22 novembro 2022

"Meu Filho é um Craque" e o peso de uma mentira do bem

Comédia francesa reúne Maleaume Paquin e François Damiens interpretando pai e filho (Fotos: Pandora Filmes)


Maristela Bretas


Emocionante comédia francesa, "Meu Filho é um Craque" ("Fourmi") explora, de forma lúdica, as expectativas, sonhos, frustrações e, acima de tudo, a relação nem sempre tranquila, mas importante e indispensável entre pais e filhos. A comédia francesa é baseada na obra "Dream Team", de Mario Torrecillas e Arthur Laperla, e estreia nesta quinta-feira (24) nos cinemas.


O pano de fundo é o futebol e a estreia da produção não é uma simples coincidência com a Copa do Mundo, apesar de ter sido feita em 2019. Se a paixão por este esporte é mundial, ela não é menor na França, onde se passa a história. No entanto, o time escolhido para ser o objeto de desejo de um pai e de moradores de um vilarejo francês é, ironicamente, uma equipe inglesa, o Arsenal.


É em cima dessa ligação com o futebol que esta comédia dramática se desenrola, numa fase de amadurecimento e descobertas do protagonista Theo (Maleaume Paquin), um adolescente de 12 anos. 

E seu difícil pai, Laurent (François Damiens), um homem que se desiludiu com a vida, vive bêbado e causando constrangimento ao filho cada vez que aparece em seus jogos pelo time da cidade.


Theo, é um craque, como está no título, e se destaca no time, para orgulho do treinador Claude (André Dussollier) e do pai, que normalmente está alcoolizado quando comparece às partidas, criando confusão e brigas. Laurent enfrenta uma fase difícil na vida desde que perdeu o emprego e se divorciou da mãe de Theo.

Mas o amor do garoto pelo pai é maior e o leva a perdoá-lo todas as vezes. Há uma inversão de papéis nesta fase, onde Theo se torna pai para tentar cuidar de Laurent. E é nesse contexto que surge uma situação onde uma simples mentira pode representar uma grande mudança na vida de todos da comunidade.


Theo conta ao pai que foi chamado para treinar no Arsenal, mas que precisa de um adulto para acompanhá-lo. A partir daí, Laurent decide dar uma guinada em sua vida para tornar-se digno do filho e das autoridades.

E como mentira puxa mentira, apenas dois amigos do adolescente estão dispostos a ajudá-lo a sustentar a história criada, criando situações bem engraçadas. Outras pessoas também se empolgam com a notícia, inclusive o treinador Claude, que sempre foi um incentivador de Théo e amigo do pai dele.


A cada dia, pai e filho ficam mais próximos, mesmo contra a vontade da mãe, Chloé (papel de Ludivine Sagnier), que não concorda com o comportamento destrutivo do ex-marido. Outra que não acredita na mudança de Laurent é Romane (Cassiopée Mayance), amiga de Theo, que insiste em chamá-lo de Fourmi (formiga) por causa de sue tamanho. 

Mas a dupla vai contar com a ajuda da assistente social Sarah (Laetitia Dosch) que acompanha a família e acredita que o pai tem jeito.


O roteiro de "Meu Filho é um Craque" é bem simples, sem muitas invenções. O único efeito especial é a emoção que provoca no público. É daquelas histórias que pode acontecer em qualquer família e que envolvem relação, carinho, afeto, brigas (claro!), admiração, respeito e reconhecimento. 


Destaque para a sintonia entre os atores Maleaume Paquin e François Damiens, um acerto muito bom na escolha feita pelo diretor Julien Rappeneau. 

Isso ajudou a dar mais emoção a essa comédia dramática. Indico para ser assistida em família. As questões abordadas na trama podem ajudar pais e filhos a se entenderem melhor, buscarem o diálogo e passarem mais tempo juntos. 


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Julien Rappeneau
Produção: TF1 Studio, France 2 Cinema, Scope Pictures, The Film
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h35
Classificação: 12 anos
País: França
Gêneros: comédia, drama

20 novembro 2022

O "dream man" Jason Momoa leva órfã para uma aventura na "Terra dos Sonhos"

Um ótimo filme de aventura e fantasia para ser assistido em família (Fotos: Netflix)


Silvana Monteiro


Para crianças de 8 a 80 anos, "Terra dos Sonhos" ("Slumberland") é um ótimo filme de aventura e fantasia e uma boa pedida para assistir em família. Produzido e exibido pela Netflix, o longa é dirigido por Francis Lawrence e escrito por David Guion e Michael Handelman, baseado na história em quadrinhos "Little Nemo in Slumberland", de Winsor McCay. 


Além de contar com um ator que chama a atenção e já conhecido do público por sua beleza e simpatia - Jason Momoa, o "Aquaman" (2018), do Universo DC. O filme entrega um roteiro intenso e animador ao tratar de realidade, sonhos, pesadelos, luto e depressão, mas de uma forma encantadora.


A história é centrada na menina Nemo - leia se "Nimo" (Marlow Barkley) - que mora em um farol com seu pai, Peter (Kyle Chandler). Educada em casa, ela vive num mundo afetuoso e seguro em sua humilde casa. Mas a morte do pai, além de trazer a orfandade para a criança, vai provocar uma mudança radical em seu modo de viver. 


Ela será levada para a casa do tio Phillip (Chris O'Dowd), um vendedor de maçanetas (uma referência a um desdobramento importante da história). A menina passa a frequentar a escola, mas sente-se segura apenas em seu quarto, de preferência, dormindo.


É na "Terra dos Sonhos" que ela vai viver suas maiores aventuras ao lado de seu bichinho de pelúcia, o porco. Sonhando, Nemo conhece Flip (Jason Momoa), uma figura mitológica que vai levá-la a realizar seu maior desejo.

Entre pérolas marinhas, aves gigantescas, navios, aviões, e muitas portas (numa referência às descobertas e experiências), os dois vão viver aventuras incríveis que prenderão o telespectador. 


Os destaques do filme são os figurinos, a estética dos cenários numa fotografia arrojada e a brilhante ideia de jogar, no meio da história, personagens passageiros, que ficam por poucos minutos, exatamente como acontece quando sonhamos e acordamos. 

Além de Momoa, a Agente Verde (Weruche Opia), que vive perseguindo Flip e Nemo, se destaca pela essência perfeita do Black Power. Seus looks ao estilo dos anos 70 são incríveis. 


A personagem funciona como uma justificativa ao alter ego fora da lei de Flip, como se seu comportamento policialesco, agindo como uma "atrapalhadora" de sonhos, justificasse o arquétipo criminoso do protagonista.

O filme é uma imersão no universo psicanalítico, tem profundas referências à semiótica e a psiquiatria, temas envoltos numa narrativa interessantíssima do mundo onírico. Tudo tratado com bom humor e sensibilidade do início ao fim.


Ficha técnica:
Direção: Francis Lawrence
Produção, distribuição e exibição: Netflix
Duração: 1h57
Classificação: 10 anos
País: EUA
Gêneros: aventura, fantasia, família