07 janeiro 2024

Entre amores e desafios: a jornada de Lim Ju-kyung em "Beleza Verdadeira"

Dorama aborda os encantos e desafios de uma jovem no mundo da aparência, vivendo um triângulo amoroso (Fotos: Netflix)


Filipe Matheus
@comentandosucessosoficial


Quem não ama uma história de amor? Agora, imagina se apaixonar pela mesma garota que seu melhor amigo gosta. Em "Beleza Verdadeira" ("True Beauty"), dorama disponível na Netflix, Lim Ju-kyung (Moon Ga-young) passa por essa situação. Complicado demais, não é verdade?

No dorama, uma estudante esconde seu passado e aprende técnicas de maquiagem que a tornam popular na escola. Lee Su-ho (Cha Eun-woo) e Han Seo-jun (Hwang In-yeop) disputam o coração da protagonista. 

Além de superar traumas do passado, ela vai começar a viver novas experiências, não só com os amigos, mas também em família. 


Os episódios abordam assuntos importantes como suicídio, bullying e relação com os pais. O melhor de tudo é a trilha sonora, que faz o espectador ficar mais apaixonado pelo enredo da série.

Primeiro amor, amizades e muita música, tudo bem produzido, dá vontade de sair do Brasil e viver na Coreia do Sul, onde é ambientada essa história.

Um ponto positivo é a atuação de Park Yoo-na ("A Man Of Reason" - 2022), uma personagem intrigante, que mostra sua personalidade forte, e também revela segredos ao decorrer dos 16 episódios.


Os demais integrantes do elenco atuam muito bem, todos os personagens têm protagonismo e as histórias se desenvolvem bem, ajudando o espectador a se envolver no enredo.

Um ponto negativo são as poucas cenas de Jin Seo-yeon (Chani) que tem uma importância essencial no dorama, mas aparece pouco, faltando contar mais sobre a história dele.

Então, não perca tempo, e venha embarcar nessa aventura, cheia de amor, pela busca da beleza verdadeira.


Ficha técnica:
Direção: Kim Sang-hyub
Produção: tvN
Exibição: Netflix
Duração: 1 temporada - 16 episódios
Classificação: 14 anos
País: Coreia do Sul
Gêneros: dorama, comédia, romance

05 janeiro 2024

Aclamado pela crítica, "Folhas de Outono" impressiona pela sensibilidade

Novo longa de Aki Kaurismäki está na shortlist do Oscar 2024 e foi nomeado ao Globo de Ouro (Fotos: Pandora Film/Sputnik Oy)

Carolina Cassese


Comédias românticas geralmente apresentam uma estrutura similar: o par se conhece aleatoriamente, passa por uma série de desencontros e luta para finalmente ter uma chance de testar o tal do “felizes para sempre”. 

Apesar de dialogar com essa tradição, “Folhas de Outono” ("Kuolleet Lehdet"), o mais novo filme de Aki Kaurismäki, está longe de ser apenas mais um filme do gênero. O longa, que integra a shortlist do Oscar e foi indicado a diversas premiações da temporada, impressiona por tratar de temas densos e variados com uma sutileza ímpar.


Atualmente em cartaz no UNA Cine Belas Artes e Centro Cultural Unimed-BH Minas (e, em breve, disponível na plataforma de streaming Mubi), a produção é centrada nos personagens Ansa (Alma Pöysti) e Holappa (Jussi Vatanen), dois moradores de Helsinque. 

Eles se conhecem num karaokê e, a partir desse encontro, começam a se esbarrar em diferentes pontos da cidade. Ao longo da narrativa, nos deparamos com diversos quadros que exibem um esquema de cores impressionante e, ainda, cenas que referenciam clássicos como “Rocco e Seus Irmãos” - 1960 (Luchino Visconti) e “Pierrot, Le Fou” (“O Demônio das Onze Horas”) - 2002 (Jean-Luc Godard).


Kaurismãki é conhecido por tratar de temas sociais e, mais especificamente, assuntos relacionados ao mundo do trabalho. “Folhas de Outono” não é uma exceção: os protagonistas do filme vivem e trabalham em condições bastante precárias. 

Os acenos da narrativa a Charles Chaplin também podem ser entendidos como uma possível alusão a "Tempos Modernos" (1936), já que, em pleno século XXI, os personagens realizam tarefas bastante repetitivas em seus empregos e são frequentemente desrespeitados pelos patrões.

Em determinado momento, a personagem principal é humilhada na fábrica por comer um sanduíche que seria jogado fora; “Isso deveria estar no lixo”, diz o chefe. Ansa responde: “Pelo visto, eu também”.


Quando a protagonista liga o rádio para buscar alguma distração de seu duro cotidiano, acaba se deparando com os horrores da guerra entre Rússia e Ucrânia. Em diferentes momentos, Ansa demonstra incômodo e muda a estação para poder ouvir música. 

Ao ler críticas de “Folhas de Outono” em sites de notícias, é extremamente significativo o fato de logo nos deparamos com notificações das abas “Guerra Israel-Hamas”, “Explosões no Irã” e “Acidente de avião no Japão”. A guerra entre Rússia e Ucrânia agora fica sem destaque não por ter acabado, mas por infelizmente ter se tornado um acontecimento “banal” em meio a tantas outras tragédias. 


Nesse sentido, a perspectiva da personagem Ansa se torna ainda mais evidente: tentamos nos distrair com a arte, mas a dureza da realidade por vezes se impõe. Como escapar desse sentimento de impotência diante de sucessivos horrores?

Claro, o filme de Kaurismäki não está interessado em fornecer respostas prontas. Mas, ao longo da narrativa, os dois personagens conseguem encontrar bonitos momentos de respiro em meio aos problemas sociais e questões particulares, como a depressão e a dependência alcoólica.

Em comparação a longas-metragens de grande orçamento e com inúmeros efeitos especiais, “Folhas de Outono” pode parecer um filme pequeno - inclusive por durar “apenas” 81 min. No entanto, como pontuou a crítica Stephanie Zacharek na revista Time, “às vezes pequenos milagres aparecem em forma de filmes”. Ao considerarmos todos os méritos do longa e o quanto ele consegue nos tocar, essa fábula do cotidiano se torna grandiosa.



Ficha técnica
Direção e roteiro:
Aki Kaurismäki
Produção: Sputnik Films e Pandora Film Produktion
Distribuição: O2 Play
Exibição: sala 3 do UNA Cine Belas Artes (sessão 14 horas) e sala 2 do Centro Cultural Unimed-BH Minas (sessão 21 horas)
Classificação: 14 anos
Duração: 1h21
País: Finlândia
Gêneros: comédia, drama, romance