24 novembro 2022

Explore a emoção e diversidade de um "Mundo Estranho" muito fofo e colorido

Uma aventura recheada de fantasia, seres estranhos e uma família nada convencional (Walt Disney Pictures) 


Maristela Bretas


Quer uma animação que faz toda a família se emocionar e sair se sentindo mais leve do cinema? Então assista "Mundo Estranho" ("Strange Word"), mais uma produção do Walt Disney Animation Studios, que não erra ao juntar numa só história aventura, diversidade, relação familiar inter-racial, personagem com deficiência física e fantasia. Tudo com muita cor e fofurice, sob a direção de Don Hall, vencedor do Oscar com "Operação Big Hero" (2015), e Qui Nguyen.


O longa, em cartaz nos cinemas, encanta a todas as idades e traz, como sempre, uma bela mensagem. Algo que o estúdio do Ratinho mais famoso do mundo tem se aprimorado em suas produções e se tornado cada vez mais atuante para mudar conceitos e acabar com o preconceito. 

No elenco de dubladores norte-americanos temos Jake Gyllenhaal (voz de Searcher Clade), Dennis Quaid (o pai Jaeger Clade), Jaboukie Young-White (o jovem Ethan Clade), Gabrielle Union (como a mãe Meridian) e Lucy Liu (como a guerreira Callisto Mal).


Mas o principal está nos seres do tal "Mundo Estranho". São monstrinhos azuis que parecem gelatinas com braços, seres semelhantes a uma ave de papel cor de rosa que voam e comem o que vêm pela frente, peixinhos voadores, dinossauros nada convencionais, gotas douradas que se transformam em flores. 

Tudo com muita vida, capaz de preencher a tela do cinema de uma maneira emocionante e alegre. Até mesmo os "vilões" mais perigosos são simpáticos. 


A história foca nos Clade, uma família nada convencional cujo pai, Jaeger é um famoso explorador. Ele mora com a mulher e o filho no pequeno vilarejo de Avalonia, localizado entre várias montanhas de onde ninguém nunca conseguiu sair. 

Jaeger, no entanto, nunca desistiu de tentar saber o que há além do vale e vive sua vida para isso. Só esqueceu de perguntar ao filho Searcher se ele queria seguir seus passos. Uma grande descoberta, no entanto, vai separar estes dois.


Anos depois, Searcher, agora um homem casado e pai de um adolescente de 16 anos, está feliz como fazendeiro, é respeitado pela comunidade por seu achado que mudou a vida de todos, abomina a ideia de ser um explorador como o pai, mas ainda vive à sombra dele, mesmo ele tendo desaparecido. 

Mas um fato pode mudar a vida de Avalonia e Searcher terá de deixar sua vida tranquila e caseira para enfrentar um mundo novo, inexplorado e nada seguro. E vai descobrir que, por mais que deteste aceitar, está fazendo com Ethan o mesmo que seu pai fez com ele - tentando definir seu destino.


Na balança para equilibrar as relações familiares entre os homens está Meridian, uma mãe carinhosa, que entende muito de mecânica e é uma excelente piloto de aeronaves. Temos também Callisto, uma velha amiga dos Clade, líder destemida de Avalonia e protetora da comunidade.

Claro que uma família não seria a mesma sem um "bichinho de estimação". Para divertir a garotada temos Lenda, a cadela de três patas dos Clade que apronta todas e é a fiel amiga de Ethan.


A animação tem ainda outro ponto que atrai, desta vez os apaixonados por "Star Wars", como eu. São muitas as referências aos filmes da franquia. A animação é uma mistura de ficção e pura fantasia e lembra, em alguns momentos um dos maiores sucessos do estúdio Disney - "Fantasia" -, criado em 1940, que reúne música, cor e magia. 


As crianças pequenas vão se encantar pelos monstrinhos coloridos, mas serão os mais velhos e, especialmente os pais que irão receber uma aula de relação familiar. Com um final surpreendente e encantador, "Mundo Estranho" é uma animação digna de ser assistida numa tela grande, apesar de já haver boatos de que deverá estrear no canal de streaming Disney+ até o Natal deste ano.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Don Hall e Qui Nguyen
Produção: Walt Disney Animation Studios
Distribuição: Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h42
Classificação: livre
País: EUA
Gêneros: fantasia, família, animação, ficção

22 novembro 2022

"Meu Filho é um Craque" e o peso de uma mentira do bem

Comédia francesa reúne Maleaume Paquin e François Damiens interpretando pai e filho (Fotos: Pandora Filmes)


Maristela Bretas


Emocionante comédia francesa, "Meu Filho é um Craque" ("Fourmi") explora, de forma lúdica, as expectativas, sonhos, frustrações e, acima de tudo, a relação nem sempre tranquila, mas importante e indispensável entre pais e filhos. A comédia francesa é baseada na obra "Dream Team", de Mario Torrecillas e Arthur Laperla, e estreia nesta quinta-feira (24) nos cinemas.


O pano de fundo é o futebol e a estreia da produção não é uma simples coincidência com a Copa do Mundo, apesar de ter sido feita em 2019. Se a paixão por este esporte é mundial, ela não é menor na França, onde se passa a história. No entanto, o time escolhido para ser o objeto de desejo de um pai e de moradores de um vilarejo francês é, ironicamente, uma equipe inglesa, o Arsenal.


É em cima dessa ligação com o futebol que esta comédia dramática se desenrola, numa fase de amadurecimento e descobertas do protagonista Theo (Maleaume Paquin), um adolescente de 12 anos. 

E seu difícil pai, Laurent (François Damiens), um homem que se desiludiu com a vida, vive bêbado e causando constrangimento ao filho cada vez que aparece em seus jogos pelo time da cidade.


Theo, é um craque, como está no título, e se destaca no time, para orgulho do treinador Claude (André Dussollier) e do pai, que normalmente está alcoolizado quando comparece às partidas, criando confusão e brigas. Laurent enfrenta uma fase difícil na vida desde que perdeu o emprego e se divorciou da mãe de Theo.

Mas o amor do garoto pelo pai é maior e o leva a perdoá-lo todas as vezes. Há uma inversão de papéis nesta fase, onde Theo se torna pai para tentar cuidar de Laurent. E é nesse contexto que surge uma situação onde uma simples mentira pode representar uma grande mudança na vida de todos da comunidade.


Theo conta ao pai que foi chamado para treinar no Arsenal, mas que precisa de um adulto para acompanhá-lo. A partir daí, Laurent decide dar uma guinada em sua vida para tornar-se digno do filho e das autoridades.

E como mentira puxa mentira, apenas dois amigos do adolescente estão dispostos a ajudá-lo a sustentar a história criada, criando situações bem engraçadas. Outras pessoas também se empolgam com a notícia, inclusive o treinador Claude, que sempre foi um incentivador de Théo e amigo do pai dele.


A cada dia, pai e filho ficam mais próximos, mesmo contra a vontade da mãe, Chloé (papel de Ludivine Sagnier), que não concorda com o comportamento destrutivo do ex-marido. Outra que não acredita na mudança de Laurent é Romane (Cassiopée Mayance), amiga de Theo, que insiste em chamá-lo de Fourmi (formiga) por causa de sue tamanho. 

Mas a dupla vai contar com a ajuda da assistente social Sarah (Laetitia Dosch) que acompanha a família e acredita que o pai tem jeito.


O roteiro de "Meu Filho é um Craque" é bem simples, sem muitas invenções. O único efeito especial é a emoção que provoca no público. É daquelas histórias que pode acontecer em qualquer família e que envolvem relação, carinho, afeto, brigas (claro!), admiração, respeito e reconhecimento. 


Destaque para a sintonia entre os atores Maleaume Paquin e François Damiens, um acerto muito bom na escolha feita pelo diretor Julien Rappeneau. 

Isso ajudou a dar mais emoção a essa comédia dramática. Indico para ser assistida em família. As questões abordadas na trama podem ajudar pais e filhos a se entenderem melhor, buscarem o diálogo e passarem mais tempo juntos. 


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Julien Rappeneau
Produção: TF1 Studio, France 2 Cinema, Scope Pictures, The Film
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h35
Classificação: 12 anos
País: França
Gêneros: comédia, drama