18 setembro 2022

"Eike: Tudo ou Nada" - os bastidores da ascensão e queda de um bilionário

Nelson Freitas é o protagonista do novo longa dos diretores Andradina Azevedo e Dida Andrade (Fotos: Desirée do Valle)


Marcos Tadeu
Blog Narrativa cinematográfica


Chega aos cinemas nesta quinta-feira (22) o polêmico filme dos diretores Andradina Azevedo e Dida Andrade, "Eike – Tudo ou Nada", que conta vida do empresário e ex-bilionário Eike Batista. Produzido pela Morena Filmes e distribuído pela Paris Filmes, é inspirado no livro homônimo da jornalista Malu Gaspar.

A história começa em 2006, quando o Brasil passava por uma expansão econômica com o pré-sal. O empresário decide criar a petroleira OGX com antigos funcionários da Petrobras, aproveitando o momento de expansão econômica em 2012 que o Brasil estava vivendo. Na história podemos perceber como Eike sempre buscou investir em empresas para aumentar cada vez mais seu lucro.


Sétimo homem mais rico do mundo em 2012, Eike Batista foi do auge ao declínio em poucos anos. Com uma fortuna estimada em US$ 30 bilhões, na época era o maior bilionário brasileiro do mundo e estava no auge com as empresas do grupo EBX (OGX, MMX e OSX). Em 2014, já não integrava mais a lista da Forbes.

A trajetória do então bilionário segue até a sua prisão em 2017, alvo da Operação Eficiência, um desmembramento da Operação Lava Jato, no Rio de Janeiro. Eike foi acusado de fazer parte de um esquema de corrupção do ex-governador Sergio Cabral, preso desde 2016.

Eike Batista (esquerda) interpretado por Nelson Freitas (direita)

Seu jeito ambicioso de buscar ter mais dinheiro para si e seus funcionários se destacam na narrativa. Nelson Freitas está bem à vontade no papel em uma atuação que consegue transitar entre um cara explosivo e confiante no que faz. 

Podemos destacar a montagem de Maria Rezende ao apresentar na obra o faturamento do bilionário e como existem "ganhos" e "perdas" ao longo de sua vida por meio de letterings.


O longa explora com bastante força a questão de como Eike se envolveu nos esquemas de corrupção, mesmo dizendo a todo o momento que era uma pessoa honesta e preocupada em dar empregos aos brasileiros. Até o fato de investir em postos de petróleo e nunca conseguir achar nada fez com que a sua própria equipe desacreditasse em suas palavras. 

Outro ponto importante é a preocupação do diretor em mostrar como o povo enxerga Eike - um salvador ou um louco? Especialmente por ele começar a se enveredar pelos caminhos da política e se envolver em fortes esquemas de corrupção. Há pessoas que criticam e aquelas que o defendem por suas ações, principalmente por acreditarem que o dinheiro que ele estava gerando para o país vinha de uma fonte segura.


O filme não explora muito a vida pessoal, focando mais no perfil do empresário e em seus investimentos. A incrível participação especial de Carol Castro no papel de Luma de Oliveira, ex-mulher de Eike, merece destaque. No elenco estão também Thelmo Fernandes, Marcelo Valle, Bukassa Kabengele, Juliana Alves e Xando Graça interpretando os funcionários da OGX, além de Jonas Bloch e André Mattos, que vive o ex-governador. 

Na adaptação, os ex-colaboradores da Petrobras que saíram da estatal para fundar a OGX ganham nomes fictícios: Laerte, Kopas, Nelson, Zita e Odorico, o Dr. Oil. Vale assistir "Eike: Tudo ou Nada" para conferir os altos e baixos da história do ex-bilionário que foi manchete nas mídias por anos.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Andradina Azevedo e Dida Andrade
Produção: Morena Filmes / Star Productions
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h50
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: Biografia

15 setembro 2022

Comédia "Uma Pitada de Sorte" trata do sonho nosso de cada dia

Fabiana Karla e Mouhamed Harfouch entregam bons momentos de comicidade como o casal nada romântico (Fotos: Fábio Bouzas/Paris Filmes)


Maristela Bretas


Com estreia nesta quinta-feira (15), "Uma Pitada de Sorte" chega aos cinemas com uma pegada leve, um pouco de romance e situações atrapalhadas que valem pela distração, especialmente pela sintonia da dupla principal, Fabiana Karla e Mouhamed Harfouch. Dirigido por Pedro Antônio, o filme busca mostrar que vale a pena correr atrás dos sonhos, mesmo quando a vida passa muitas rasteiras.

Fabiana interpreta a quase chef Pérola Brandão, uma mulher batalhadora, que sonha um dia ter seu próprio restaurante. Está sempre tentando emplacar suas receitas nos restaurantes onde trabalha e acaba se dando mal por isso. 


Nada parece que vai dar certo para a moça. Uma virada em sua vida a torna um sucesso de TV, ao lado do famoso chef francês Diego Gomes (Ivan Espeche, que segura bem seu papel). Mas isso pode afastá-la ainda mais de seu sonho. 

Companheiro inseparável, mas escondendo seu amor platônico pela amiga de infância está Lugão (Harfouch), ele é o amigo de todas as horas e da vizinhança (faz de tudo e ajuda todo mundo, quase um Homem-Aranha sem teia).


Correndo de um lado para outro, entre a função de sous-chef (auxiliar do chef) e as festas infantis organizadas pela empresa da mãe, Pérola vive esgotada e, além de Lugão, só tem o irmão Fred (JP Rufino) para desabafar. 

A simpatia e o sorriso largo de Fabiana são o maior diferencial de seu personagem. Pena que o roteiro não tenha explorado mais seu lado cômico, bem conhecido de outras produções.


A parte mais engraçada do filme é a seleção da pessoa que irá auxiliar o chef Diego no programa. Há outros bons momentos cômicos, garantidos por  Mouhamed Harfouch como o bombadão apaixonado, a veterana e sempre ótima Jandira Martini (como Dona Gina, mãe de Pérola) e Pedroca Monteiro como Bob, o assistente de produção da TV. 


O jovem JP Rufino começa tímido e vai se soltando já na primeira metade do filme. No elenco estão também Regiane Alves, como Margô, diretora de TV linha dura que não gosta de Pérola; Flávia Reis, a vizinha fofoqueira Raylane; Pablo Sanabio no papel de Vicente, também assistente de produção e vários outros atores conhecidos do público. Até mesmo o cantor Thiaguinho tem participação ultrarrápida e se sai bem. 


Um dos pontos especiais do longa foi a escolha do local para locação: Jurujuba, bairro de Niterói (RJ) de frente para a Baía da Guanabara. Com um visual lindo do mar no fim de tarde, a fotografia ganha destaque na produção. Imagens muito belas. 

O final é previsível como esperado, mas não atrapalha. Para quem procura um filme leve, sem muita pretensão, "Uma Pitada de Sorte" entrega o que se propõe - ser uma comédia romântica.


Ficha técnica:
Direção:
Pedro Antonio
Produção: Melodrama Produções / Globo Filmes / Telecine
Distribuição: Downtown Filmes / Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h33
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gênero: comédia romântica