ótima presença da promotora interpretada por Parker Posey. 

Em "Um Lugar Bem Longe Daqui", apesar das duas linhas temporais serem bem distribuídas, acabamos nos envolvendo mais com as aventuras de Kya do que com o julgamento em si (há muita expectativa, no entanto, a respeito da decisão final).


Em algumas cenas mais focadas no romance entre Kya e Tate (John Taylor Smith), o casal principal, o filme pode parecer até mesmo muito "água com açúcar" para aqueles um pouco mais céticos. Ainda assim, mesmo esses podem seguir interessados no longa por outras razões, como o desenrolar do mistério ou, simplesmente, por terem se afeiçoado à personagem principal. Além disso, há alguns temas tangenciais interessantes, como a pressão imobiliária e o mal que todo e qualquer estigma pode fazer


O filme inegavelmente também apresenta imagens lindas, o que foi visto como um problema por alguns críticos, que fizeram a ressalva de que, se a história trata sobre a pobreza, o ambiente não deveria ser tão impecável. Uma das principais bases da trama é o fato de Kya ser uma outsider. No entanto, para muitos, a aparência da garota no filme, que "obedece" a uma série de convenções, não consegue de fato passar essa impressão.

Mesmo se tudo parece arranjado demais e as aparências não nos convencem completamente, a história continua tendo o poder de tocar o espectador. Nossa protagonista, afinal, sofreu diferentes tipos de abuso e precisou encontrar maneiras de sobreviver desde muito cedo. Na natureza, ela encontrou mais acolhimento e uma série de lições.


Em diferentes momentos, perguntam para Kya se ela não sente medo de morar num ambiente selvagem. Vemos, porém, que os principais perigos com os quais ela se depara advêm do mundo "humano". Não são animais desconhecidos que a ameaçam, e sim homens abusadores (bastante conhecidos na cidade, por sinal). 

Numa outra cena, Tate, seu principal par romântico, questiona: "Não é melhor sair daqui (do brejo) e estudar, trabalhar, ser alguém?". A protagonista responde com um olhar que já diz tudo: ela já é alguém - e não precisa viver uma vida convencional para provar isso.

Independente da dissonância entre público e crítica, vale ir de coração aberto, se envolver com essa história responsável pela venda de tantos livros nos últimos anos e, claro, tirar as próprias conclusões.


Ficha técnica:
Direção: Olivia Newman
Produção: Columbia Pictures / 3000 Pictures /
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h05
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: drama, romance

25 agosto 2022

Mostra CineLapinhô reúne filmes, gastronomia, shows e sessões de cinema, tudo de graça

Evento acontece no vilarejo de Lapinha da Serra, a 136 quilômetros de BH (Fotos: Danilo Teles / Lapinha da Serra)


Da Redação


De hoje a 28 de agosto, o vilarejo de Lapinha da Serra, distrito de Santana do Riacho (MG), localizado entre montanhas, com belas paisagens formadas por cachoeiras, lagos e trilhas para caminhadas, a 136 quilômetros de BH, será palco da mostra de filmes CineLapinhô, organizada pela cineasta Tamira Abreu. 

O evento será realizado na Praça da Igreja e terá, além da exibição de filmes selecionados por serem de produção audiovisual independente, sessões comentadas abertas para o debate público, oficinas de cinema, festival gastronômico e shows musicais. A programação é gratuita. Para saber mais, é só entrar na página cinelapinho.com.br.


“A ideia é convidar o público local a um contato com o cinema, apresentando filmes que dialoguem com a região, proporcionando uma aproximação entre o público e o conteúdo exibido, além de atrair turistas para uma nova forma de ocupação do lugar. Após a exibição comentada dos filmes, serão realizadas apresentações musicais com artistas locais, como forma de valorizar os artistas da região e ao mesmo tempo como forma de identificação com o público do vilarejo”; explica Tamira Abreu.

Apresentam-se os grupos Grupo Coco de Cipoada, Samba do Açude, Trio Lapinhô e o Batuque da Lapinha, que é uma manifestação de moradores locais em que os batuqueiros tocam, dançam e cantam músicas tradicionais. A curadoria é de duas mulheres do setor artístico-cultural – Cris Ventura e Renata Oliveira – e valoriza a produção audiovisual independente. 


Aprendendo a fazer cinema
Através das oficinas, os alunos vão aprender como funciona o universo cinematográfico, desde o surgimento de uma ideia até o seu desenvolvimento, gravação e finalização. Em uma parceria com a Cardume Filmes, produtora e plataforma de streaming, estão sendo oferecidas até o dia 28 oficinas gratuitas de cinema e assuntos do audiovisual no espaço da Associação Jardim dos Cristais. São elas:

Oficina de Realização de Filmes - com Daniel Jaber e Gabriel Muller Leal (Cardume Filmes)
Grande parte do público que assiste cinema e televisão desconhece como acontece a produção de filmes. Com esse intuito, a Oficina de Realização de Filmes visa apresentar noções básicas para fazer um filme de curta duração, passando pelo desenvolvimento da ideia, criação do roteiro, pré-produção, filmagem, montagem e finalização. Ao final, o filme produzido pelos participantes será exibido na programação do festival.
Data: Até 27 de agosto
Horário: das 13 às 17 horas
Idade mínima: 13 anos
Vagas: 20


Oficina Entendendo a Produção Audiovisual - com Tamira Abreu e Silvia Dias
As diferenças entre as funções de Diretor de Produção, Produtor Executivo e Produtor. Gerenciamento de logística e estrutura, contato com fornecedores, otimização e viabilização dos processos de produção audiovisual, apresentação das etapas de uma produção audiovisual, cronograma, entre outros assuntos que envolvem a produção audiovisual.
Data: 26 de agosto
Horário: das 14 às 16 horas
Idade mínima: 16 anos
Vagas: 20


Circuito Gastronômico
A Mostra propõe a participação de todos da Lapinha da Serra, num evento coletivo. Pensando nisso, surgiu a ideia do Circuito Gastronômico CineLapinhô, em que os restaurantes da Lapinha da Serra estão convidados a participar do circuito criando um prato com o nome de um filme brasileiro. Os pratos participantes serão divulgados junto com a programação do evento e concorrerão ao título de melhor prato pelo júri popular.

O Circuito Gastronômico começa junto com a Mostra de Cinema e encerra no início da primavera, quando será divulgado o resultado do prato mais votado. A votação acontecerá por um formulário disponibilizado pela internet. Os estabelecimentos e pratos participantes serão divulgados juntos com a programação da Mostra nas redes sociais e em outros serviços de comunicação.


Serviço:
Mostra CineLapinhô
Data: de 25 a 28 de agosto
Local: Lapinha da Serra, distrito de Santana do Riacho (a 136 km de BH)