31 agosto 2022

Óbvio e raso, a comédia francesa “Entre Rosas” diverte, enternece, mas não chega a convencer

O charme do longa é que as flores do título são os personagens principais com sua beleza, perfume e simbologia (Fotos: Califórnia Filmes/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Que ninguém espere profundidade, aventura ou ação no filme “Entre Rosas” (“La Fine Fleur”), comédia francesa dirigida por Pierre Pinaud (“Fale de Você” - 2021). O longa, que entra em cartaz nesta quinta-feira (1º), é dessas produções rasas, descompromissadas, cujo único objetivo parece ser enternecer o público diante de uma surrada disputa entre o industrial e o artesanal, a busca do lucro e a paixão pelo ofício, as grandes corporações e os pequenos negócios. 

O charme do longa é que as rosas são os personagens principais, com tudo o que elas trazem em termos de cores, beleza, perfume e simbologia.


Eve Vernet (Catherine Frot, de “Marguerite” - 2015 e “Quem Ama Me Segue” - 2018) é dona da Rosas Vernet, pequena propriedade de cultivo de rosas na área rural da França e está à beira da falência. Ela e sua ajudante Véra (Olivia Côte) resistem como podem às investidas de Lamarzelle (Vincent Dedienne), proprietário de poderosa empresa concorrente que quer comprar o pequeno roseiral de Eve.


O que anima o filme – de certa forma – é a chegada de três personagens, uma jovem, um jovem e um homem maduro, que surgem para ajudar Eve a salvar sua empresa: Nadège (Marie Petiot), Fred (Melan Omerta) e Samir (Fatsah Bouyahmed). A surpresa é que os três são ex-presidiários e estão em processo de ressocialização. A partir daí, vale tudo, até a ideia de que os fins justificam os meios.


Embora óbvio – antes da metade do longa o público já imagina o que vai acontecer – “Entre Rosas” traz alguma novidade como por exemplo, a pequena aula de Eve ensinando seus novos auxiliares como fazer enxertos para obter uma rosa híbrida e rara, um processo minucioso e desconhecido do grande público. 

O espectador vai aprender também que rosas não são simplesmente cultivadas. Num mundo de concorrências e campeonatos, elas podem também ser criadas e, para isso, é preciso talento, conhecimento e paciência, atributos que ela herdou do pai.


Como a maioria dos filmes franceses, o longa de Pierre Pinaud – que escreveu também o roteiro junto com Fadette Drouard – é marcado por ótimas interpretações naturalistas, alguns silêncios, excelente trilha sonora, vinhos e até cachimbos para enfatizar pausas e reflexões. Destaque também pela fotografia, que não poupa cores, formatos e texturas das flores.

Óbvio também parece ser o processo de ressocialização dos três ex-presidiários na tentativa de recuperação do roseiral. A quase moral da história enaltece a transformação das pessoas pela delicadeza, dedicação e, por que não dizer, beleza. Talvez até coubesse dizer que “Entre Rosas” é ruim, mas é bom. Afinal, estamos falando de rosas.


Ficha técnica:
Direção:
Pierre Pinaud
Distribuição: Califórnia Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h35
Classificação: 12 anos
País: França
Gêneros: comédia, drama

28 agosto 2022

UNA Cine Belas Artes completa 30 anos como referência em filmes de arte

Espaço é um reduto de produções independentes de diferentes países e de pré-estreias de títulos nacionais (Fotos: Divulgação)


Da Redação


O cinema de rua resiste em Belo Horizonte. Prova disso é que o UNA Cine Belas Artes completa 30 anos na terça-feira (30 de agosto) e continua sendo um importante espaço cultural multiuso que remodelou a experiência cinematográfica do público da capital mineira.

Desde a sua inauguração, o local se transformou em um reduto de filmes independentes, de arte, de diferentes países, além de pré-estreias de títulos nacionais. Grande parte dos filmes exibidos ali, apesar de sua imensa relevância cultural, não encontra outro espaço em Belo Horizonte.


O complexo, que abriga três salas de exibição, café e livraria, retomou suas atividades em agosto de 2021 após passar por atualização técnica, reparos e reformas que facilitam a higienização do local, além de adequação do espaço aos protocolos de segurança das autoridades sanitárias. 

Essas melhorias só foram possíveis com a forte adesão da população à campanha de crowdfunding SOS Belas BH, realizada de setembro a novembro de 2020, que contou com o financiamento coletivo de 2.547 benfeitores, além da parceria com a Una Liberdade, instituição que integra o Ecossistema Ânima, localizada em frente ao cinema.


Vale destacar que o Belas Artes e a Una Liberdade são vizinhos próximos, ambos no bairro de Lourdes, região Centro-Sul da capital. É precisamente nessa unidade que a Una oferece o seu tradicional curso de cinema. A parceria é, portanto, precedida por uma tradicional afinidade cultural e geográfica. 

A aproximação com o Centro Universitário se dá de forma natural e muito feliz, já que a Una se propõe a fazer parte da vida da comunidade, ter as suas unidades abertas e integradas aos aparelhos culturais do Circuito Liberdade.

30 anos de arte e cultura

O UNA Cine Belas Artes privilegia o cinema brasileiro e o cinema independente, por isso é o único espaço de Belo Horizonte com uma programação diferenciada que dá valor à diversidade. São três salas oferecendo 336 lugares num total. 

"Marte Um", longa do mineiro Gabriel Martins

Na programação, "Marte Um", longa do mineiro Gabriel Martins, que foi premiado com quatro Kikitos no festival de cinema de Gramado como Melhor Filme pelo Júri Popular, Melhor Roteiro, Melhor Trilha Musical e Prêmio Especial do Júri.

Dia 30 de agosto tem a pré-estreia, às 20h30, de “Maria, Ninguém Sabe Quem Sou Eu”, um documentário sobre Maria Bethânia. O filme tem imagens raras de ensaios e shows da cantora ao longo de seus 57 anos de carreira, além de um depoimento inédito de Bethânia, com roteiro e direção de Carlos Jardim. No site www.belasartescine.com.br é possível acompanhar a programação completa e adquirir ingressos.


Serviços:
UNA Cine Belas Artes
Endereço: Rua Gonçalves Dias, 1581 – Bairro Lourdes
Telefone: (31) 3324-7232
Informações e programação: www.belasartescine.com.br