13 setembro 2023

CCBB de BH recebe mostra itinerante do 51º Festival de Cinema de Gramado

“Noites Alienígenas”, “Carro Rei”, “King Kong em Asunción”, “Pacarrete” e “Ferrugem” serão exibidos até 17 de setembro (Fotos: Divulgação)


Da Redação


Pela primeira vez, o mais tradicional festival de cinema do país ganha uma mostra itinerante, realizada em parceria com o Banco do Brasil. A Mostra 51º Festival de Cinema de Gramado será realizada a partir de hoje até o dia 17 de setembro, no Centro Cultural Banco do Brasil de Belo Horizonte. 

Serão exibidos os cinco vencedores dos Kikitos de Melhor Filme das edições do festival de 2018 a 2022: “Noites Alienígenas”, “Carro Rei”, “King Kong em Asunción”, “Pacarrete” e “Ferrugem”. 

A programação é toda gratuita, com retirada dos ingressos na bilheteria ou pelo site: bb.com.br/cultura (ingressos disponíveis no dia de cada sessão a partir das 9 horas). A Mostra 51º Festival de Cinema de Gramado também passa por São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.

"Noites Alienígenas"

O drama acreano “Noites Alienígenas”, de Sérgio de Carvalho, foi o grande vencedor do 50º Festival de Cinema de Gramado. O diretor adaptou seu livro homônimo para o cinema no filme que retrata as relações humanas na periferia da Amazônia urbana e as fronteiras entre cidade e floresta. 

A produção conquistou quatro prêmios na edição de 2022 do festival: Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Ator Coadjuvante. 

"Carro Rei"

Também está na lista o longa-metragem de Renata Pinheiro “Carro Rei”, filmado em Caruaru (PE), que fez sua estreia mundial no Festival de Roterdã e foi exibido em mais de 30 festivais nacionais e internacionais. 

O filme venceu a 49º edição do Festival de Gramado em 2021, levando quatro prêmios: Melhor Filme, Melhor Trilha Musical, Melhor Direção de Arte e Melhor Desenho de Som. 

Estrelado por Matheus Nachtergaele, o longa apresenta uma realidade distópica com referências de ficção científica e debate sobre o momento recente do Brasil.

"king King en Asunción"

Outro filme pernambucano integra a mostra, “King Kong en Asunción”, de Camilo Cavalcante, vencedor do maior prêmio em 2020. A produção passou por três países e conta a história de um matador de aluguel que comete seu último assassinato e, depois de meses isolado, decide ir atrás da filha que nunca conheceu. 

O longa conquistou quatro Kikitos na 48ª edição do festival: Melhor Filme, Melhor Ator, Melhor Trilha Musical e Melhor Filme pelo Júri Popular. 

"Pacarrete"

Protagonizado por Marcélia Cartaxo, a produção cearense “Pacarrete”, de Allan Deberton, foi a grande vencedora da 47ª edição do Festival de Gramado em 2019. 

O longa levou para casa oito Kikitos: Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Filme do Júri Oficial, Melhor Filme pelo Júri Popular, Melhor Direção, Melhor Roteiro, Melhor Ator, Melhor Atriz Coadjuvante e Melhor Desenho de Som. 

O filme acompanha a história de uma bailarina de Russas, artista incompreendida que acredita ter encontrado a chance de voltar aos palcos na festa de aniversário de sua cidade natal.

"Ferrugem"

O quinto filme da mostra é a produção curitibana “Ferrugem”, de Aly Muritiba, vencedora dos prêmios de Melhor Filme, Melhor Roteiro e Melhor Desenho de Som no 46º Festival de Cinema de Gramado em 2018. O longa conta a história de uma adolescente que tem imagens íntimas vazadas na internet.

Serviço:
Programação
13/set - 19h - King Kong em Asunción
14/set - 19h - Carro Rei
15/set - 18h - Ferrugem
16/set - 18h - Noites Alienígenas
17/set - 18h - Pacarrete

Local: CCBB - Praça da Liberdade, 450 - Funcionários – Belo Horizonte/MG
Contato: (31) 3431-9400 e ccbbbh@bb.com.br
Informações: bb.com.br/cultura

11 setembro 2023

Helen Mirren dá vida e salvação a "Golda - A Mulher de Uma Nação"

Produção faz um recorte no período da Guerra do Yom, quando Israel foi  Kippur atacado por Síria e Egito (Fotos: Diamond Films)


Maristela Bretas


Poderia ser apenas mais uma biografia de uma líder, mas a atuação de Helen Mirren fez toda a diferença em "Golda - A Mulher de Uma Nação", produção sobre a vida da primeira ministra Golda Meir, conhecida como a Dama de Ferro de Israel, em cartaz nos cinemas. O filme se concentra na luta pelo reconhecimento de Israel pelos vizinhos Síria e Egito e na Guerra do Yom Kippur, uma das mais sangrentas da história do país.

O diretor Guy Nattiv utiliza muitas imagens reais da época com a verdadeira Golda Meir e faz um recorte sobre o que foi esta guerra, ocorrida em 1973, numa das datas mais importantes e sagradas para o judaísmo. O filme é quase didático e poderia se tornar desinteressante, não fosse a atuação excepcional da grande atriz no papel da primeira mulher a ocupar o cargo mais alto do governo de Israel.


A maquiagem excepcional que deixou Mirren quase irreconhecível, juntamente com as roupas pesadas, além dos dedos amarelados de nicotina foram pontos muito positivos da caracterização da personagem.

O conflito é apresentado pela ótica de Israel e de seus comandantes, em especial Golda Meir, o verdadeiro foco do longa.  Ela é mostrada como uma grande estadista, mas que sofre com as mortes de seus soldados nos campos de batalha, causada por uma decisão tardia. E ela marca cada uma em uma agenda. Mesmo sendo a heroína de Israel, ela vai responder tempos depois ao tribunal.


Um ponto que chama muito atenção é o fato de Golda ser uma fumante descontrolada, o que se reflete na saúde debilitada que ela precisa administrar enquanto governa com mão de ferro seu país e o conflito com os inimigos. 

Mas ela não está sozinha, o cigarro foi companheiro de quase toda a equipe da primeira ministra e presente em excesso nos cinzeiros de todas as reuniões, decisivas ou não.


Não espere ver muitas cenas de guerra, isso não acontece. Apesar de mostrar cenas de históricas da época em preto, o filme se restringe às reuniões em gabinetes para decidir sobre os ataques e contra-ataques, as decisões de Golda Meir e seu staff e a fragilidade de sua saúde. Mas Helen Mirren, com seu talento e competência dá o ritmo que o filme precisa para que não se torne um longa-metragem chato. 

"Golda - A Mulher de Uma Nação", para quem viveu esta época é uma aula de história, com personagens importantes sendo mostrados, além da primeira ministra. Como Moshe Dayan (Rami Heuberger), um dos grandes generais de Israel, e Henry Kissinger (Liev Schreiber), secretário de Estado, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA no governo Nixon (período do filme) e figura decisiva nas negociações entre os países em conflito.

Hellen Mirren (e) e Golda Meir (d) (Fotos: Divulgação)

Destaque também para a francesa Camille Cottin, que interpreta Lou Kaddar, assistente pessoal de Golda Meir. A atriz entrega boa atuação, discreta e na medida, deixando clara sua importância nos momentos mais cruciais da primeira-ministra, especialmente na doença.

Não podemos esquecer que se trata de um filme em que os protagonistas são mostrados como os mocinhos e os países árabes os vilões. Mas o filme não entra na questão política, por exemplo, com a Palestina. Tudo se concentra na disputa de território e como a situação precisa ser resolvida - em combate ou na conversa. Cabe a Golda ser estrategista e também negociadora, quando a situação exige. 


A produção segue a linha, com menos brilho, de alguns longas produzidos nos últimos tempos, que enaltecem personagens não tão "bonzinhos" como mostrados no cinema, mas importantes para a história mundial. É o caso de Winston Churchill, em "O Destino de uma Nação" (2018), o Rei George VI, em "O Discurso do Rei" (2010) ou Margareth Thatcher, em "A Dama de Ferro" (2012).

"Golda - A Mulher de Uma Nação" é uma biografia que vale como história, especialmente para as gerações nascidas após os anos 1980 que não acompanharam este importante conflito árabe e não conheceram esta importante mulher que deu sua vida por Israel. 


Ficha técnica:
Direção: Guy Nattiv
Produção: Maven Pictures e Piccadilly Pictures
Distribuição: Diamond Films
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h40
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: drama, biografia, guerra