28 setembro 2023

"Jogos Mortais X" volta ao passado e se reinventa como franquia

Décimo capítulo se passa entre os eventos do primeiro e segundo filmes e resgata o assustador Jigsaw (Fotos: Paris Filmes/Divulgação)


Marcos Tadeu
Blog Narrativa Cinematográfica


O mais novo capítulo da franquia "Jogos Mortais X" ("Saw X") chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, com uma boa novidade: o retorno do ator Tobin Bell, interpretando John Kramer/Jigsaw. Também no elenco principal estão Steven Brand, Synnøve Macody Lund e Shawnee Smith. 

O diretor Kevin Greutert retorna em um filme icônico, cheio de simbolismo e de toda mitologia da franquia construída até aqui. E o público ainda poderá assistir este filme com ingressos a preços populares de R$ 12,00 na Semana do Cinema, que acontece de hoje a 4 de outubro em dezenas de salas do país.


Em "Jogos Mortais X", que se passa entre os eventos do primeiro e do segundo filmes, vemos Kramer, mais velho, doente e desesperado, que parte em uma viagem para o México em busca de um procedimento experimental e uma cura milagrosa para seu câncer. 

Ao descobrir que toda a operação é, na verdade, um golpe, Jigsaw entra em cena para vingar todos os que fizeram mal a ele e a todas as vítimas inocentes mortas. Em um jogo brutal, o protagonista cria armadilhas mais cruéis e dementes do que nunca. Este episódio é o primeiro que se passa no México.

O ritmo do filme é um pouco lento no início, dando a impressão de que as coisas não vão acontecer. Esse talvez seja um ponto negativo do roteiro, que se perde em relação à linha de ação que nosso protagonista irá focar. 


No entanto, a forma como John Kramer busca sua cura é muito bem apresentada, dando tempo para o público entender seu problema. Também temos participações especiais de personagens que marcaram a franquia, o que deverá agradar quem acompanha "Jogos Mortais" nesses quase 20 anos.

As armadilhas e os jogos mantêm sua essência e há um esforço notável para agradar aos fãs, incluindo a presença icônica do boneco em cima da bicicleta velha e as gravações com a voz de Jigsaw usando o jargão "Eu quero jogar um jogo com você". 

A trilha sonora clássica também está presente, embora com uma roupagem nova. A espinha dorsal do que torna "Jogos Mortais" único está bem representada e é um prato cheio para os fãs.


Talvez este seja o filme que mais nos faz questionar quem é o mocinho e quem é o vilão, devido à forma como o roteiro apresenta os personagens. Isso se aplica principalmente ao novo grupo de atores que injeta energia nesse jogo repleto de aflição. Destaque para a dra. Cecília Pederson (Synnøve Macody Lund), a enfermeira Valentina (Paulette Hernandez), Gabriela (Renata Vaca) e seu amante cirurgião Mateo (Octavio Hinojosa).

Arrisco dizer que este é o episódio de "Jogos Mortais" mais pessoal de toda a jornada de John Kramer até agora, explorando questões morais e éticas ao longo da franquia. Sem dúvida, o décimo capítulo traz muitas novidades, especialmente em seu ato final, com reviravoltas surpreendentes e um desfecho digno de continuação. 


A direção de Kevin Greutert é respeitosa com a franquia, especialmente porque ele já dirigiu alguns capítulos anteriores, como "Jogos Mortais 6" (2009) e "Jogos Mortais: O Final" (2010), demonstrando maestria e familiaridade ao retornar com o famoso personagem após quase 13 anos longe das telas. 

Este filme funciona bem por si só, sendo uma ótima oportunidade para novos fãs conhecerem a franquia, embora seja importante estar preparado. "Jogos Mortais" não é para os fracos de estômago, apresenta cenas de tortura de diversas formas, com muito sangue que causam repugnância. 

No entanto, o enredo é bem construído e repleto de reviravoltas, tornando cada jogo mais tenso e fazendo com que questionemos se as pessoas merecem ou não passar por esses desafios para sobreviver. Dito isso, fica o aviso.


"Jogos Mortais X" consegue se reinventar, mesmo que voltando ao passado para explicar suas motivações. O sucesso de crítica e de bilheteria é quase certo. É importante mencionar que o filme possui duas cenas pós-créditos curtas, mas que ajudam a conectar com outras produções da franquia. Estas cenas dão pistas sobre o que podemos esperar no futuro, incluindo personagens icônicos, principalmente do primeiro filme, dirigido por James Wan em 2004. 

Para um melhor aproveitamento do filme, as redes Cinemark e Cinépolis contarão com sessões D-BOX e 4DX respectivamente, em versões dubladas e legendadas. O filme também está em exibição em sessões 2D nas salas da rede Cineart.


Ficha técnica:
Direção: Kevin Greutert
Produção: Lionsgate e Twisted Pictures
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h58
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: terror, suspense

26 setembro 2023

Inteligência Artificial e efeitos visuais são os destaques de "Resistência"

Ficção dirigida e roteirizada por Gareth Edwards aborda o avanço da nova tecnologia e o temor de que as máquinas exterminem a raça humana (Fotos: 20th Century Studios)


Maristela Bretas


"Um filme que levanta questões sobre inteligência artificial e seu impacto na sociedade, como ética, controle, autonomia e, principalmente a diferença entre criação humana e artificial. A obra é provocativa e estimula o público a refletir sobre o papel da IA em nossas vidas e questionar até que ponto podemos confiar nas informações que encontramos diariamente".

Se você leu esta abertura até o final e não notou nada diferente, então comece a se questionar até onde as informações que chegam ao público por meio de textos e mídias foram produzidas por uma pessoa ou por Inteligência Artificial. Como o parágrafo acima, feito usando uma plataforma simples de IA. E é este o tema do filme "Resistência" ("The Creator"), que estreia nesta quinta-feira nos cinemas. E aí achou válido? 


"Resistência" é um filme que passa a impressão, em alguns momentos, de ter sido feito por meio desta tecnologia, com frases clichês. Já os efeitos visuais são excelentes. Gareth Edwards, que dirigiu "Rogue One - Uma História Star Wars" (2016) e "Godzilla" (2014), usou e abusou da criatividade e da experiência com produções de ficção científica para falar do assunto mais discutido da atualidade - a Inteligência Artificial e como ela está avançando em todos os setores.

O diretor também faz duras críticas à exploração dos povos asiáticos pelas grandes potências, em especial os Estados Unidos, que usa seu poderio bélico para dominar estes povos, que acabam se rebelando, usando seu avançado o conhecimento em tecnologia e IA. Tanto que são eles a aceitarem e conviverem em harmonia e protegerem com os chamados similares - robôs com consciência e aparência humana.


Não faltam cenas ação, explosões, grandes batalhas e caçadas aos robôs e seus aliados, considerados inimigos dos Estados Unidos. John David Washington ("Infiltrado na Klan" - 2018) convence como o ex-agente federal Joshua. Mas esse não é seu melhor papel do ator, falta emoção em seu personagem, apesar de protagonizar os momentos mais dramáticos do filme.

A verdadeira estrela do longa é a jovem Madeleine Yuna Voyles, que faz o papel de Alphie, a criança-robô. A atriz mirim, estreante no cinema, é pura emoção e carisma, o que falta em outros personagens. O elenco reúne ainda grandes nomes, como Gemma Chan ("Eternos" - 2021), Sturgill Simpson, Allison Janney e Ken Watanabe, que interpretam humanos e robôs similares.


A disputa entre seres humanos e máquinas, vai além do uso da tecnologia. Trata-se do controle da Inteligência Artificial, especialmente porque as máquinas passam a ter consciência e querem ser livres. E os humanos temem perder o poder e começam uma matança de inocentes e destruição. Ironicamente, a parte mais humana da história é Alphie, que tenta resolver a crueldade e a natureza bélica do ser humano e de seus similares com atos de amor ao próximo. 


"Resistência" se passa em um futuro distante, em meio a um planeta tomado por uma intensa guerra entre seres humanos e apoiadores da Inteligência Artificial depois que uma ogiva nuclear, disparada por erro, dizimou a população de Los Angeles. O ex-agente Joshua é recrutado para localizar e matar o Criador - um misterioso arquiteto responsável por desenvolver uma arma capaz de acabar com a máquina de destruição dos humanos e pôr fim ao confronto.

Inconformado com a morte da mulher Maya (Gemma Chan), Joshua e sua equipe, sob o comando da coronel Jean Howell (Allison Janney), partem para o território ocupado pela IA em busca desta arma, mas ele acaba descobrindo que uma criança está envolvida com os rebeldes.


O longa é dividido em capítulos, com enredo bem óbvio e alguns diálogos até previsíveis, como se tivessem sido inspirados em filmes anteriores do diretor, como "Rogue One". Mesmo assim são capazes de levar o expectador a pensar até onde os chamados seres humanos estão ficando mais insensíveis que as máquinas criadas por eles e qual o nosso futuro com o avanço da IA. 

A trilha sonora do excelente Hans Zimmer, como sempre é ótima e ajuda a envolver ainda mais o expectador na história. Para alguns críticos, "Resistência" está sendo considerado o filme de ficção científica do ano, comparado a "Blade Runner". Não sei se chega a tanto. 

A produção é bem interessante pelas abordagens apresentadas pelo roteiro e o bom uso de CGI, que empregou imagens feitas em países como Nepal, Tailândia, Japão, Indonésia, Camboja e Vietnã. Posteriormente elas foram usadas para criar os excelentes efeitos visuais. 


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Gareth Edwards
Produção: 20th Century e New Regency Pictures
Distribuição: 20th Century Studios
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h13
Classificação: 14 anos
Países: EUA e Reino Unido
Gêneros: ficção, drama