19 setembro 2023

"Som da Liberdade" - imagina entrar no quarto e ver a cama de um filho vazia

Longa com Jim Caviezel faz alerta revoltante para o tráfico sexual infantil que já supera o de armas (Fotos: Saje Distribution)


Maristela Bretas


Revolta, angústia, medo são os sentimentos que o espectador, com um mínimo de sensibilidade, vai ter já nos primeiros minutos de "Som da Liberdade" ("Sound of Freedom"), filme que estreia nesta quinta-feira (21) nos cinemas brasileiros. Um tapa na cara, que serve de alerta para as pessoas se conscientizarem sobre um problema grave que todos sabem que existe, mas preferem acreditar que só acontece em países distantes - o tráfico de crianças para exploração sexual.


O diretor Alejandro Monteverde utiliza imagens reais das operações de combate aos grupos de traficantes de crianças, preservando os rostos das vítimas verdadeiras. O mesmo acontece com as cenas de violência sexual contra as crianças protagonistas do filme, que não são mostradas. 

Ele emprega alternativas que emocionam por deixarem bem claro o que está acontecendo. Como as lágrimas do policial escorrendo pelo rosto quanto assiste fitas de vídeos apreendidas com pedófilos. Mesmo sem mostrar abertamente o abuso sexual, é repugnante saber que é uma realidade cruel.


Os números deste crime, que já ultrapassou o comércio de armas ilegais e logo vai superar o tráfico de drogas, são alarmantes e a produção apresenta isso. Como é falado no filme "um pacote de pó só dá para vender uma vez, mas uma criança é vendida 10 vezes por dia".

Adaptado de uma história real, "Som da Liberdade" foi sucesso nas bilheterias dos Estados Unidos. O drama é protagonizado por Jim Caviezel (“A Paixão de Cristo”), que interpreta o ex-agente da Segurança Nacional dos EUA, Tim Ballard, que trabalhava numa divisão especializada no combate à pedofilia.


Depois de resgatar o pequeno Miguel (Lucas Ávila), ele passa a procurar também a irmã do menino, Rocio (Cristal Aparício) que, junto com outras crianças foram levadas por traficantes para serem vendidas e exploradas sexualmente pelo mundo. No caso do filme, muitas delas eram de famílias de países da América Central e do Sul. 

Abalado com o crescente número de crianças desaparecidas, Tim passa a caçar os responsáveis para tentar salvar o máximo de vítimas e devolvê-las a seus lares. Sem apoio do governo norte-americano, o agente decide deixar seu emprego para salvar Rocio do cativeiro na selva colombiana.


Na vida real, Tim Ballard, depois que deixou de ser agente do governo dos EUA, fundou a Operation Underground Railroad (OUR), uma organização sem fins lucrativos que atua na luta antitráfico de pessoas. 

O drama conta ainda no elenco com Bill Camp (Vampiro), Mira Sorvino (esposa de Tim), José Juniga (pai de Miguel e Rocio), o também produtor Eduardo Verastegui (Pablo) e vários outros. 


Ao mesmo tempo em que polêmicas e teorias da conspiração rondam a produção e serviram para desviar o foco do verdadeiro problema - o tráfico de crianças -, elas também atraíram o público para os cinemas. 

Engavetado desde 2018, o filme, até o momento, arrecadou mundialmente US$ 210 milhões (cerca de R$ 1,2 milhão), um grande feito para uma produção que custou US$ 14,5 milhões (cerca de R$ 70 milhões). 


"Som da Liberdade" é uma ótima produção, bem feita, com boas interpretações e frases que não saem da cabeça da gente: "imagina entrar no quarto de nossa filha e ver a cama vazia?" Quem tem filho sabe o que é ter esse pavor. 

Este é o maior trunfo da produção: provocar incômodo (e revolta) nas pessoas ao mexer numa ferida que está mais perto de nós do que imaginamos, o sequestro de crianças para tráfico sexual. Um crime que só precisa de uma distração dos pais ou responsáveis e pode acontecer num parque, numa escola, na rua ou até dentro de casa. O longa vale a pena ser conferido por sua abordagem.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Alejandro Monteverde
Produção: Angel Studios
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h11
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: suspense, drama, biografia, suspense 

15 setembro 2023

Longa “Sem Ar” é uma experiência claustrofóbica e angustiante

Suspense alemão se passa no fundo do mar envolvendo duas irmãs que viajam para mergulhar num lugar remoto (Fotos: Paris Filmes) 


Eduardo Jr.


Seria possível que, observando a imensidão do mar, nos sentíssemos presos? A resposta é SIM quando se fala do lançamento de “Sem Ar” (“The Dive”). O longa do diretor Maximilian Erlenwein, com distribuição da Paris Filmes, que estreou nos cinemas brasileiros nessa quinta-feira promete deixar o público angustiado, prendendo a respiração.    

Trata-se de um remake do longa sueco “Além das Profundezas” ("Breaking Surface"), que foi dirigido por Joachim Hedén, no ano de 2020. Mas nesta nova versão as personagens mudam de nome. As irmãs Drew (Sophie Lowe) e May (Louisa Krause) viajam para realizar um mergulho em um lugar remoto.


Após nadarem por uma caverna submersa, um deslizamento deixa May presa, quase 30 metros abaixo da superfície. Com pouco oxigênio, Drew começa uma corrida contra o tempo para salvar a irmã. 

O filme não tem divisões na tela, mas parece ter sido construído em atos. No primeiro deles, além da apresentação das personagens, fica no ar uma tensão, como se as duas irmãs não estivessem na mesma sintonia, apesar da viagem descontraída. 


No fundo do mar, o silêncio quebrado em alguns momentos pelas bolhas de ar e as passagens estreitas, iluminadas apenas pelas lanternas das mergulhadoras, dão indícios do que está por vir. 

Conforme esperado, o segundo ato traz o suspense. Embora o mergulho seja uma atividade conhecida de ambas, May fica presa e Drew precisa deixar a irmã sozinha debaixo d’água, para buscar ajuda e mais cilindros de oxigênio. 

É aí que começa a se revelar que algo do passado possa ser o motivo que fez com que as irmãs perdessem a conexão que tinham na infância. 


Na última parte de "Sem Ar", desespero e desânimo marcam presença na personagem de Louisa Krause. 

A colega Sophie Lowe também ganha pontos, ao imprimir na tela uma mudança de sua personagem, até então sem sorte e meio desastrada para alguém que parece saber como agir naquela situação. 


No todo, o filme a trilha sonora composta por Volker Bertelmann, é muito boa, daquelas que mal se percebe de tão alinhadas ss cenas. A locação é realmente linda. Mas não se animem, pois a tensão não se desgruda do filme. Respire fundo e vá ao cinema conferir esse suspense!


Ficha técnica:
Direção: Maximilian Erlenwein
Produção: Falkun Films, Augenschein Filmproduktion
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nas salas do Cineart Cidade e Cinemark Pátio Savassi
Duração: 1h31
Classificação: 12 anos
País: Alemanha
Gênero: suspense