30 março 2023

"A Primeira Comunhão" - quando uma criança e uma boneca são o pior de seus pesadelos

Terror espanhol apresenta brinquedo amaldiçoado de uma menina desaparecida que persegue quatro jovens (Fotos: Wild Side)


Maristela Bretas


Usando efeitos especiais que causam sustos convincentes, mas esperados, “A Primeira Comunhão” ("La Niña de la Comunión") é um terror espanhol que pode agradar. Apesar de dar indicações do que virá no final, o filme é bem conduzido pelo diretor Victor Garcia. 

A produção apresenta uma entidade do mal incorporada em uma boneca, que não é tão assustadora como Annabelle, apresentada na franquia "Invocação do Mal" e protagonista de dois filmes - "Annabelle" (2014) e "Annabelle 2 - A Criação do Mal" (2017). 
 

A boneca de “A Primeira Comunhão” é bonitinha, do tipo que muita criança deve tem na prateleira do quarto. 

Mas o que o brinquedo, que um dia foi de uma menina, é capaz de fazer vai deixar muita gente de cabelo em pé. E pior, pode levar à morte aqueles que têm contato com ela.


O filme se passa no final dos anos 1980. A recém-chegada Sara (Carla Campra) tenta se entrosar com os outros adolescentes de uma pequena cidade na província de Tarragona, na Espanha. 

Sua única amiga, a extrovertida Rebe (Aina Quiñones), é uma das pessoas detestadas pelos moradores, o que não ajuda muito. 


Uma noite, elas vão para uma casa noturna e, na volta, a caminho de casa, de carona com dois conhecidos - Pedro (Marc Soler) e Chivo (Carlos Oviedo) -, encontram uma boneca antiga no meio de uma mata. 

Sara jura para o grupo que viu uma menina, vestida para primeira comunhão, segurando o brinquedo, mas eles não acreditam.


A partir daí, coisas estranhas começam a ocorrer com os quatro - manchas pelo corpo, luzes piscando em casa ou no trabalho, portas batendo e fechando, vozes do além e alucinações com um ser que tenta matá-los. 

A história da boneca e de sua dona, uma menina desaparecida anos atrás, é um mistério que ninguém da cidade gosta de comentar. Do tipo lenda urbana para afastar as crianças da floresta. Mas até mesmo o padre local tem medo da maldição que ela carrega. 


"A Primeira Comunhão" é um filme com cenas de terror e aparições, seguidas de ataques da entidade, muito parecidas com as da freira diabólica Valak, de "Invocação do Mal 2" (2016) e "A Freira" (2018). 

Especialmente  as que a mostram saindo da escuridão. Assusta, mas não tanto quanto os personagens da famosa franquia.


Ficha técnica:
Direção: Víctor Garcia (VI)
Produção: Ikiru Films, Atresmedia Cine, Rebelión Terrestre e La Terraza Films
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h38
Classificação: 18 anos
País: Espanha
Gênero: Terror

29 março 2023

"O Urso do Pó Branco" era para ser um terror trash, mas não passa de uma comédia fraca

Personagem criado em CGI garante poucos sustos e cenas de mutilações (Fotos: Universal Pictures)


Maristela Bretas


Nem comédia, nem suspense, nem ação. "O Urso do Pó Branco" ("Cocaine Bear") não passa de um filme de zoação, como muitos de baixo orçamento. 

A classificação de 18 anos deve ser só por causa da cocaína e de algumas mortes provocadas pelos ataques do urso preto. Há filmes de terror com muito mais violência.


Roteiro, atuações e até a computação gráfica usada para "dar vida" ao urso são muito fracas (talvez esse seja o objetivo dos produtores). Se possível, fuja da versão dublada. 

A intenção de Elizabeth Banks pode ter sido boa ao buscar num fato real a inspiração para este filme. A história até vale, mas ficou mais uma comédia de terror, com violência boba, piadas e situações absurdas que não chegam a provocar uma risada.


Os personagens são caricatos, não escapa um, nem as crianças. Só mesmo o urso cheirador de pó que dá um toque mais tenso ao enredo, mas poderia ser melhor. 

O filme está mais para o subgênero trash animal, do tipo "Piranha 2: Assassinas Voadoras", "Sharknado" ou o "Ataque do Tubarão de 3 Cabeças". Algumas dessas e de outras produções do tipo são até mais engraçadas.


Nem a curta participação de Ray Liotta (falecido recentemente) como o traficante Syd, pai do inexpressivo Eddie (papel de Alden Ehrenreich, de "Han Solo: Uma História Star Wars" - 2018), que também tem um filho no filme, consegue convencer.

As cenas do urso comendo ou cheirando cocaína parecem tiradas de um filme barato. Mas a atuação do monstro preto peludo convence mais que a de todos os atores. 

Garante algum suspense, arrancando membros a cada patada e espirrando sangue que mais parece ketchup na camisa. 


Baseado em fatos reais

A história é baseada no caso real do traficante Andrew Thornton que, em 1985, descartou um carregamento de 30 quilos de cocaína em uma floresta no estado da Geórgia, nos Estados Unidos. 

A carga foi encontrada e consumida por um urso preto de 80 quilos que sofreu uma overdose e morreu pouco depois.

No filme, o urso (interpretado por Allan Henry que contou com o auxílio de CGI e próteses para ficar do tamanho do animal), encontra a droga descartada na floresta pelos traficantes.


E passa a cheirar todos os pacotes de cocaína, ficando cada vez mais viciado e violento. Na busca por mais droga, ele mata todos que encontra pelo caminho - turistas, adolescentes, policiais e até os bandidos que voltam à floresta para recuperar a carga.

Se está procurando um filme médio, com algumas cenas violentas e um urso totalmente alucinado e sem controle, arrisque assistir "O Urso do Pó Branco". Boa sorte!


Ficha técnica:
Direção: Elizabeth Banks
Produção: Brownstone Productions e Lord Miller Productions
Distribuição: Universal Pictures Brasil
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h35
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: ação, comédia, suspense