27 janeiro 2024

"Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo" - uma viagem nostálgica e atualizada aos quadrinhos

Longa é baseado nas histórias de Maurício de Sousa com os personagens agora adolescentes
(Fotos: Laura Campanella)


Filipe Matheus
@comentandosucessos


Quem nunca se apaixonou pela turminha do Limoeiro, não é mesmo? Desde 1970, a Turma da Mônica saiu das páginas dos jornais, virou histórias em quadrinhos, e anos depois conquistou o cinema. A galera, agora adolescente, pode ser conferida no longa "Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo", em cartaz nos cinemas.

Com um elenco jovem e bem afinado, o filme vem para resgatar momentos nostálgicos que crianças e adultos vivenciaram ao lerem as HQs anos atrás produzidas por Maurício de Souza. 

O elenco é o ponto forte do filme, com destaque para Sophia Valverde, que interpreta de forma encantadora a personagem Mônica, formando um lindo par romântico com Xande Valois, o Cebola. 


Bianca Paiva (Magali), Théo Salomão (Cascão), Carol Roberto (Milena), Giovanna Chaves (Carmem), Mateus Solano (o excêntrico Licurgo, versão do Louco, da Turma da Mônica), Carol Amaral (Denise), Bruno Vinícius (Jerê), Lucas Pretti (Titi), Giovanna Chaves (Carmem), Yuma Ono (DC) e Eliana Fonseca (Tia Nena), Maria Bopp (Ana Paula), Rodrigo Fernandes (Falconi), Júlia Rabello (Dona Isabelle) e Ataíde Arcoverde (Lindolfo) compõem o restante do ótimo elenco. 

Eles trazem emoção e versatilidade à história, agora que a turma deixou a infância e entrou na juventude.


No primeiro dia de aula, Mônica, Cebola, Cascão, Magali e Milena não demoram a perceber que coisas estranhas estão acontecendo no colégio. Ao descobrirem que o museu do Limoeiro será leiloado, eles decidem se unir em uma missão para tentar salvá-lo de uma força misteriosa. Esta abordagem de mistério e suspense tem agradado alguns fãs.

Apesar de tocar o espectador, senti a falta de alguns personagens da turma no filme, como Franjinha, Xaveco, Dorinha e Luca. Mesmo sendo difícil um longa incluir todos os personagens de uma obra, seria importante adicionar pelo menos aqueles que representam algum diferencial. Como Dorinha, a jovem com deficiência que nos quadrinhos tem presença importante no enredo. Dessa forma, o filme seria mais marcante e atual.


O longa, assim como outros da Turma da Mônica, é baseado nas histórias de Maurício de Sousa, cuja grande fonte de inspiração sempre foi a própria família. Casado três vezes e pai de nove filhos, criou pelo menos sete personagens com semelhanças dos filhos e amigos próximos, especialmente Mônica e Magali.

Em 2008, houve a releitura dos personagens adolescentes, como no filme, com traços e linguagem que remetem aos mangás japoneses. As histórias atuais são voltadas para o público adolescente, mostrando que é possível dialogar com a galera, independentemente da idade. 

O filme marca uma nova fase na vida dos amigos do bairro Limoeiro que estão juntos desde a infância e agora compartilham seus medos e inseguranças.


Existem vários aspectos positivos neste longa infantojuvenil. O mais evidente é o poder da amizade, capaz de proporcionar vivências e aventuras que enriquecem a experiência de vida. Assim como nas HQs, a vida real é repleta de mistérios, e desvendá-los vivendo intensamente é algo essencial.

Venha fazer parte dessa jornada emocionante! Garanta seu ingresso, sinta a nostalgia e vibre com a magia de "Turma da Mônica Jovem: Reflexos do Medo". Seu convite para a diversão está feito. Nos vemos no cinema! E não saiam da sala antes da cena pós-crédito.


Ficha técnica:
Direção: Maurício Eça
Roteiro original: Sabrina Garcia, Rodrigo Goulart e Regina Negrini
Produção: Bronze Filmes e coprodução da Maurício de Souza Produções e Rubi Produtora (associada)
Distribuição: Imagem Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h28
Classificação: 10 anos
País: Brasil
Gêneros: fantasia, aventura, família

25 janeiro 2024

“Vidas Passadas” reflete com sensibilidade sobre a passagem do tempo

História de amor, indicada ao Oscar 2024 de Melhor Filme e Melhor Roteiro Original, consegue escapar
dos clichês do gênero (Fotos: A24)


Carol Cassese


“Quando você abandona uma coisa, acaba ganhando outra”. Uma das primeiras frases de "Vidas Passadas" ("Past Lives"), filme de Celine Song, ecoa durante toda a narrativa, que reflete sobre as chances perdidas e as boas surpresas do cotidiano. 

O longa, que foi indicado ao Oscar 2024 de Melhor Filme e Melhor Roteiro Original, estreou com aclamação no Festival de Sundance e recebeu o troféu de Melhor Filme Independente no Gotham Awards.

Em cartaz nos cinemas a partir desta quinta-feira (25), essa nova produção da A24 acompanha a relação de Nora (Greta Lee) e Hae Sung (Teo Yoo), amigos de infância que seguem caminhos separados quando a família da protagonista se muda da Coreia do Sul para o Canadá. 


Os dois personagens se reencontram em dois momentos: primeiramente, 12 anos após a partida de Nora, quando passam a conversar online por um breve período.

Mais uma década se passa e Hae Sung decide que irá visitar Nova York, cidade em que Nora passou a morar. No entanto, agora a protagonista definitivamente não é mais aquela garotinha ingênua da Coreia do Sul: Nora vive com seu marido estadunidense, Arthur (John Magaro), e se encontra bem mais adaptada à realidade norte-americana.


A diretora medita sobre a noção de “In-Yun” ao longo de toda a história; segundo o conceito coreano, o nosso “eu atual” (e as pessoas ao nosso redor) estão diretamente relacionadas a acontecimentos de vidas passadas. Em diferentes momentos, os personagens da trama de Song refletem filosoficamente sobre como estão profundamente conectados.

Além de acompanhar o desenrolar do relacionamento entre Nora e Hae Sung, o longa também tangencia o tema do “sujeito dividido”, bastante comum em narrativas de imigração. Numa determinada cena, o marido de Greta observa que a esposa fala em coreano enquanto está dormindo: “Você sonha em uma língua que eu não entendo; é como se tivesse um lugar dentro de você que eu não posso acessar”. 


Por sua vez, a protagonista frequentemente se sente desconectada das origens sul-coreanas - inclusive ao comparar sua vida com a de Hae Sung, que, segundo ela, é um “típico coreano”.

Um dos principais méritos do longa é o fato de o mesmo não apresentar um desenrolar óbvio, como acontece em muitas comédias românticas. Nesse sentido, podemos até mesmo relacionar o filme com "Folhas de Outono" (2023), que também é centrado numa história de amor e consegue escapar dos clichês do gênero.


Em entrevista ao veículo The Hollywood Reporter, a diretora Celine Song fez um pedido aos espectadores: “Espero que o público compareça ao cinema com o coração aberto, mais do que qualquer outra coisa. (..) Espero que pelo menos na hora e 45 minutos em que estiverem no teatro, eles consigam se conectar com os protagonistas e estar abertos a eles”. Levando em conta a excelente construção de personagem, não é uma tarefa difícil se envolver com os acontecimentos.

Ao reunir belos enquadramentos e ótimas atuações, "Vidas Passadas" merece destaque nessa temporada de premiações. É ainda mais impressionante, vale assinalar, o fato de que esse é o primeiro filme de Song - definitivamente podemos ficar ansiosos pelo que vem pela frente.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Celine Song
Produção: A24
Distribuição: California Filmes
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h45
Classificação: 12 anos
Países: Coreia do Sul e EUA
Gêneros: comédia romântica, drama