04 janeiro 2024

"Patos!" - Aventura emplumada com gosto de déjà-vu

Uma família decide fazer uma viagem que vai ensiná-la sobre diferenças, amizade, gratidão e as belezas e perigos do mundo (Fotos: Illumination/Universal Studios)


Silvana Monteiro
@SilMontheiro


Deixar a zona de conforto, mudança de vida, aventura inesperada, união, solidariedade e empatia são temas explorados na animação "Patos!" ("Migration"), a mais nova comédia de ação do estúdio Illumination, que estreia nesta quinta-feira (4) nas salas brasileiras. 

Nesta temporada de férias, a produtora, conhecida por produções infantis de sucesso como "Minions" (2015 e 2022), a franquia "Meu Malvado Favorito" (2010, 2013, 2017 e o quarto previsto para este ano), "Sing" (2016 e 2021) e "Pets - A Vida Secreta dos Bichos" (2016 e 2019), convida você a embarcar, com uma família cheia de penas, em uma viagem emocionantemente desbravadora, em busca de "novos ares".


A comédia de ação "Patos!" consegue entreter com seu humor peculiar, personagens diferentes e carismáticos, uma história envolvente e um elenco talentoso. Mas o longa acaba pecando ao repetir algumas abordagens já vistas em outros filmes que exploram a relação entre animais e humanos. 

Alguns pontos dão a sensação de déjà-vu. O roteiro assinado por Mike White, criador da premiada série "The White Lotus" (2021) e roteirista de "Escola de Rock" (2003), "Patos!" lembra um pouco a aventura vivida pela arara azul Blue e sua família em "Rio 2" (2014), de Carlos Saldanha. 


Na história, a família Lospatos vive reclusa em um ambiente selvagem, com aquelas típicas paisagens remotas e bucólicas, onde o perigo e a maldade só existem nas histórias contadas pelo pai. Tudo é muito lindo quando se trata da natureza do local. 

Porém, para os dois jovens patos integrantes desse grupo, questionar o pai é um exercício difícil. Ele mal bate as asas por querer apenas manter sua vida pacata, amedrontando a todos quanto aos riscos de mudar a asa de lugar. 


Enquanto o pai Mack está satisfeito em manter a segurança, flutuando incansavelmente em "seu lago" na Nova Inglaterra (EUA), a mãe Pam anseia por agitar as coisas e mostrar o mundo aos filhos, o adolescente Dax e a patinha Gwen. 

Quando um grupo de patos migratórios pousa no lago com histórias fascinantes de lugares distantes, Pam convence Mack a embarcar em uma viagem em família, passando por Nova York até chegar à tropical Jamaica, destino dos colegas turistas.


No entanto, seus planos bem elaborados logo começam a dar errado quando eles seguem na direção oposta aos patos selvagens durante o inverno. 

Essa experiência improvável levará a família Lospatos a expandir seus horizontes, conhecer novos amigos, aprender mais uns sobre os outros e sobre si mesmos de maneiras inesperadas e alcançar mais do que jamais imaginaram ser possível. 


Entre aprender voar a céu aberto e entre prédios de uma grande cidade, o grupo vai conhecer novas espécies de aves e viver desafios incríveis. 

O medo vai dar lugar à coragem e à união de forças, capazes de fazer a família enfrentar todo tipo de situação, desde um grupo de aves excluídas e em situação de rua até humanos criminosos.

A animação conta com um elenco de comédia de primeira linha, com vozes originais de Kumail Nanjiani ("Eternos" - 2021), no papel de Mack; Elizabeth Banks ("As Panteras" - 2019) como Pam; Danny DeVito ("Dumbo" - 2019), que dá voz ao pato ranzinza Tio Dan.

Temos ainda Awkwafina ("Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis" - 2021), a pomba Lelé; Carol Kane, como a garça Erin; Keegan Michael Key, voz de Delroy, um papagaio-da-jamaica, além de Caspar Jennings e a estreante Tresi Gasal, como os filhotes Dax e Gwen.


A dublagem profissional brasileira é encabeçada por Sérgio Stern (Mack), que fez a voz do hamster Norman, em "Pets - A Vida Secreta dos Bichos 2" (2019); Priscila Amorim (Pam), dubladora de grandes atrizes como Scarlett Johansson, Zoe Saldana, Natalie Portman, Anne Hathaway, entre outras; Sam Vileti (Dax) e Melinda Saide (Gwen). 

Completam o time, artistas da TV: Cláudia Raia (Erin), Ary Fontoura (Tio Dan), Danni Suzuki (Lelé) e o chef de cozinha Henrique Fogaça (Chef).

Vale à pena conferir essa aventura emplumada e refletir sobre os temas universais de família, amizade, empatia, solidariedade e descobertas pessoais. Tudo isso ao som de uma animada trilha sonora composta por John Powel.

"Patos!" é uma animação que pode agradar a espectadores de todas as idades e uma boa pedida para uma deliciosa reunião familiar na sala de cinema.


Ficha técnica:
Direção: Benjamin Renner e Guylo Homsy
Roteiro: Mike White e Benjamin Renner
Produção: Illumination Entertainment e Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h22
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: comédia, ação, animação, aventura, família

03 janeiro 2024

"O Melhor Está Por Vir" une homenagem ao cinema e relato pessoal do diretor

Nanni Moretti interpreta um diretor de cinema com dificuldades para concluir seu filme sobre o partido comunista italiano (Fotos: Pandora Filmes/Divulgação)


Eduardo Jr.


Se a realidade é dura, no cinema é possível encontrar a satisfação. Essa pode ser uma das conclusões do filme "O Melhor Está Por Vir" ("Il Sol dell’Avvenire"). Nanni Moretti dirige, colabora no roteiro e é o protagonista do longa, que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (4), distribuído pela Pandora Filmes. 

Moretti encarna o diretor de cinema Giovanni, que deseja fazer um filme ambientado na Roma dos anos 1950 sobre a posição do partido comunista da Itália durante a invasão da Hungria pela União Soviética. No entanto, a obra tem dificuldades para ser finalizada porque o diretor controla o set, mas não algumas situações da vida real. 


Para concluir seu longa-metragem, Giovanni precisa lidar com questões financeiras, com um mundo que não se importa com o passado histórico retratado na obra, uma atriz que tem outra visão sobre o filme, as transformações do mercado de audiovisual e o fim do seu casamento. 

Se na vida particular ele é controlador e não se atenta aos sentimentos nem às relações, no filme dentro do filme o romance também é sufocado. O protagonista (que leva o mesmo nome do diretor) é focado em seu trabalho no jornal, ignorando o interesse da mulher recém-chegada que se torna integrante da equipe. 


As histórias vão se alternando na tela. Embora estejam bem separadas, parecem conter elementos uma da outra, como a arte imitando a vida. Soa até biográfico em alguns momentos (até porque o nome de Nanni Moretti também é Giovanni). É uma homenagem à sétima arte e também um relato confessional. 

As críticas contidas no longa parecem pessoais. Como, por exemplo, as colocações do protagonista sobre a violência no cinema moderno. A autocrítica também se apresenta, por meio da arrogância no ambiente majoritariamente masculino do set, pela ousadia de querer dar palpite, interferir nas escolhas profissionais de outras pessoas.  


Ainda assim, o longa é uma comédia com tom sentimental. Não oferta muitas expectativas ou reviravoltas, mas apresenta momentos divertidos. A cena do protagonista cantando no carro e dos demais atores fazendo um coro alegra a obra. 

Também explicam um pouco do que a trama apresenta. Se o longa realmente merece os elogios recebidos desde sua estreia em Cannes, só indo ao cinema pra tirar suas conclusões. 


Ficha técnica:
Direção: Nanni Moretti
Produção: Rai Cinema, France 3 Cinema, Fandango, Sacher Film, Le Pacte
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: nas salas do UNA Cine Belas Artes e Centro Cultural Unimed-BH Minas
Duração: 1h35
Classificação: 12 anos
Países: Itália e França
Gêneros: comédia, drama