12 novembro 2022

Projeto "Wakanda é Nóis" leva jovens da periferia de BH ao cinema

(Crédito: A Casa das Pretas/Divulgação)



Da Redação

Atualizado em 14/11/2022

 
Uma iniciativa do coletivo A Casa das Pretas, levou nessa segunda-feira (14) cerca de 400 jovens e adolescentes de escolas públicas e projetos sociais de Belo Horizonte ao cinema para assistirem ao filme "Pantera Negra: Wakanda Para Sempre". E tudo de graça, com direito a pipoca e refrigerante.


O coletivo é coordenado pelas advogadas Cristina Tadielo, Tatiana Pauline, Záira Pereira e Luísa Helena Martins Saraiva, que idealizou o projeto voltado para jovens pretos da periferia da capital.

Para conseguir custear o projeto, batizado de "Wakanda é Nóis", a Casa das Pretas criou uma vaquinha online que arrecadou mais de R$ 10,6 mil. Com o valor e uma parceria com a Cineart, foram fechadas para o grupo duas salas da rede no Boulevard Shopping. E também custear o transporte dos jovens até o cinema.


Inicialmente, a ideia era levar até 100 jovens de 14 a 16 anos ao cinema, mas a grande aderência à campanha fez com que a iniciativa se expandisse. Os adolescentes e jovens são de cinco escolas e públicas e dos projetos sociais Lá da Favelinha e Empodere.


A expectativa, segundo as advogadas, é que cada um desses jovens se identifique com os heróis responsáveis por proteger as tribos africanas do reino governado pelo rei T’Challa e compreendam a importância da representatividade racial.


08 novembro 2022

"Encantada" redescobre o "felizes para sempre" com magia e diversão

Live-action traz para os dias de hoje a fantasia do conto de fadas das princesas (Fotos: Walt Disney Studios)


Marcos Tadeu
Blog Narrativa Cinematográfica


Misturar live-action com animações já vinha se tornando uma prática em Hollywood desde "Uma Cilada para Roger Rabbit" (1988'), "Space Jam: O Jogo do Século" (1996) e "Looney Tunes: De Volta à Ação" (2003). Mas foi no ano de 2007, com "Encantada" ("Enchanted") que a Disney decidiu brincar com esse formato em suas princesas e escolheu Gisele para ser a protagonista da história. 

E deu tão certo que a produção faturou US$ 340,5 milhões de bilheteria e o prêmio de Melhor Filme de Família do Critics's Choice Award de 2008.


Na história conhecemos Giselle (Amy Adams), princesa no reino de Andalasia, que sonha em casar e viver o feliz para sempre com seu príncipe perfeito. Já o Príncipe Edward (James Marsden) é um jovem aventureiro que gosta de caçar ogros. Após salvar Giselle de um deles, confessa a seu assistente Nathaniel (Timothy Spall) que deseja se casar com Giselle. 


Tudo parecia perfeito, se o príncipe Edward não fosse enteado da rainha Narissa (Susan Sarandon), que não aceita que ele se case com uma pobre menina que gosta de falar com animais. A rainha então tem a ideia de se disfarçar para enganar a futura princesa, que é lançada em um poço, parando em um bueiro em plena Nova Iorque nos dias de hoje.


É muito interessante como que nessa introdução, todos os elementos de mocinhos, par romântico e vilões são bem apresentados. Giselle tem as mesmas aspirações que princesas clássicas como Branca de Neve, Aurora e Cinderela. 

O príncipe Edward também segue os padrões dos príncipes Encantado, Phillip, Henry.  Até as vilãs são uma singela homenagem à Rainha Má, Malévola e Lady Tremaine.


No mundo real, Giselle é obrigada a viver uma vida mais pé no chão, literalmente. Ela conhece Robert (Patrick Dempsey), que a leva para sua casa. Esse estranhamento da jovem é muito bem colocado na obra. 

As únicas coisas que ela sabe fazer é arrumar a casa, cantar com ratos e pombos para ajudar a limpar a bagunça do local e criar vestidos das cortinas do apartamento. 

Robert, além de ser noivo de Nancy (Idina Menzel) tem uma filha, chamada Morgan (Rachel Covey), que vê em Giselle a possibilidade de criar laços, por causa do falecimento de sua mãe.


O maior barato do filme é ver como Giselle faz com que Nova York. O olhar bondoso e inocente de nossa protagonista faz com que o espectador se apaixone por sua trajetória. Isso se deve muito ao carisma e simpatia de Amy Adams. 

Existem boas cenas como as passadas no parque, no restaurante italiano e no quarto de Edward. Esse bom humor nos desenhos ainda é uma assinatura carimbada do estúdio.


O alívio cômico é dado por Nathaniel, capanga da rainha Narissa, e Pipe, o esquilinho parceiro de Giselle. Enquanto um tenta atrapalhar não deixando que os pombinhos apaixonados se encontrem, o animalzinho faz de tudo para uni-los. 

A jovem passa o tempo tentando reencontrar o príncipe Edward, que também sai em busca dela. Além disso, Robert e Nancy, também começam a questionar seus sentimentos e ele passa a ver Giselle como sua outra metade. 


Na música "How Do She Know You Love Her" a princesa canta exatamente isso para ele questionando se, de fato, existe amor ali ou só uma paixão.  No roteiro ao colocar Edward e Giselle frente a frente, podemos notar que ambos estão em momentos diferentes e a jovem não o ama mais. 

Isso se confirma em mais uma valsa ao som de "So Close" quando Robert e Gisele se deixam levar pelo amor. Há uma quebra ali, um sentimento de não se sentir mais parte daquela pessoa.

Outro grande diferencial da narrativa é que não é a princesa que precisa ser salva. Além de descobrir o amor verdadeiro, ela luta por sua vida ao ser sequestrada pela rainha Narissa. Uma cena muito bem feita e coreografada.


Nos aspectos técnicos do filme temos que destacar a incrível e forte atuação de Amy Adams, que carrega o filme nas costas junto com Indina Mezel. Não menos importante estão as interpretações de Patrick Dempsey e James Mardsen. 

A trilha sonora de Alan Menken, que já assinou grandes obras do estúdio Disney traz canções viciantes que dão vontade de cantar sempre. Os figurinos, assinados por Mona May, também não ficam atrás e reforçam o padrão Disney de princesas, principalmente na cena do baile.


Talvez o único aspecto negativo, é o pouco tempo da história da rainha Narissa. Se a vilã fosse para Nova York durante o andamento da história, talvez fizesse com que o público comprasse suas motivações, mas nada que atrapalhe a experiência da obra.

"Encantada" redescobre o "felizes para sempre" de forma magistral, até sua conclusão. Um filme divertido e cheio de canções que nos inspiram a sonhar, mesmo em meio a uma vida cotidiana cheia de desafios.


Ficha técnica:
Direção: Kevin Lima
Produção: Walt Disney Pictures / Sonnenfeld / Josephson Productions
Distribuição: Walt Disney Pictures
Exibição: TV e Disney+
Duração: 1h51
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: live-action, fantasia, aventura, família