26 setembro 2023

Inteligência Artificial e efeitos visuais são os destaques de "Resistência"

Ficção dirigida e roteirizada por Gareth Edwards aborda o avanço da nova tecnologia e o temor de que as máquinas exterminem a raça humana (Fotos: 20th Century Studios)


Maristela Bretas


"Um filme que levanta questões sobre inteligência artificial e seu impacto na sociedade, como ética, controle, autonomia e, principalmente a diferença entre criação humana e artificial. A obra é provocativa e estimula o público a refletir sobre o papel da IA em nossas vidas e questionar até que ponto podemos confiar nas informações que encontramos diariamente".

Se você leu esta abertura até o final e não notou nada diferente, então comece a se questionar até onde as informações que chegam ao público por meio de textos e mídias foram produzidas por uma pessoa ou por Inteligência Artificial. Como o parágrafo acima, feito usando uma plataforma simples de IA. E é este o tema do filme "Resistência" ("The Creator"), que estreia nesta quinta-feira nos cinemas. E aí achou válido? 


"Resistência" é um filme que passa a impressão, em alguns momentos, de ter sido feito por meio desta tecnologia, com frases clichês. Já os efeitos visuais são excelentes. Gareth Edwards, que dirigiu "Rogue One - Uma História Star Wars" (2016) e "Godzilla" (2014), usou e abusou da criatividade e da experiência com produções de ficção científica para falar do assunto mais discutido da atualidade - a Inteligência Artificial e como ela está avançando em todos os setores.

O diretor também faz duras críticas à exploração dos povos asiáticos pelas grandes potências, em especial os Estados Unidos, que usa seu poderio bélico para dominar estes povos, que acabam se rebelando, usando seu avançado o conhecimento em tecnologia e IA. Tanto que são eles a aceitarem e conviverem em harmonia e protegerem com os chamados similares - robôs com consciência e aparência humana.


Não faltam cenas ação, explosões, grandes batalhas e caçadas aos robôs e seus aliados, considerados inimigos dos Estados Unidos. John David Washington ("Infiltrado na Klan" - 2018) convence como o ex-agente federal Joshua. Mas esse não é seu melhor papel do ator, falta emoção em seu personagem, apesar de protagonizar os momentos mais dramáticos do filme.

A verdadeira estrela do longa é a jovem Madeleine Yuna Voyles, que faz o papel de Alphie, a criança-robô. A atriz mirim, estreante no cinema, é pura emoção e carisma, o que falta em outros personagens. O elenco reúne ainda grandes nomes, como Gemma Chan ("Eternos" - 2021), Sturgill Simpson, Allison Janney e Ken Watanabe, que interpretam humanos e robôs similares.


A disputa entre seres humanos e máquinas, vai além do uso da tecnologia. Trata-se do controle da Inteligência Artificial, especialmente porque as máquinas passam a ter consciência e querem ser livres. E os humanos temem perder o poder e começam uma matança de inocentes e destruição. Ironicamente, a parte mais humana da história é Alphie, que tenta resolver a crueldade e a natureza bélica do ser humano e de seus similares com atos de amor ao próximo. 


"Resistência" se passa em um futuro distante, em meio a um planeta tomado por uma intensa guerra entre seres humanos e apoiadores da Inteligência Artificial depois que uma ogiva nuclear, disparada por erro, dizimou a população de Los Angeles. O ex-agente Joshua é recrutado para localizar e matar o Criador - um misterioso arquiteto responsável por desenvolver uma arma capaz de acabar com a máquina de destruição dos humanos e pôr fim ao confronto.

Inconformado com a morte da mulher Maya (Gemma Chan), Joshua e sua equipe, sob o comando da coronel Jean Howell (Allison Janney), partem para o território ocupado pela IA em busca desta arma, mas ele acaba descobrindo que uma criança está envolvida com os rebeldes.


O longa é dividido em capítulos, com enredo bem óbvio e alguns diálogos até previsíveis, como se tivessem sido inspirados em filmes anteriores do diretor, como "Rogue One". Mesmo assim são capazes de levar o expectador a pensar até onde os chamados seres humanos estão ficando mais insensíveis que as máquinas criadas por eles e qual o nosso futuro com o avanço da IA. 

A trilha sonora do excelente Hans Zimmer, como sempre é ótima e ajuda a envolver ainda mais o expectador na história. Para alguns críticos, "Resistência" está sendo considerado o filme de ficção científica do ano, comparado a "Blade Runner". Não sei se chega a tanto. 

A produção é bem interessante pelas abordagens apresentadas pelo roteiro e o bom uso de CGI, que empregou imagens feitas em países como Nepal, Tailândia, Japão, Indonésia, Camboja e Vietnã. Posteriormente elas foram usadas para criar os excelentes efeitos visuais. 


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Gareth Edwards
Produção: 20th Century e New Regency Pictures
Distribuição: 20th Century Studios
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h13
Classificação: 14 anos
Países: EUA e Reino Unido
Gêneros: ficção, drama

23 setembro 2023

Mostra 17ª CineBH começa dia 26 com programação gratuita e exibição de 93 filmes

Serão 56 sessões exibidas em oito espaços de BH, com produções voltadas para
 todas as idades e públicos (Fotos: Universo Produções)


Da Redação


A partir desta terça-feira (26/09) até o dia 1º de outubro, Belo Horizonte será palco da 17ª CineBH – Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte, com programação intensa e gratuita - presencial e online - para todo o Brasil. 

Serão 93 filmes nacionais e internacionais de 13 países (Alemanha, Argentina, Brasil, Catar, Chile, Colômbia, Cuba, França, México, Paraguai, Peru, Romênia) e 12 estados brasileiros (Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Roraima, Santa Catarina, São Paulo). 

Os filmes serão exibidos em 56 sessões de oito espaços da cidade mineira: Casa da Mostra, Cine Theatro Brasil Vallourec, Fundação Clovis Salgado (Cine Humberto Mauro, Sala João Ceschiatti, Sala Juvenal Dias, Jardim Interno), Salas de Cinema Minas Tênis Clube, Cine Sesc Palladium, Cine Santa Tereza, Teatro Sesiminas, Praça da Liberdade. Conheça todos os filmes que serão exibidos nas mostras clicando aqui.

Rafael Conde e Yara de Novaes

Cada ambiente terá um perfil de atividade e de exibições, com encontros, bate-papos e negociações. A programação, voltada para todas as idades e públicos, traz sessões de pré-estreias, mostra-homenagem, sessões infantis e escolares e dois recortes dedicados à produção latino-americana, incluindo a inauguração da primeira edição de uma competição internacional, a Mostra Território. 

A abertura acontece no Cine Theatro Brasil Vallourec, com performance audiovisual e pré-estreia de “Zé”, mais novo longa-metragem do mineiro Rafael Conde. O diretor e também a atriz e diretora mineira Yara de Novaes são os homenageados dessa edição e receberão o Troféu Horizonte por suas trajetórias. Clique aqui para ver a programação.

Mostra Território
Conta com oito longas de sete países latinos: "Guapo'y" (Sofia Paoli Thorne, Paraguai/Catar); "Otro Sol" (Francisco Rodriguez Teare, Chile/França/Bélgica), "Moto" (Gastón Sahajdacny, Argentina); "Llamadas desde Moscu" (Luis Alejandro Yero, Cuba); "A La Sombra de la Luz" (Isabel Reyes e Ignacia Merino, Chile); "Diogenes" (Leonardo Barbuy, Peru); "Puentes en el Mar" (Patricia Ayala Ruiz, Colômbia); e "Toda Noite Estarei Lá" (Tati Franklin e Suellen Vasconcelos, Brasil).

"Otro Sol" - diretor Francisco Rodriguez Teare

Mostra Continente
Com curadoria de Cléber Eduardo, Ester Fér, Leonardo Amaral e Marcelo Miranda, a Mostra Continente reúne 14 longas com a temática "Territórios da Latinidade". São eles: "El Reino de Dios" (Claudia Sainte-Luce, México); "Las Preñadas" (Pedro Wallace, Argentina/Brasil); "Rejeito" (Pedro de Filippis, Brasil); "Vieja Viejo" (Ignacio Pavez, Chile); "El Grossor del Polvo" (Jonathan Hernández, México); "Utopia" (Laura Gómez Hinchapié, Colômbia); "Nada Sobre meu Pai" (Susanna Lira, Brasil); "Sean Eternxs" (Raúl Perrone, Argentina); "Amanhã" (Marcos Pimentel, Brasil); "Propriedade" (Daniel Bandeira, Brasil); "Tan Inmunda Y Tan Feliz" (Wince Oyarce, Chile); "Anhell69" (Theo Montoya, Colômbia); "O Estranho" (Flora Dias e Juruna Mallon, Brasil); e "A Longa Viagem do Ônibus Amarelo" (Julio Bressane e Rodrigo Lima, Brasil). Este último será exibido no segmento chamado "Cinema de Fôlego", por conta de suas 7h10 de duração.

"El Grossor del Polvo" - diretor Jonathan Hernández

Mostra Diálogos Históricos
Celebra este ano a memória e o talento do dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, que faleceu este ano. Os títulos, selecionados por Cléber Eduardo e Marcelo Miranda, são: "Prata Palomares" (André Faria, 1970); "O Rei da Vela" (1982); e "Fedro" (Marcelo Sebá, 2021).

Mostra CineMundi
Uma seleção que reúne filmes brasileiros que tiveram projetos apresentados no programa Brasil CineMundi em edições anteriores do evento. Neste ano serão mostrados "Mato Seco em Chamas", de Joana Pimenta e Adirley Queirós; "Paterno", de Marcelo Lordello; e "Tia Virgínia", de Fábio Meira, recentemente premiado com cinco troféus no Festival de Gramado, incluindo melhor atriz para Vera Holtz.

"Tia Virgínia" - diretor Fábio Meira

Mostra Praça
São documentários apresentando histórias reais e instigantes para o público presente no cinema instalado na Praça da Liberdade. Dois títulos tratam de figuras importantes no cenário cultural brasileiro: "Andança – Encontros e Memórias de Beth Carvalho", de Pedro Bronz, e "Lô Borges – Toda Essa Água", de Rodrigo de Oliveira. 

Outras três produções completam a mostra, os curtas-metragens "Senhores de Aruanda – Umbanda e Resistência", de Caio Barroso, e "Folia dos Anjos", de Kdu dos Anjos; além do documentário mineiro "Gerais da Pedra", de Diego Zanotti.

A Cidade em Movimento
Com curadoria de Paula Kimo, a mostra este ano tem o tema "Olhar o Horizonte". Ao todo são 16 filmes realizados em Belo Horizonte e região metropolitana, com pouco ou nenhum recurso financeiro, em cinco sessões na sala, sempre seguidas de rodas de conversa com convidados especiais sobre os assuntos dos filmes em questão.

"Gerais da Pedra" - diretor Diego Zanotti

A 17ª CineBH conta ainda com a Mostra de Curtas, com a seleção de curtas-metragens sob a curadoria de Tatiana Carvalho Costa e Marcelo Miranda. Já a Mostrinha de Cinema terá duas sessões para toda a família, com a exibição de longas-metragens de animação realizados em Minas Gerais: "Placa Mãe", de Igor Bastos, produzido em Divinópolis (primeiro trabalho do gênero feito no interior do estado) e "Chef Jack", de Guilherme Fiuza Zenha, produzido em BH.

Nas sessões Cine-Escola, crianças e adolescentes, de cinco a 14 anos, poderão assistir a produções nacionais voltadas para sua faixa etária e participar de um bate-papo sobre os filmes e os temas neles abordados. Ao todo, serão seis sessões de cinema com 13 filmes brasileiros.

"Bolha" - diretor Leandro Wenceslau

14º Brasil CineMundi

No mesmo período acontece o 14º Brasil CineMundi – International Coproduction Meeting, encontro de coprodução internacional. O evento terá a presença de 40 convidados internacionais e brasileiros de 18 países (Alemanha, Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Cuba, Espanha, EUA, França, Holanda, Itália, México, Peru, Portugal, Reino Unido, Suíça, Uruguai).

Eles vêm participar de meetings e consultorias com os 50 projetos selecionados para esta edição. São 40 projetos em desenvolvimento, sendo 10 na categoria Horizonte (representa o horizonte de temas, diversidade e criação do audiovisual brasileiro), seis na DocBrasil Meeting (focada em documentários), seis na Foco Minas (exclusiva para projetos mineiros) e 18 na categoria Paradiso Multiplica (parceria com o Projeto Paradiso, incubadora de talentos).

O CineMundi promove intercâmbio entre mercado e projetos de filmes brasileiros, potencializa conexões entre realizadores independentes, parceiros e troca de ações e informações e seleciona diversos projetos para compor rodadas de negócio com produtores para orientações que possam auxiliar na viabilidade das propostas.


Serviço
17ª CineBH - Mostra Internacional de Cinema de Belo Horizonte
Data: 26 de setembro a 1º de outubro de 2023
Locais: Cine Theatro Brasil Vallourec, Fundação Clóvis Salgado (Cine Humberto Mauro, Sala João Ceschiatti, Sala Juvenal Dias, Jardim Interno), salas de cinema do Centro Cultural Minas Tênis Clube, Sesc Palladium, Cine Santa Tereza, Teatro Sesiminas e Praça da Liberdade
Informações pelo telefone: (31) 3282-2366
Site oficial do evento: www.cinebh.com.br