19 abril 2023

Expedição do Dr. Lund pelo Brasil é contada em "O Homem de Lagoa Santa"

“Docudrama” gira em torno da trajetória do paleontólogo pelo interior do país no século XIX (Fotos: Leonardo Barcelo/ Helvécio Martins e Divulgação)


Da Redação


Estreia nesta quinta-feira (20), às 19 horas, no Una Cine Belas Artes, a exibição inédita do longa-metragem "O Homem de Lagoa Santa". O “docudrama” é roteirizado e dirigido pelo diretor Renato Menezes.

Com produção do Grupo Novo de Cinema e TV, Tarcísio Vidigal e Lúcia Fares, o longa ficará em cartaz até o dia 26 de abril, sempre no mesmo horário.

O filme reproduz a trajetória do naturalista dinamarquês Peter Wilhelm Lund, interpretado pelo experiente ator mineiro Chico Aníbal. As pesquisas do paleontólogo, que viveu no Brasil durante 45 anos, abriram caminho para Charles Darwin dar prosseguimento à teoria da origem das espécies. 


As semelhanças físicas de Chico Aníbal e Luiz Hippert com Lund e seu secretário Andreas Brandt são surpreendentes. Coube a Helena Penna o papel de Luzia, cozinheira do pesquisador.

Também estão no elenco outros atores conhecidos do teatro mineiro como Carl Shumacher, Célio Scarpa, Neuza Rocha, Rafael Neumayr, Charles Fagundes, Gercino Alves.


As grutas Rei do Mato, em Sete Lagoas, e Maquiné, em Cordisburgo, além de Ouro Preto, Lagoa Santa, Pedro Leopoldo e Matozinhos foram utilizadas como locações. 

O documentário recebeu assessoria técnico-científica de Rosângela Albano, diretora do Centro de Arqueologia Annette Laming Emperaire (Caale), de Lagoa Santa, e do professor e paleontólogo da PUCMinas, Castor Castelle.


Os fósseis de Lagoa Santa

Misto de obra ficcional e documentário, o filme gira em torno da expedição botânica que Peter Lund realizou ao interior do Brasil, em 1833. 

No trajeto, ele se encontrou com o também dinamarquês Peter Claussen e o norueguês Andreas Brandt levando uma amostra de fósseis encontrados em rochas calcárias da região de Lagoa Santa (MG). 

Lund acreditava que esses ossos poderiam ter sido contemporâneos dos animais da Megafauna que há muito pesquisadores acreditavam terem sido extintos durante o dilúvio da Arca de Noé.


Em 1840, a descoberta do “Homem de Lagoa Santa”, o hominídeo mais antigo da América do Sul, derruba as convicções científicas do pesquisador. Elas eram fundamentadas em anos de estudos ao lado de George Cuvier – fundador da paleontologia.

O achado inaugurou o debate e as contradições entre ciência e religião. Colocava em xeque a teoria cristã de que o dilúvio havia dizimado todos os seres vivos na Terra. A teoria de Lund, porém, só chegou a ser confirmada muito tempo depois, em 2002, com base em análises das ossadas.


Filmado em Super 16mm e finalizado em digital, "O Homem de Lagoa Santa" tem direção de arte de Sergio Silveira. Ele reconstitui a arquitetura de meados do século XIX e cenários repletos de detalhes. Entre eles, fósseis originais, as gravuras de Brandt e objetos levados pelos tropeiros da época.

A equipe de produção foi formada por 50 técnicos do Grupo Novo de Cinema e TV e mais de 60 figurantes. 

Com narração de Marcos Caruso e Otávio Augusto, a equipe técnica conta ainda com Silviano Santiago, no texto; Luis Abramo, na fotografia; Marta Luz, na montagem, e música de Guilherme Vaz.


SERVIÇO
Data: 20 a 26 de abril
Horário: 19 horas
Local: Cine Belas Artes – Rua Gonçalves Dias, 1581, Lourdes, BH
Duração: 1h12
Classificação: Livre

14 abril 2023

"O Colibri" aposta na narrativa simples para falar de memórias

Baseado no romance de Sandro Veronesi, filme segue a vida e as relações de um médico desde a década de 1970 (Fotos: Enrico De Luigi)


Marcos Tadeu 
Blog Narrativa Cinematográfica


Responsável por abrir o Festival de Roma e exibido no Festival de Toronto, o longa "O Colibri" estreia no UNA Cine Belas Artes, sob a direção de Francesca Archibugi. A obra é marcada pela simplicidade de sua narrativa ao falar do resgate das memórias e vivências de maneira intimista e intensa.


A história começa no início da década de 1970 e segue por vários anos da vida do protagonista. No longa, conhecemos Marco Carrera (Pierfrancesco Favino), um importante médico que é interrompido durante seu atendimento por um psicólogocom notícias sobre o estado de saúde de Luisa Lattes (Bérénice Bejo), um amor do passado que nunca foi consumado nem esquecido. 


Casado e vivendo em Roma com a esposa Marina (Kasia Smutniak) e a filha Adele (Benedetta Porcaroli), ele terá de confrontar suas escolhas do passado que podem afetar seu futuro. Mas será em Florença onde deverá passar por suas piores provações. 

O longa brinca com as questões de tempo, uma importante ferramenta na narrativa, mesmo que às vezes falte um maior contexto entre os acontecimentos.


Grande parte do público talvez julgue as atitudes de Marco. Ele é um cara que se casou apenas por fachada, e agora quer recuperar seu amor do passado. Tudo isso vai influenciar tanto a vida do protagonista quanto dos demais personagens.

O drama familiar é um ponto positivo que ajuda a segurar as mais de duas horas de duração do filme. Além de Marco temos os pais dele vivendo uma situação parecida. 


As atuações estão boas e nenhum personagem soa exagerado. Pelo contrário, todos estão no mesmo nível de entrega e isso faz com que a história ganhe ainda mais força.

Baseado no romance homônimo de Sandro Veronesi, "O Colibri" é uma produção italiana com muitas camadas sendo abordadas e uma boa conclusão. Vale o ingresso.


Ficha técnica:
Direção: Francesca Archibugi
Produção: Fandango; Rai Cinema, Les Films des Tournelles, Orange Studio
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: UNA Cine Belas Artes - sessões às 16 e 20h30
Duração: 2h06
Classificação: 14 anos
País: Itália
Gênero: drama