23 janeiro 2023

“Entre a Colônia e as Estrelas” revela um universo distópico não muito longe de nós

Média-metragem está em exibição na 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes (TV Coragem/Reprodução)


Larissa Figueiredo - Correspondente na Mostra


Sob a ótica poética e metafórica do diretor Lorran Dias, “Entre a Colônia e as Estrelas” (2022), em cartaz na 26ª Mostra de Cinema de Tiradentes, narra a trajetória de Estelar (Timbuca Hai), uma técnica em enfermagem que trabalha em um hospital psiquiátrico e tem o dom de ver o passado. 


Durante uma crise hídrica no estado do Rio de Janeiro, ela recebe Kalil (Lorre Motta), seu irmão mais novo, para morar em sua casa. Em meio às divergências políticas e identitárias entre ambos, a protagonista irá enfrentar uma jornada de autoconhecimento rumo ao local onde moram todas as diferenças, literalmente. 


A obra se apoia em fatos históricos como o antigo “manicômio” Colônia Juliano Moreira e a crise hídrica do Rio de Janeiro em 2020 para construir um cenário distópico em que a protagonista se isenta de discutir as questões sociais que a cercam e, que com o tempo, passam a ser a causa para o desaparecimento das pessoas que conhece, incluindo Kalil. 


O roteiro intercala as visões de um passado que Estelar não viveu com o difícil presente. As antigas e reais imagens turvas do manicômio lotado se mesclam à ficção, quando os enfermeiros militam contra a volta do tratamento de choque nos pacientes do atual hospital. 

A presença de um tempo pretérito que se mistura à atualidade é um lembrete de que a luta precisa continuar, além de relevar uma montagem primorosa e sensível. 


A sonoplastia do média-metragem traz um toque especial às cenas de suspense, junto aos planos de filmagem mais longos e uma trilha sonora marcante que embala os mais diversos cenários da obra. 

Em 49 minutos, o filme fala com primor e afetuosidade sobre diferenças, resistência, família e divisões econômicas em um Rio de Janeiro ficcional, mas não muito distante do que conhecemos, ou deveríamos conhecer. 


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Lorran Dias
Disponível: até 24/01 às 18 horas em: www.mostratiradentes.com.br/filmes/mostra-cinema-mutirao/
Produção: TV Coragem
Distribuição: Fistaile
Duração: 49 minutos
Classificação: 10 anos
País: Brasil (produzido no Rio de Janeiro)
Gênero: Ficção
Avaliação: 4/5

Serviço:
26ª Mostra de Cinema de Tiradentes
Período: até o dia 28 de janeiro de 2023
Exibição: em formato online e presencial
Programação: totalmente gratuita
Maiores informações: www.mostratiradentes.com.br

22 janeiro 2023

"Terrifier 2" - Difícil acreditar que o primeiro é ainda pior

Art, o palhaço assassino, causa pânico e nojo cometendo uma carnificina do início ao fim (Fotos: A2 Filmes)


Maristela Bretas


A propaganda foi grande desde o início, os cartazes e trailers, além das notícias de pessoas saindo do cinema passando mal foram atrativos essenciais para atrair o público ao cinema. 

Mas "Terrifier 2" decepciona quem busca uma produção de terror de qualidade, com história e sustos de pular na cadeira, sem precisar ficar traumatizado. 

O longa, categorizado no subgênero de filmes de terror slasher (com assassinos psicopatas que matam aleatoriamente), tem uma violência gratuita e sem medida durante mais de duas horas de duração, que chega a provocar mal-estar.


Não acrescenta nada, além das atuações ruins e de ser uma colcha de retalhos de clichês de outras produções bem melhores do gênero. Comum numa produção de baixo orçamento, onde o diretor acaba assumindo várias funções.

Damien Leone é também o roteirista, coprodutor, engenheiro de som, montador e editor de efeitos especiais. Um alerta: não é preciso assistir o primeiro filme, de 2016. A sequência já esclarece as principais dúvidas. 


Muitas pessoas se empolgaram em conferir o filme somente porque sabiam que havia mutilação de corpos, mortes brutais e sangue espirrando para todos os lados, não importando a hora ou local. No final da sessão,  no entanto, a crítica era negativa, na maioria dos casos, quanto ao roteiro. 

Haja criatividade (se é que se pode chamar assim) para criar um roteiro tão violento e louco, mas fraco. Não chega a ser um tiro no pé, uma vez que o diretor e roteirista do primeiro "Terrifier" (que pode ser conferido na  Amazon Prime Video) é o mesmo desta produção - Damien Leone e apostou na sequência. 


Ele acerta, no entanto, na escolha do ator David Howard Thornton, que retorna no papel de Art, the Clown, entregando a única interpretação boa do filme. Art, o palhaço, é realmente assustador e convence nas cenas de crueldade. Ele é a própria essência do mal. 

A maquiagem também ajudou a dar ao personagem o aspecto necessário para as cenas de matança, susto e nojo. É tudo tão absurdo que há momentos em que você se pega rindo da risada do vilão, mesmo sabendo que ele vai cometer alguma atrocidade.


O enredo explica superficialmente o que levou o palhaço a ter esse comportamento assassino.  Ele é obsessivo, metódico, curte a forma como tortura e mata suas vítimas, enquanto se delicia ao vê-las sofrer. 

Desaparecido há alguns anos após sua morte, Art se torna uma lenda entre os habitantes do Condado de Miles, cidade onde cometeu vários assassinatos no passado. 

Ele desperta a curiosidade do jovem Jonathan (Elliott Fullam), que prepara uma fantasia igual a do palhaço para o dia de Halloween (sempre nesta data, claro!). 


O que ele não esperava era que Art ressuscitaria e voltaria à cidade. Jonathan e a irmã Sienna (Lauren LaVera) acabam se tornando alvos do assassino. 

Ao parar em uma lavanderia para lavar suas roupas, o palhaço conhece uma garotinha igualmente assustadora, conhecida apenas como a "garotinha pálida" (Amelie McLain). 


Ao lado de sua nova parceira, ele retoma a matança de quem atravessa seu caminho.  Enfim, a história (ou a falta dela) de "Terrifier 2" se sustenta apenas na carnificina do personagem e desagradou até mesmo alguns fãs deste subgênero de terror. 

Bem diferente de Pennywise, o palhaço assassino de "It - A Coisa", Art deixa  a desejar e ainda não entra na lista dos lendários Michael Myers ("Halloween"), Freddy Krueger ("A Hora do Pesadelo") e Jason Voohees ("Sexta-Feira 13"). Para piorar, as cenas pós-créditos deixam claro que haverá um terceiro filme. Haja estômago!


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Damien Leone
Distribuição: Imagem Filmes e A2 Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h18
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gênero: terror