07 novembro 2023

"A Última Vez que Fomos Crianças" para rir e chorar com o coração

Ítalo, Vanda e Cosimo saem numa divertida jornada pela estrada para resgatar o amigo Riccardo levado pelos nazistas (Fotos: Divulgação)


Maristela Bretas


Pensa em um filme sensível, sobre amizade sincera e fiel, amor proibido e primeiro amor. Tudo isso acontecendo em meio à 2ª Guerra Mundial, que não consegue tirar, na maior parte da trama a pureza da infância. Este é "A Última Vez que Fomos Crianças" ("L'ultima Volta Che Siamo Stati Bambini"), um dos longas inéditos que compõem a seleção do Festival de Cinema Italiano no Brasil, que começa hoje e vai até dia 9 de dezembro, com sessões presenciais e pelo streaming no site do evento, totalmente gratuitas.

O filme é lindo, prende a gente do início ao fim por ter uma história simples, divertida, envolvente e também triste. Ele se passa na Itália de Mussolini, forte apoiador do nazismo de Hitler, especialmente na caça aos judeus. Apesar disso, quatro crianças ainda conseguem transformar o conflito numa grande brincadeira de combate, sem terem consciência do que ele realmente representa.


Dirigido por Claudio Bisio, "A Última Vez que Fomos Crianças" nos apresenta quatro amigos - Ítalo (Vincenzo Sebastiani), forte defensor de Mussolini e Hitler que sonha ganhar uma medalha de herói como o irmão e ser reconhecido pelo pai; Cosimo (Alessio Di Domenicantonio), o mais novo, cujo pai foi morto por ser um anarquista contrário ao fascismo e que é criado pelo avô junto com o irmão, que ele chama de "Xixi na Cama" (Valerio Di Domenicantonio, irmão na vida real de Alessio); Riccardo (Lorenzo McGovern Zaini), um doce garoto judeu, que também quer lutar na guerra pela Itália e que logo conquista a amizade de todos, especialmente, Ítalo; e por fim, Vanda (Carlotta De Leonardis), a jovem órfã que quer ser enfermeira, vive no convento e aguarda ano a ano ser adotada.


Em meio a tiros de mentira, armas de madeira, estilingues e latas velhas, eles se divertem com sua própria guerra, com tiros sem mortos e um velho boneco de palha como vítima. Até mesmo os aviões que bombardeiam Roma são alvos para estes corajosos combatentes e seus "armamentos pesados". 

O que eles não contavam era com a caçada aos judeus e que isso chegaria a eles, ao perceberem que Riccardo um dia foi levado com sua família, sem explicações. 

Começa ai a grande aventura do trio de amigos que quer resgatar o quarto membro do grupo, levado pelos nazistas para a Alemanha. Ítalo, Cosimo e Vanda se descobrem e vão amadurecendo aos poucos durante a jornada. Apesar de o período em que se passa a história - 1943 - trazer ingredientes bem negativos, a inocência das crianças consegue driblar o lado ruim em nome da amizade e do respeito. 


"Meninos são fortes, meninas são fracas e servem só para fazer filhos para o 'Duce' e cuidar da casa", "judeu é o inimigo e merece ser morto", "mulher que deita com soldado fica mal-falada". Frases como essas são ditas ao longo do roteiro, mas a relação dos três amigos vai provando o contrário, de uma maneira leve, divertida e mostrando que as garotas do filme são mais espertas e práticas.

"A Última Vez que Fomos Crianças" lembra outras produções, como "Conta Comigo" (1986), que também trata de amizade sincera e da relação de quatro amigos adolescentes durante uma jornada de descobertas e amadurecimento.


Como era de se esperar, as crianças "fujonas" passam a ser procuradas pela freira Irmã Agnese (Marianna Fontana), que considera Vanda como uma filha, e pelo irmão herói de Ítalo, capitão Vitório Barocci (Federico Cesari). Também estes dois jovens vão viver experiências durante a busca que podem abalar a fé da primeira em Deus e do segundo no que aprendeu no Exército.

Não espere bombas explodindo o tempo todo. Há momentos tensos, claro, afinal a história se passa durante a guerra. Porém, um certo gordinho cheio de marra, que se acha comandante de tropa, mas que é manipulado pela esperta órfã, muda todo o panorama quando aparece e é o destaque do filme. Ítalo é divertido, brigão, pirracento, mas de um coração enorme. 


Para completar toda esta história, nada como um cenário da bela Itália. As gravações foram feitas em Roma e em Siena, na região da Toscana. Na parte técnica, nota dez para o figurino, com uma ótima reprodução de época. 

A fotografia passeia entre o preto e branco das imagens de guerra e as cores mais neutras, que não contrastam com o ambiente cinzento dos uniformes e tanques. 

Mas o que seria de uma produção como essa sem a trilha sonora perfeita. A música original é de Pivio e Aldo de Scarzzi, com destaque para a emocionante "La Storia", interpretada por Francesco de Gregori, que finaliza a história, levando o espectador às lágrimas. 

"A Última Vez que Fomos Crianças" tem uma mensagem linda de amizade e lealdade, que vale pra vida toda. Imperdível. Confira a sessão no Festival de Cinema Italiano no Brasil, disponível gratuitamente no site


Ficha técnica:
Direção: Claudio Bisio
Produção: Solea, Bartleby Film, Medusa Film, com colaboração da Prime Video
Exibição: no site oficial do festival - https://festivalcinemaitaliano.com/
Duração: 1h30
Classificação: 12 anos
Países: Itália e França
Gênero: comédia

04 novembro 2023

Festival de Cinema Italiano chega a Minas com exibições gratuitas presenciais e no streaming

Evento exibirá longas em 91 salas espalhadas por mais de 60 cidades do país (Fotos: Divulgação)


Da Redação


Belo Horizonte será uma das cidades brasileiras a receber a 18ª edição do Festival de Cinema Italiano, que começa dia 8 de novembro e se estende até 9 de dezembro. Serão 91 salas espalhadas por mais de 60 cidades em todas as regiões do país e também no streaming. 

Além da capital, receberão o festival as cidades mineiras de Barbacena, Jacutinga, Juiz de Fora, Lavras, Ouro Preto, São João Del Rey, Tiradentes, Uberaba, Uberlândia e Viçosa. 

"Primadonna", de Marta Savina

O festival selecionou 32 filmes, entre longas-metragens inéditos e as comédias clássicas italianas no foco da retrospectiva deste ano. Acompanhe pelos próximos dias as resenhas de alguns dos filmes do festival que o blog Cinema no Escurinho irá postar e que poderão ser conferidos gratuitamente, tanto nas sessões presenciais de 19 produções quanto na programação completa, disponível no site https://festivalcinemaitaliano.com/

Com filmes produzidos entre 2022 e 2023, que estrearam em importantes festivais internacionais como Berlim, Cannes, Veneza e Roma, o público poderá assistir durante um mês, no streaming e em salas de cinema, uma seleção rica e diversificada que explora temas desde a complexidade das relações humanas até as nuances sociopolíticas da Itália contemporânea. 

"Contos de Domingo", de Giovanni Virgilio

Inspirando-se nas paixões intensas, estes filmes não apenas capturam a essência da cultura italiana, mas também lançam luz sobre questões universais, tornando-os relevantes para o público global. 

Uma excelente oportunidade de conhecer produções de renomados cineastas da vanguarda do cinema do país, como Pupi Avati, Gabriele Salvatores, Gianni Amelio, Michele Placido, os novos Riccardo Milani, Paolo Genovese, Daniele Viccari, Luca Lucini, Andrea Di Stefano e Giovanni Virgilio, e os estreantes Marisa Vallone, Gianluca Mangiasciutti, Marta Savina, Emilia Mazzacurati. 

"A Trapaça", de Federico Fellini

A retrospectiva dedicada à "Commedia all'italiana" promete ser o destaque do festival. O público amante do cinema poderá assistir clássicos de diretores como Federico Fellini, Giuseppe Bertolucci, Mario Monicelli, Elio Petri, Dino Risi, Lina Wertmuller, e outros grandes cineastas. 

Também poderá rever atores consagrados, como Vittorio Gassman, Ugo Tognazzi, Alberto Sordi, Giancarlo Giannini, Mariangela Melato, Stefania Sandrelli, Claudia Cardinale, Monica Vitti, Catherine Spaak, entre outros.

Saiba mais sobre cada filme e a programação a partir do dia 8 de novembro clicando aqui.

"Pato com Laranja", de Luciano Salce 

Os filmes inéditos selecionados são:
- Ainda Temos o Amanhã (C'è Ancora Domani, 2023), de Paola Cortellesi
- A Invenção de um Crime (Il Signore delle Formiche, 2022), de Gianni Amelio
- As Minhas Garotas de Papel (Le Mie Ragazze di Carta, 2023), de Luca Lucini
- A Sombra de Caravaggio (L'Ombra di Caravaggio, 2022), de Michele Placido
- A Terra das Mulheres (La Terra delle Donne, 2023), de Marisa Vallone
- A Última Noite de Amore (L'Ultima Notte di Amore, 2023), de Andrea Di Stefano
- A Última Vez que Fomos Crianças (L'ultima Volta Che Siamo Stati Bambini, 2023), de Claudio Bisio
- Billy (Billy, 2023), de Emilia Mazzacurati

"Billy", de Emilia Mazzacurati

- Contos de Domingo (I Racconti Della Domenica, 2022), de Giovanni Virgilio
- Obrigado, Rapazes (Grazie Ragazzi, 2023), de Riccardo Milani
- O Homem na Estrada (L'Uomo Sulla Strada, 2022), de Gianluca Mangiasciutti
- O Primeiro Dia da Minha Vida (Il Primo Giorno Della Mia Vita, 2023), de Paolo Genovese
- O Retorno de Casanova (Il Ritorno di Casanova, 2023), de Gabriele Salvatores
- Orlando (Orlando, 2022), de Daniele Vicari
- Primadonna (Primadonna, 2022), de Marta Savina
- Um Amor de Domingo (La Quattordicesima Domenica del Tempo Ordinario, 2023), de Pupi Avati

"Orlando", de Daniele Vicari

Para a Retrospectiva de comédias clássicas italianas foram escolhidos 16 filmes:
- Amor à Italiana (Amore all’Italiana, 1966), de Steno
- A Propriedade Não É Mais um Roubo (La Proprietà Non È Più un Furto, 1973), de Elio Petri
- Arturo De Fanti Bancário e Precário (Rag. Arturo De Fanti Bancario-Precario, 1980), de Luciano Salce
- A Trapaça (Il Bidone, 1955), de Federico Fellini
- Berlinguer, I Love You (Berlinguer, ti Voglio Bene, 1977), de Giuseppe Bertolucci
- Brancaleone nas Cruzadas (Brancaleone alle Crociate, 1970), de Mario Monicelli
- Esses Nossos Maridos (I Nostri Mariti, 1966), de Luigi Filippo D'Amico, Dino Riso e Luigi Zampa
- Golpe dos Eternos Desconhecidos (Audace Colpo dei Soliti Ignoti, 1959), de Nanni Loy

"Parente é Serpente", de Mario Monicelli

- Mimi, o Metalúrgico (Mimí Metarllugico, Ferito Nell' Onore, 1972), de Lina Wertmüller
- O Gato (Il Gatto, 1977), de Luigi Comencini
- Parente É Serpente (Parenti Serpenti, 1992), de Mario Monicelli
- Pato com Laranja (L'Anatra all'Arancia, 1975), de Luciano Salce
- Pobres mas... Belas (Poveri Ma Belli, 1957), de Dino Riso
- Por um Destino Insólito (Travolti da an Insolito Destino nell'Azzurro Mare d'Agosto, 1974), de Lina Wertmüller
- Rugantino, o Conquistador (Rugantino, 1973), de Pasquale Festa Campanile
- Venha Tomar Café Conosco (Venga a Prendere il Caffè... Da Noi, 1970), de Alberto Lattuada

"Mimi, o Metalúrgico", de Lina Wertmüller

Serviço:
18º Festival de Cinema Italiano
Data:
08/11 a 09/12/2023
Entrada: gratuita
Informações e programação: https://festivalcinemaitaliano.com/
Locais de exibição:
Em BH: - Cine Humberto Mauro (Palácio das Artes - Av. Afonso Pena 1.537 - Centro)
- Centro Cultural Unimed BH-Minas (Minas I, na Rua da Bahia, 2244 - Lourdes)
- Auditório da Faculdade de Letras da UFMG (Av. Pres. Antônio Carlos, 6627 - Pampulha)

No interior:
Barbacena: - Cine Plaza
                    - Instituto Federal Sudeste de Minas Gerais - Campus Barbacena
Jacutinga: Associação Comercial e Industrial de Jacutinga (ACIJA) /Auditório Municipal Josefina Meloni
Juiz de Fora: Museu de Arte Murilo Mendes
Lavras: Centro Cultural UFLA
Ouro Preto: Cine Vila Rica
São João Del Rei: Centro Cultural Solar da Baronesa da UFSJ
Tiradentes: Centro Cultural Yves Alves
Uberaba: Centro Cultural Cecília Palmério
Uberlândia: - Cineteatro Nininha Rocha no Centro Municipal de Cultura de Uberlândia
                    - Museu Universitário de Arte MUnA
Viçosa: Universidade Federal de Viçosa