01 novembro 2023

Longa “Mussum - O Filmis” apresenta o homem por trás do palhaço - que é tão engraçado quanto

Obra joga luz sobre a vida - e dilemas - de Antônio Carlos Bernardes Gomes, um dos maiores humoristas
da TV brasileira (Fotos: Downtown Filmes)
 



Eduardo Jr.


O cartaz de divulgação já revela um dos méritos de “Mussum - O Filmis”: a perfeita caracterização do ator Aílton Graça para viver um personagem que fez o país gargalhar por 25 anos, integrando o humorístico “Os Trapalhões”. 

E a entrega para viver o trapalhão também parece ser a mesma que o então sambista, falecido em 1994, fez décadas atrás. O longa, dirigido por Silvio Guindane e distribuído pela Downtown Filmes, chega aos cinemas no dia 2 de novembro.   


A obra se baseia no livro “Mussum - Uma História de Amor e Samba”, de Juliano Barreto. Para que as páginas se transformassem em produto audiovisual, foram dez anos de espera.

Na pré-estreia do longa em Belo Horizonte, a convite da rede Cineart, o protagonista Aílton Graça nos contou que esses anos de pesquisa foram uma grande descoberta.


Antes de chegar ao auge da carreira do biografado, o espectador é apresentado à infância de Antônio Carlos Bernardes Gomes. Ali estão detalhes pouco conhecidos da vida do Antônio criança (vivido por Thawan Lucas Bandeira), que já demonstrava interesse pelo samba. 

Mas a criação rígida da mãe (personagem de Cacau Protásio na primeira e segunda fases do longa) o levou para um colégio interno, desviando - ou apenas atrasando - um caminho que era inevitável.    


A fase da formação militar e da paixão pela música é vivida pelo humorista Yuri Marçal. As piadas são apresentadas com naturalidade, provavelmente pela experiência de Marçal nos palcos fazendo stand-up. 

Mas o texto e a edição também são trunfos para tirar risos do público. A montagem cola momentos com agilidade, estruturando um tempo de comédia que agrada bastante.


Na fase adulta, Aílton Graça apresenta um Antônio Carlos dedicado ao samba, sem se achar engraçado e voltado à família.  A desenvoltura do protagonista no grupo Originais do Samba e em Os Trapalhões são boas. 

Porém, a perda de ritmo para apresentar a construção e entrada do Mussum no programa de Chico Anísio - a Escolinha do Professor Raimundo - excede na duração.


Vale dizer que, nessa terceira fase, as atuações do elenco crescem na tela. Destaque para Neuza Borges (Dona Malvina), Édio Nunes (Bigode) e Gustavo Nader (Zacarias), que encontraram a medida exata do tom, da profundidade e da firmeza de seus personagens.

"Mussum, O Filmis" traz ainda grandes figuras da cultura brasileira para dividir a tela com o protagonista. Entre elas, Grande Otelo (Nando Cunha), Alcione (Clarice Paixão), Jorge Ben (Ícaro Silva), Cartola (Flávio Bauraqui), Chico Anysio (Vanderlei Bernardino), Garrincha (Wilson Simoninha), Boni (Augusto Madeira), Nilton da Mangueira (Mussunzinho), Milton Carneiro (Marcello Picchi) e Elza Soares (Larissa Luz). 


E claro, Aílton Graça consegue ir além da semelhança física, imprimindo tensões e graça, de acordo com o momento. O protagonista afirma, ainda, que o valor de Antônio Carlos vai além da qualidade artística. A história de Mussum foi emblemática para uma luta que ainda se faz necessária.


Tantas qualidades fazem o filme chegar badalado ao grande público. Apresentado no Festival de Gramado, conquistou seis Kikitos: Melhor Filme, Melhor Filme Pelo Júri Oficial, Melhor Filme Pelo Júri Popular, Melhor Ator para Aílton Graça e Melhor Ator Coadjuvante para Yuri Marçal. 

Premiado ou não, "Mussum - O Filmis" vale o ingresso, a pipoca e até repetir a sessão, pra se divertir com o músico e humorista que atravessa gerações sem perder a graça.


Ficha técnica:
Direção: Silvio Guindane
Roteiro: Paulo Cursino
Produção: Camisa Listrada, com coprodução da Panorama Filmes, Globo Filmes, Globoplay, Telecine, RioFilmes
Distribuição: Downtown Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h03
País: Brasil
Classificação: 12 anos
Gêneros: comédia, drama

30 outubro 2023

"O Tubarão Martelo - O Filme" ganha o mundo com mensagem contra poluição ambiental

Sucesso do Youtube agora tem formato de animação, novos personagens e direção de Carlos Magalhães (Fotos: Tubarão Martelo/Divulgação)


Maristela Bretas


São mais de 30 milhões de visualizações no Youtube, sucesso nos vídeos musicais animados e no teatro entre um público bem exigente e inquieto - a turminha de até 6 anos de idade. Agora, "O Tubarão Martelo e Os Habitantes do Fundo do Mar - O Filme" ganha o formato de animação e estreia em breve nos cinemas brasileiros. 

Com direção de Cláudio Fraga e Carlos Magalhães, a obra apresenta novos personagens que falam e fazem um grande alerta ambiental para conscientizar as novas gerações. E o filme soube abordar bem o assunto, com linguagem simples, de fácil compreensão para o público infantil, que entendeu bem a mensagem de não jogar lixo nem poluir o mar.


O filme é um média-metragem de animação infantil de 26 minutos e única produção mineira vencedora nesta categoria da Seleção de animação do edital Petrobras Cultural, realizado com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura - a Lei Rouanet. A obra agora segue para a participação em festivais pelo mundo e tem previsão de estreia no circuito comercial no Brasil em 2024. 

A pré-estreia gratuita para a criançada e suas famílias aconteceu no dia 28 de outubro, no Cineart Boulevard, em Belo Horizonte, e foi um sucesso. Com direito a fotos com os personagens, contou com a presença do diretor, do criador Cláudio Fraga e do elenco de dubladores. Claro que eu e o colaborador Marcos Tadeu não perdemos a oportunidade. 


Fotos:  Ana Cecília Rezende, Marcos Tadeu
  e Maristela Bretas


Maria Beatriz, de 7 anos, e a irmãzinha Maria Gabriela, de 3, assistiram a exibição e gostaram muito do filme. 

                                               Crédito: Ana Cecília Rezende - @Ahhbeaga

Carlos Magalhães falou de sua experiência com a obra infantil. "Tenho mais de 40 anos no audiovisual e é a primeira vez que faço um filme de animação. Foi um aprendizado, é um trabalho muito complexo, cheio de detalhes e decisões importantes que você toma desde o início do processo que vão ter repercussão lá na frente". 

Cláudio Fraga, que assina a criação, co-direção e direção musical, explicou quais serão os próximos passos. "Queremos rodar bastante os festivais e levar essa história tão importante. O mundo precisa muito de vozes que falem do meio ambiente e da importância da infância. Esse filme é uma pegada de amor pelo planeta e depois dos festivais vamos trazer para o circuito comercial de todo o Brasil. Esperamos que essa animação seja um start para produções bem maiores. A gente almeja uma série e futuramente um longa do Tubarão Martelo".


"O Tubarão Martelo e Os Habitantes do Fundo do Mar - O Filme" conta a história do valente navegador Capitão Jack que parte em busca de tesouros escondidos nos oceanos e é surpreendido pelo nosso herói dos sete mares, o Tubarão Martelo e seu fiel escudeiro, o Peixe-Piloto. 

Ajudado pelas sereias Luna e Maya, Jack vai viver uma aventura cheia de suspense e conhecer o maior de todos os tesouros: o fundo do mar, com seus habitantes e riquezas naturais, que estão ameaçados por terríveis predadores, os seres humanos. 


O roteiro é de com Ana Luiza Alves, Carlos Magalhães e Cláudio Fraga, que também participa da criação da trilha, com Richard Neves, Tatá Sympa, Rogério Delayon. A mixagem é de André Cabelo e a animação da Dogzilla Estúdio e Immagini, com produção da Luz Comunicação e de O Tubarão Martelo. 


As dublagens foram feitas por atores mineiros e a finalização pela produtora Caturra Filmes. Cláudio Fraga, o homem das 1001 funções, é também o dublador do Capitão Jack; Ricardo Righi Filho dubla o Tubarão Martelo; Cecília Fernandes faz as vozes das sereias Luna e Maya, e o falador e mal-humorado Peixe-Piloto, recebeu a divertida dublagem de Gustavo Marquezine. 


Animado com a pré-estreia, Ricardo Righi Filho falou sobre sua participação e a importância de falar para o novo público infantil. "Normalmente eu gravo até rápido o trabalho de dublagem. Esse demorou um bocadinho mais, até encontrar o tom de voz. No final, basicamente ficou a minha voz, um pouco mais aveludada (rsrsrsrs). Quem fala pra crianças de até 7 anos tem de ser muito franco, ir direto ao ponto, não tratar como criancinha, é dar a real das coisas. O mais importante é tratá-las de igual pra igual".

E pra galera, o Tubarão Martelo deixa o seguinte recado: "vamos parar de poluir os mares, é muito importante cuidar do nosso lixo porque a situação está mais do que alarmante".


Ficha técnica:
Direção: Carlos Magalhães
Produção: Caturra Filmes e Luz Comunicação
Duração: 26 minutos
Classificação: Livre
Gêneros: animação, infantil