11 janeiro 2024

Jason Statham deixa rastro de sangue em "Beekeeper - Rede de Vingança"

Ator interpreta um apicultor que faz justiça com as próprias mãos e passa o filme inteiro ferindo e matando quem atravessa seu caminho (Fotos: Leonine)


Maristela Bretas


Pancadaria, explosões, tiros e muita violência marcam o mais novo filme de ação e suspense de Jason Statham, "Beekeeper - Rede de Vingança" ("The Beekeeper"), que estreia nos cinemas brasileiros nesta quinta-feira. O ator é um dos produtores (o que virou rotina em seus longas), juntamente com o roteirista Kurt Wimmer e o diretor David Ayer.

Beekeeper em português significa apicultor. Como bom cuidador de abelhas que lhe garantem o sustento com a extração do mel, nosso astro vai muito além e dá um novo significado na proteção de sua colmeia. Mesmo que para isso seja preciso matar a rainha.


Jason Statham, conhecido principalmente por seus papeis em "Infiltrado" (2021) e nas franquias "Mercenários" (de 2010 a 2023) e "Velozes e Furiosos", incluindo "Hobbs & Shaw" (2013 a 2023) é Adam Clay, um ex-integrante da Beekeepers, uma organização especial poderosa e clandestina de "resolvedores de pendências impossíveis". Ele vive no anonimato e leva uma vida pacata, cuidando de um apiário numa área remota no interior dos EUA.

Após perder uma pessoa muito próxima e querida, Clay parte em busca dos responsáveis e sai deixando um rastro de sangue e destruição pelo país, capaz de movimentar outras organizações, agências nacionais e até o governo. 

O protagonista passa o filme inteiro ferindo, matando ou deixando desacordado quem tenta impedi-lo de chegar ao cabeça dos crimes cibernéticos que estão lesando milhares de pessoas, especialmente os idosos.


Nesta caçada, ele terá de enfrentar a persistente agente do FBI, Verona Parker (Emmy Raver-Lampman), e o parceiro dela, Matt Wiley (Bobby Naderi) que estão em seu encalço. Tem também o rico e mimado empresário da tecnologia, Derek Danforth (Josh Hutcherson, de "Five Night At Freedy´s - O Pesadelo Sem Fim" - 2023). O ator está bem, apesar de o seu personagem ser bem caricato. 

Já o assessor dele e ex-diretor da CIA, Wallace Westwyld, é vivido pelo ótimo Jeremy Irons ("Operação Red Sparrow" - 2018), que merecia maior destaque, como o papel de vilão, por exemplo.


O público não poderá reclamar da efeitos visuais, especialmente nas cenas de violência. Adam Clay é uma máquina de moer adversários nas artes marciais, mas sem dispensar facas, pistolas, metralhadoras e explosivos quando necessário. 

"Beekeeper - Rede de Vingança" é bem previsível desde o início: o mocinho bombado foda, charmoso com cara de mal, que luta muito, bate e apanha muito também para defender os mais fracos (suas abelhas e a colmeia). Trata-se de um filme sobre a jornada sangrenta de um homem só, que explora ao máximo a capacidade de luta do ator e de seus dublês.


E é seguindo essa cartilha que está dando certo que Statham fatura milhões e entrega o esperado por seu público, mesmo com furos no roteiro e violência exagerada. Não espere momentos amenos nem romance. Essa não é a linha de atuação do ator, que vem desempenhando papéis muito semelhantes nos últimos anos em seus filmes de ação e suspense.

Confesso que gosto de seus longas, até mesmo dos ruins, o que não é o caso de "Beekeeper". O enredo, já usado em vários filmes do gênero, especialmente nos de Statham, está amarrado direitinho e agrada. Nada excepcional, não deixa de ser o novo do mesmo, com mais tecnologia, tiro, porrada, bomba e classificação para 18 anos - o sangue espirra na tela. Indico para quem gosta do ator e destes gêneros.


Ficha técnica
Direção: David Ayer
Produção: Miramax Films
Distribuição: Diamond Films
Duração: 1h45
Exibição: nos cinemas
Classificação: 18 anos
País: EUA
Gêneros: ação, suspense
Nota: 3,5 (0 a 5)

09 janeiro 2024

"Chama a Bebel" convoca o público para uma transformação social

Produção infanto-juvenil estrelada por Giulia Benite usa história comum para conscientizar sobre combate ao preconceito e preservação da natureza (Fotos: Paris Filmes)


Marcos Tadeu
Narrativa Cinematográfica


Dirigido por Paulo Nascimento e protagonizado por Giulia Benite (a Mônica, de "Turma da Mônica - Laços" - 2019 e "Turma da Mônica - Lições" - 2021), "Chama a Bebel" chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira (11) contando a história de uma adolescente preocupada com causas ambientais e sociais. O filme é uma narrativa inteligente com uma mensagem positiva, direcionada especialmente ao público adolescente.

Na trama, conhecemos Bebel (Giulia Benite), uma garota linda e brilhante, cadeirante, que precisa sair do interior com sua mãe e avó para viver na cidade grande com a tia. Nossa protagonista é confiante e sincera, sem medo do perigo, que conquista o público desde a primeira cena. 

Enfrentando um ambiente novo e desconhecido, desafia até mesmo a garota mais popular do colégio e um empresário da cidade que faz testes laboratoriais em animais para defender as causas em que acredita.  


Mariana, a mãe de Bebel, interpretada por Larissa Maciel, e Seu João, o avô vivido por José Rubens Chachá, são doces em atuações graciosas e leves. Os garotos Antônio Zeni e Gustavo Coelho também formam um time de coadjuvantes brilhantes, dando suporte significativo aos personagens Beto e Zico.

Algumas figuras antagônicas, como a tia Marieta, interpretada por Flávia Garrafa, conseguem criar personagens que despertam prazer em ser odiada. A atriz dá um show de atuação, entregando uma pessoa com postura tão arrogante, mesquinha e sempre preconceituosa com a sobrinha que faz o espectador sentir raiva dela. 


Outra odiada até no time dos vilões é Roxxane ou Rox, papel de Sofia Cordeiro. Chata e enjoada, a jovem é a típica patricinha mimada, filha de um magnata importante da cidade. Apesar do personagem estereotipado, a atriz consegue transmitir bem essa característica antipática, embora, em alguns momentos, pareça robótica em seu texto. 

A temática é outro ponto importante a mencionar. Bebel transmite uma mensagem sobre vencer o preconceito, preservar a natureza, cuidar dos animais e criar formas sustentáveis de viver na cidade. 

Ela é a típica mocinha dos filmes, no sentido literal da palavra, defensora da moral e dos bons costumes. Isso incomoda quem é oposto a essas causas, mas também desperta curiosidade. O papel da jovem é gerar transformação em todos ao seu redor e também no público. 


O filme ajuda a colaborar para a conscientização das pessoas sobre a importância em preservar o meio ambiente e a sustentabilidade. Mas a insistência no tema também pode afastar alguns espectadores que vão achar a "protagonista chata" e faz com que os conflitos pessoais dos protagonistas sejam pouco explorados. O longa até termina de maneira interessante, mas poderia entrar mais na história da personagem principal. Não direi muito para não entrar em "spoilers".

"Chama a Bebel" é uma daquelas produções "surpresa" que você não espera nada, mas sai com uma mensagem positiva da sala de cinema. Indico para todos os públicos por abordar a necessidade de inclusão, tanto racial quanto de Pessoas Com Deficiência (PCDs). É bem direcionada e isso, sem dúvida, é mérito do diretor. Um longa para ser visto por toda a família, que leva à reflexão sobre temas que não devem ser deixados de lado em 2024.


Ficha Técnica:
Direção e roteiro: Paulo Nascimento
Produção: Accorde Filmes
Distribuição: Paris Filmes
Duração: 1h30
Classificação: 14 anos
Exibição: nos cinemas
País: Brasil
Gêneros: aventura, infanto-juvenil, família