04 setembro 2023

"One Piece: A Série" estreia com aprovação dos fãs de mangá e anime

Viaje pelos Sete Mares em companhia do bando "Os Chapéus de Palha", em busca de um tesouro perdido (Fotos: Netflix)


Marcos Tadeu
Blog Narrativa Cinematografica


Adaptar uma história de anime tão conhecida como "One Piece" era realmente um trabalho desafiador. Mas desde a estreia na Netflix, a série tem agradado bastante os fãs que aguardavam ansiosamente esta versão. 

Marca mundialmente famosa por sua legião de fãs, One Piece já ultrapassou 1.000 episódios tanto no anime quanto no mangá, sem previsão de fim e ambos com lançamentos semanais. 

Criado por Eiichiro Oda, o anime teve todos os capítulos publicados na revista Weekly Shonen Jump desde 1997 pela editora japonesa Shueisha. 


“One Piece” é considerado um clássico ao lado de "Naruto", "Dragon Ball" e "Bleach" e um dos animes e mangás mais populares do mundo.

Informações iniciais divulgadas sobre figurinos, efeitos visuais e trailers da produção da Netflix não teriam agradado os fãs mais assíduos do material original.

Porém, ao assistir à série, o resultado foi completamente diferente e muito positivo. Outra dúvida: alguém que nunca teve contato com o mangá e o anime originais, conseguiria entender a série. A resposta é somente uma: SIM.


Na história, Monkey D. Luffy (Iñaki Godoy) deseja encontrar o one piece, o maior tesouro deixado por D. Roger, o Rei dos Piratas, e ocupar o lugar dele. Para isso, o jovem convoca uma equipe habilidosa e com sonhos diversos, formando assim o bando "Os Chapéus de Palha", que vai enfrentar perigos e adversários na sua jornada pela busca ao ouro escondido.

No episódio piloto, completamente competente, a narrativa mostra bem como Luffy se tornou um homem de borracha e suas motivações em se tornar o novo Rei dos Piratas. Também apresentou outros personagens importantes, como Zoro e Nami.


O destaque sem dúvida vai para Monkey D Luffy, jovem sonhador de um coração enorme que está sempre com fome (kkkkk). Ele é o capitão do bando "Os Chapéus de Palha". O ator Iñaki Godoy consegue incorporar muito bem o carisma e a inocência que Luffy tem no anime, sem deixar nada a desejar. 

Mackenyu Arata encarna Roronoa Zoro com os trejeitos do personagem, um cara extremamente "esquentadinho" e egoísta com todos a sua volta. O papel foi muito bem interpretado pelo ator, que trouxe a nostalgia do anime clássico às telas de cinema, com uma história densa que, sem dúvida, conquistou os fãs, além de garantir boas cenas de ação. 


Emily Rudd, apesar do visual e da peruca, encarou bem Nami, a ladra habilidosa do bô (cajado feito de madeira), trazendo muita personalidade ao bando "Os Chapéus de Palha". 

Outro que interpretou com maestria e humor o personagem Usopp foi Jacob Romero. Ele representa um marco importante entre os episódios. 

Por último, mas não menos importante temos Taz Skylar que faz o cozinheiro Sanji, elegante e sedutor, com ótimas habilidades de luta com as pernas. O elenco está afiado e contente por fazer parte desse projeto. Dá para perceber a felicidade de cada um com seu personagem.


"One Piece: A Série" consegue ser bem equilibrada, dando protagonismo para cada personagem, assim como no anime. Destaco para os arcos de Zoro e de Usopp, figuras chaves para toda a trama. 

Ainda que pareça que os arcos foram condensados em um único episódio comparado com o material original, todos conseguem ter um bom tempo de tela e apresentarem suas histórias sem ficarem cansativos. Pelo contrário, a narrativa é convidativa e cada personagem, com o seu jeito, conquista o telespectador.


Equipe técnica

Devemos destacar aqui a qualidade de Matt Owens, showrunner que fez, com muita competência, as adaptações necessárias do anime para o live-action, que serviram muito bem para mídias diferentes do material original. Owens também é um grande fã do mangá, o que ajuda ainda mais no cuidado com a série. 

Amanda Ross McDonald é outra profissional que merece atenção pelo cuidado com o cabelo e maquiagem dos personagens. Já a figurinista Dianna Cillers foi responsável por fazer com que os trajes ficassem como os originais, sem parecerem um cosplay, apresentando muitos detalhes que os fãs do anime e mangá vão reconhecer. 


Jaco Snymann ficou com o dever de criar os designers dos personagens, aplicando um tom mais realista, mas respeitando o que o criador do mangá “One Piece”, Eiichiro Oda, pensou no original. 

O maior acerto da série em live-action é o fato de Oda ser consultado a todo o momento durante as gravações. O grande mestre deu até sua benção para que a série se tornasse real.


O sucesso da série é um ponto positivo para a plataforma de streaming que vinha de um histórico questionável de adaptações, agora americanizadas. O filme "Death Note" foi reconhecido por seu fracasso, roteiro pobre, atuações irrelevantes e uma história que pouco respeitou o original. 

"Cowboy Bebop" foi outro exemplo - teve um grande investimento em marketing, mas não agradou aos fãs, ganhando até um cancelamento na plataforma. 

Sem dúvida, vale à pena dar o play e maratonar todos os episódios de "One Piece: A Série", que entrega uma trama rica, com efeitos especiais e personagens cativantes. Venha se juntar a história de "Os Chapéus de Palha" e ir em busca do tesouro. A primeira temporada, com oito episódios está disponível para assinantes na Netflix.

              
     
Ficha técnica:
Criação: Steven Maeda
Exibição: Netflix
Duração: 1ª Temporada - 8 episódios
Classificação: livre
País: EUA
Gêneros: aventura, fantasia, ação

30 agosto 2023

Comédia de humor refinado, “O Porteiro” quer levar brasileiros de volta ao cinema

Produção nacional que não recorre à apelação, arranca risos do público (Fotos: Laura Campanella)


Eduardo Jr.


Marque em sua agenda: nesta quinta-feira, 31 de agosto, estreia nos cinemas a comédia nacional “O Porteiro”. Acompanhamos a live realizada com o elenco e a pré-estreia do longa em uma das salas da rede Cineart. Dirigido por Paulo Fontenelle (realizador de “Blitz, o filme”, 2019) e distribuído pela Imagem Filmes, a produção arranca risos do público sem dificuldades, por trazer atuações muito boas.

No filme, o porteiro Waldisney (personagem de Alexandre Lino) é mais um nordestino que migrou para o Rio de Janeiro com a família. Morando no “cafofo” dentro do prédio onde trabalha, ele não tem como evitar as situações (cômicas) que complicam sua vida. 


Ele é um homem simples, que não tem habilidade nem pra acalmar a estourada esposa Laurizete, vivida por Daniela Fontan (“A Sogra que te Pariu”, 2022, disponível na Netflix), que dirá capacidade para driblar os problemas. 

Waldisney inicia sua saga na delegacia, prestando depoimento ao delegado, personagem de Maurício Manfrini (“Os Farofeiros”, 2018), que tem na mão um personagem bem diferente dos papéis costumeiros. O que aconteceu e virou caso de polícia, descobrimos ao longo do filme.


Os flashbacks (que a gente esquece que são flashbacks) vão nos contando como as situações foram se amarrando até aquele ponto. E aí os moradores do edifício Clímax vão sendo apresentados. Destaques para a excelente Dona Alzira, vivida por Suely Franco ("Minha Mãe é uma Peça 2", 2016) e a surpreendente e engraçada presença do lutador José Aldo.   

Além destes nomes, a produção conta ainda com Cacau Protásio (“Juntos e Enrolados”, 2022), Aline Campos (“Um Dia Cinco Estrelas”, 2023), Bruno Ferrari (“O Buscador”, 2021), Rosane Gofman (“Confissões de uma Garota Excluída”, 2021) e Heitor Martinez (“Um Natal Cheio de Graça”, 2022). 


O elenco se reuniu em 2022 para as gravações. Se havia alguma insegurança com o período pós-pandemia, não se percebe isso na tela. A atriz Aline Campos revelou que o entrosamento foi tão grande que o diretor precisava pedir silêncio durante as filmagens, de tanto que a equipe se divertia. 

O desafio agora é trazer de volta aos cinemas um público que parece ter se habituado a assistir tudo em casa e não percebeu que o poder do controle remoto de pausar, voltar cenas, interrompe as emoções, faz perder o clima. Sem contar a perda da experiência coletiva nas salas de exibição. 


Outra intenção do filme é reforçar a necessidade de cordialidade para com os porteiros. Embora não seja um filme de militância, algumas pautas não têm como ser omitidas. 

O protagonista Alexandre Lino é natural de Pernambuco e sabe como é ser um migrante nordestino em um grande centro urbano, que muitas vezes apaga essas identidades. Seja pela grosseria de não dar um bom dia, seja sob a desculpa da piada (que geralmente é só manifestação de preconceito). 

Além disso, Lino nos disse que trazer às telas uma comédia nacional, sem o mesmo aparato de marketing de um filme como “Barbie”, por exemplo, é mais desafiador ainda. Principalmente neste momento em que se discute a cota de tela e a necessidade de mais salas exibindo produções brasileiras. 


A aposta de “O Porteiro” é na simplicidade. E o humor chega a ser refinado, já que não apela para o besteirol. A construção da simplicidade de Waldisney vem dos seis anos em que a peça é realizada nos palcos do país. E também é fruto de pesquisa. A equipe visitou portarias de diversos prédios em São Paulo e Rio de Janeiro para ouvir histórias dos profissionais e pedir permissão para retratar isso na telona. 


O resultado é um filme leve, que peca apenas por permitir que algumas cenas se alonguem e pela falta de mais músicas originais (Marília Mendonça nem sempre combina com as cenas). Mas diverte e retrata bem alguns aspectos da cultura brasileira e nordestina. 

"O Porteiro" já se equipara com produções da Marvel, porque tem até cenas pós-créditos. Então, depois que as letrinhas começarem a subir, se prepare pra rir mais um pouquinho. 


Ficha técnica:
Direção: Paulo Fontenelle
Produção: Rubi Produções
Distribuição: Imagem Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h23 minutos
Classificação: 14 anos
País: Brasil
Gênero: comédia