22 outubro 2023

"Uma Fada Veio Me Visitar" - uma comédia feita só para os fãs da Xuxa

Longa é um novo remake da obra homônima infanto-juvenil da escritora Thalita Rebouças (Fotos: Blad Meneghel)


Marcos Tadeu
Blog Narrativa Cinematográfica


Após quase 14 anos sem atuar no cinema, Xuxa Meneghel ressurge em "Uma Fada Veio Me Visitar", um remake da obra homônima de Thalita Rebouças, agora com nova roupagem, diferente da comédia "É Fada" (2016), que teve Kéfera Buchmann como protagonista. O longa é dirigido por Vivianne Jundi ("Detetives do Prédio Azul 2: O Mistério Italiano" - 2018), com o roteiro assinado pela escritora, em parceria com Patrícia Andrade. 

O filme é leve e divertido, mas apresenta erros que comprometem ao buscar unir dois públicos como uma forma de reconquistar audiência - os nostálgicos que acompanharam a carreira de Xuxa e os adolescentes da chamada geração Z. 


Na história, conhecemos Luna (Antônia Périssé, filha de Heloísa Périssé), uma adolescente rebelde, grossa e antissocial com as pessoas ao seu redor, que tem dificuldades de se socializar na escola. Um dia, ela recebe a visita da Fada Tatu (Xuxa Meneghel), "de castigo" por quatro décadas no reino das fadas por seus erros, que tem como missão ajudar a jovem a fazer boas amizades. 

O problema é que a fada tenta se aproximar de Luna usando uma linguagem que não dialoga com o público de hoje. Tatu está cheia de referências dos anos 1980 e 1990, que não fazem parte do cotidiano de uma adolescente de 2023. e vai precisar se adaptar às mudanças dos últimos 40 anos, como internet, celular e as próprias roupas.


Um exemplo disso é quando Xuxa aparece como She-Ra e fala de sua importância para Luna. A personagem não compreende a referência, e o filme deixa claro que muitas das figuras icônicas mostradas pela fada são mais uma maneira de homenagear a Rainha dos Baixinhos, não só no visual, mas também na trilha sonora do que uma história de fantasia para adolescentes.

O roteiro é preguiçoso e constantemente precisa de situações arranjadas para que Luna e Lara (Vitória Valentin), a aluna mais popular do colégio que sempre desdenhou da protagonista, se tornem melhores amigas. Mesmo sendo escrito por Thalita Rebouças, parece haver uma necessidade constante de adaptá-lo a Xuxa e ao seu estilo de trabalho.


Podemos comparar com o filme "Didi: O Cupido Trapalhão" (2003). Didi (Renato Aragão) tem a missão de unir casais e consegue se misturar bem na Terra. Já em "Uma Fada Veio Me Visitar" fica a impressão de que Xuxa está em uma frequência completamente diferente do restante do elenco. 

Se a Fada Tatu fosse interpretada por uma atriz mais jovem, como Larissa Manoela, Maísa ou Camila Queiroz, que são mais adequadas à realidade das redes sociais e da era da internet, talvez o público adolescente se sentisse mais representado.

Outro ponto que deixa a desejar é não haver um antagonista claro. Lara pode assumir esse papel em algum momento, mas quando o problema da inimizade é resolvido, não há mais o que fazer e o filme fica monótono e tedioso.


As fadas interpretadas por Zezeh Barbosa (Fadona), Dani Calabresa (Faducha) e Livia Inhudes (Fadagiária) são a parte divertida da produção. Trazem humor e mostram como Tatu desafia as leis das fadas. No entanto, essas personagens foram subutilizadas. Também o passado de Tatu e as regras do mundo da fantasia onde ela vivia são pouco explicadas.

O ponto positivo é a mensagem do filme, que aborda adolescentes em busca de amor e reconhecimento. Isso é explorado de maneira interessante, especialmente nas situações de bullying que Luna enfrenta na escola. No entanto, a influência da fada acaba deixando o tema principal em segundo plano.

"Uma Fada Veio Me Visitar" deixa dúvidas sobre o público ao qual se destina. Os adolescentes se sentirão representados na tela? Os conflitos mostrados no longa refletem a realidade dos adolescentes de hoje? Essa é uma reflexão que vale ser feita. Parece estar mais voltado para os fãs que curtiram Xuxa no passado do que para os novos adolescentes, mesmo sendo roteirizado por uma escritora cujas obras são voltadas para jovens. 


Ficha técnica:
Direção: Vivianne Jundi
Produção: Bronze Filmes e coprodução Paramount Pictures e Rubi Produtora
Distribuição: Imagem Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h42
Classificação: 10 anos
País: Brasil
Gênero: comédia

20 outubro 2023

Filme "Swimming Home" busca recursos para distribuição mundial

Produção franco-britânica conta com a participação de artistas de renome (Fotos: Divulgação)


Da Redação


Já está em fase de pós-produção o longa "Swimming Home", ambientado na Grécia e baseado na obra literária homônima da escritora britânica Deborah Levy, finalista do Man Booker Prize de 2012, o mais importante prêmio literário da Grã-Bretanha. 

O filme conta com a participação de artistas de renome como o ator estadunidense Christopher Abbott (da série "The Sinner", da Netflix), a atriz canadense Mackenzie Davis ("Blade Runner 2049" - 2017) e a atriz greco-francesa Ariane Labed ("Fidelio: A Odisseia de Alice" - 2014). A produção é dirigida por Justin Anderson, responsável também pelo roteiro.

"Swimming Home", que poderá receber o nome em português de "Natação em Casa", é uma comédia de humor negro. Conta a história de um casal problemático, Joe e Isabel, e sua filha adolescente Nina, cujas férias são transformadas por Kitti. A estranha é encontrada nadando nua na piscina da casa em que estava hospedada a família e acaba convidada a ficar no local. Que tipo de alívio Kitti pode oferecer para esta crise familiar? 

Livro homônimo da escritora britânica Deborah Levy

Financiamento

Apesar de ser uma produção internacional, o filme contou com uma parcela de financiamento proveniente do Brasil. "Swimming Home" começou a ser gravado no ano passado, apoiado pela brasileira Hurst, por meio da MUV, seu braço voltado à cultura e pioneira no Brasil neste tipo de iniciativa. 

A cota financiada pela fintech foi transformada em ativo de investimento, com a promessa de retorno na forma de juros. O modelo desenvolvido pela Hurst é simples e quase qualquer um pode investir. O aporte mínimo é de R$ 10 mil. A operação terá duração de 12 meses, e a expectativa é de rentabilidade de 28,24% ao ano dentro do cenário base. 

Praticamente concluído e entrando na fase de distribuição, o longa entra na segunda fase de captação pela Hurst. Os recursos são necessários para a promoção do filme no mercado internacional. O fato de já estar todo gravado e em fase final de edição é um fator positivo porque reduz risco, já que os prazos e custos determinados para a produção foram cumpridos à risca. 

Ariane Labed, Christopher Abbott e Mackenzie Davis 


Mercado internacional

Em 2024, "Swimming Home" vai entrar no mercado por meio dos principais festivais internacionais de cinema, entre eles o Sundance Film Festival e o Festival de Berlim. A participação nestes eventos tem como objetivo atrair compradores, ou seja, as distribuidoras, que podem pagar pelo direito de exploração do filme em determinados territórios ou globalmente.

A exploração em questão é a exibição em diversas ou em todas as janelas existentes como cinemas, streamings ou TVs. E essas possibilidades aumentam o poder de barganha junto aos distribuidores, valorizando a produção e aumentando a rentabilidade da obra. 

“Ao transformarmos a produção cinematográfica em ativo de investimento, há uma troca com o objetivo do ganha-ganha. O cinema recebe o dinheiro de que precisa para concluir a produção e os investidores, ao final, recebem de volta o dinheiro acrescido da rentabilidade. Ninguém deve favor a ninguém, é um formato absolutamente profissional e independente”, comenta Arthur Farache, CEO da Hurst.


Ficha técnica
FILME EM PÓS-PRODUÇÃO
Direção e roteiro:
Justin Anderson
Produção: Anti-Worlds, Quiddity Films, Heretic, Reagent Media e coprodução da Leming Film
Países: Reino Unido e França
Gênero: drama