14 agosto 2023

"Agente Stone" aposta em Gal Gadot, mas entrega roteiro superficial e previsível

Elenco feminino é o destaque da produção que foca em espionagem (Fotos: Netflix)


Jean Piter Miranda


Já está disponível no catálogo da Netflix o filme de ação e espionagem “Agente Stone” ("Heart of Stone"), com direção do britânico Tom Harper (da série de TV "Peaky Blinders"). O longa tem Gal Gadot (de "Mulher Maravilha" - 2017) como Rachel Stone, agente secreta de uma agência internacional que tem o nome de “A Carta”. 

A organização possui uma arma chamada “Coração”, que é uma inteligência artificial capaz de acessar e controlar qualquer sistema no planeta. Esse recurso é utilizado para combater o crime. Mas, se cair em mãos erradas, pode se tornar uma ameaça para a segurança de todo o mundo. 


O filme começa com Rachel em uma missão nos Alpes italianos para prender um contrabandista internacional de armas. Ela está infiltrada em uma equipe do serviço secreto de inteligência do Reino Unido, o MI6. 

Durante a operação, a hacker Keya Dhawan (Alia Bhatt) invade o sistema de comunicação dos agentes. É aí que eles percebem que estão sendo vigiados e que correm perigo. Nesse momento começa a ação. 

A princípio, parece uma boa sacada. Uma agente tão boa, de uma superagência, que foi capaz de se infiltrar no MI6, um dos serviços de inteligência mais respeitados do mundo. 


Seria a ponta de um roteiro aprofundado, cheio de mistérios e reviravoltas. Desses em que é preciso ficar atento a todos os detalhes, para ir ligando os pontos e juntar tudo no final. Mas não. É tudo superficial e fica só nisso mesmo. Uma mistura de "Missão Impossível" com "007" com destaque para o elenco feminino.

Stone usa um comunicador para falar com a sede da “Carta”, onde os outros agentes vão passando informações e instruções. Só que é meio confuso. A tal inteligência artificial chamada “Coração” tem recursos que não convencem. 

Por exemplo, conseguem saber quantas pessoas estão em um determinado lugar, que armas usam, distância em que estão, etc. Como fazem isso? Satélites? Câmeras? Drones? Nada é explicado. Parece mais magia que tecnologia. 


As cenas de ação também deixam muito a desejar. Perseguições na neve e em estradas, explosões, saltos de paraquedas, colisões de automóveis... Tudo com cenas curtas, muito rápidas e com cortes bruscos. Tiroteios em que os bandidos só acertam tiros no chão, nas paredes e nos carros. É tudo muito embolado, tumultuado e não consegue empolgar. 

Outro ponto negativo são as cenas de lutas. Falta beleza plástica nos movimentos, velocidade e técnica. Ingredientes que poderiam dar mais realismo aos combates. 

A boa atriz chinesa Jing Lusi (de "Podres de Ricos" - 2018), que interpreta a agente Yang, do MI6, tem pouco tempo de tela. Ela deveria ter sido melhor aproveitada, principalmente nesses casos. 


Jamie Dornan ("50 Tons de Cinza" - 2015), como Parker, outro agente do MI6, desempenha um papel importante na trama, mas falta carisma. E carisma é um problema da maior parte do elenco. Tirando Gal Gadot, Alia Bhatt e a pequena participação de Jing Lusi, do restante não salva ninguém. 

Não que sejam atores ruins. O roteiro é superficial, previsível e cheio de clichês. Repete tudo que já foi visto, uma mistura de "007" com "Missão: Impossível". Não inova em nada e até desperdiça as breves aparições da brilhante Glenn Close. 


Filmes de ação e de espionagem com mulheres protagonistas têm sido uma aposta dos estúdios nas últimas décadas. Jennifer Lawrence estrelou "Operação Red Sparrow" (2018), Angelina Jolie fez "Salt" (2010) e Charlize Theron protagonizou "Atômica" (2017). 

Recentemente tivemos Jessica Chastain em "Ava" (2020) e Ana de Armas, em "Ghosted: Sem Resposta" (2023). Grandes produções que só trocaram o protagonista homem por uma mulher, repetindo as mesmas tramas e os mesmo clichês. Por isso, não conseguiram emplacar. 

Gal Gadot tem carisma de sobra e agradou muito ao público no papel de Mulher Maravilha. Mesmo em filmes da DC considerados ruins ou fracos. Ela também protagonizou "Alerta Vermelho" (2021), da Netflix, ao lado Ryan Reynolds e Dwayne Johnson, uma boa combinação de comédia e ação que se tornou o maior sucesso de audiência da plataforma, mesmo com avaliações ruins da crítica especializada. 


Seguindo esta linha, a mesma plataforma de streaming fez "Agente Oculto" (2022) com Ryan Gosling e Chris Evans. Ação, comédia, rostos bonitos e muitos clichês. Fórmulas prontas que dão bons resultados de público e de arrecadação. E ao que tudo indica, outras produções desse tipo virão em breve. 

Mesmo sendo mais do mais mesmo, "Agente Stone" é o tipo de entretenimento que agrada ao público e, ao que tudo indica, terá boa aceitação. O filme termina com abertura para a criação de uma sequência. Se assim for, em breve, veremos Gal Gadot novamente como uma superagente secreta.   


Ficha técnica:
Direção: Tom Harper
Produção: Netflix e Skydance Productions
Exibição: Netflix
Duração: 2h02
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, espionagem

11 agosto 2023

"Megatubarão 2" tem de tudo, até tubarões gigantes

Sequência do filme de 2018 traz novamente Jason Statham lutando com monstros submarinos ainda maiores
(Fotos: Warner Bros.)


Maristela Bretas


Há exatos cinco anos, o britânico Jason Statham enfrentava seu mais gigantesco inimigo. E aparentemente teria saído vencedor. Só que não. Agora, um novo Megalodon de 25 metros de comprimento está de volta em "Megatubarão 2" ("Meg 2 - The Trench"), para satisfação dos fãs do ator, que retorna no papel do mergulhador Jonas Taylor. O filme está em cartaz, também em versões acessíveis.

O longa é uma sequência de "Megatubarão, de 2018, que teve direção de Jon Turteltaub, que muitos fãs ainda consideram melhor por explorar mais as cenas dos ataques do gigantesco assassino do mar. 


Enquanto que no segundo, as lutas e malabarismos de super-herói de Statham são o destaque - até chute o personagem dá na boca do bichão. O primeiro filmes pode ser conferido nos canais de streaming Prime Vídeo e HBO Max.

Simpático e com comentários sarcásticos e divertidos, mesmo quando está distribuindo muita porrada, Statham exagerou nas cenas de luta deixando o principal foco, que são os tubarões gigantes submarinos à solta, em segundo plano. Quase como se estivesse num dos longas da franquia "Missão Impossível". 


Mas Statham não brilha sozinho. O astro chinês da vez é Jing Wu, que interpreta o cientista Jiuming Zhang, filho do pesquisador que morreu no primeiro filme. Estranho que ele nunca foi citado em "Megatubarão" e aparece do nada como o filho que não era reconhecido pelo pai, mas segue os passos dele.


Do elenco do primeiro filme estão de volta Shuya Sophia Cai, que fez a pequena Meiying, agora com 15 anos e uma nerd em tecnologia, como a mãe; Cliff Curtis (Mac) e Page Kennedy (DJ). No novo elenco, nomes pouco conhecidos, como Sergio Peris-Mencheta (Montes), Skyler Samuels (Jess) e Melissanthi Mahut (Rigas).


Desta vez, a equipe de pesquisas de Jiuming e Jonas volta às profundezas do Oceano Pacífico e descobre novos megalodontes e outros monstros gigantes, além de uma operação ilegal de mineração para extração de um mineral raro.  

Eles precisam impedir a ação dos exploradores e parar a retirada do material que pode afetar todo o ecossistema marinho. A luta fica ainda mais difícil quando megatubarões e outros monstros gigantes escapam da região submarina.


Há até mesmo referências ao clássico "Tubarão", de 1975, dirigido por Steven Spielberg e que inspirou sequências e vários filmes do gênero. A trilha sonora, composta por Harry Gregson-Williams, responsável também pelo primeiro filme e “Perdido em Marte” (2015), adiciona tensão e emoção, acentuando as sequências de ação.

Ação não falta e os efeitos especiais dos ataques dos monstros são bem feitos, mesmo que exagerados. Ou seja, "Megatubarão 2" entrega o esperado, mesmo tendo saído da proposta inicial. Uma continuação divertida que deixa no ar a possibilidade de uma terceira produção.


Ficha técnica:
Direção: Ben Wheatley
Produção: Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros.
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h56
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, suspense