26 fevereiro 2024

"Madame Teia" tenta fugir das fórmulas prontas, mas carece de conteúdo e criatividade

Dakota Johnson protagoniza a super-heroína integrante do Universo Homem-Aranha (Fotos: Sony Pictures)


Marcos Tadeu
Blog Narrativa Cinematográfica


Em cartaz nos cinemas o novo longa da Sony Pictures, "Madame Teia" ("Madame Web"), filme solo de mais um integrante do Aranhaverso que até oferece momentos divertidos e muita ação, mas o conteúdo é fraco e sem criatividade. Uma produção que corre o risco de não ser bem sucedida no cinema, como aconteceu com "Venom" (2018) e "Morbius" (2022). 

Especialmente porque "Morbius" teve a mesma dupla de roteiristas de "Madame Teia" - Matt Sazama e Burk Sharpless -, o que pode explicar as críticas e a baixa bilheteria que o filme atual está registrando. Mesmo assim, a produtora está apostando para este ano na estreia de outro inimigo do "teioso" nos quadrinhos Marvel - "Kraven: O Caçador".


Com direção de S.J. Clarkson, conhecida por trabalhos como "Segredos de um Escândalo", da Netflix, e alguns episódios da série "Succession", da HBO Max, "Madame Teia" conta a origem da super-heroína, estrelada por Dakota Johnson (franquia "Cinquenta Tons de Cinza" - 2015 a 2018).

Ela é Cassandra Webb, ou "Cassie", uma paramédica em Manhattan que descobre possuir habilidades de clarividência. Confrontada com revelações sobre seu passado e fatos relacionados à sua mãe, a protagonista estabelece uma ligação com três garotas comuns, destinadas a terem futuros com superpoderes. Infelizmente o público não vai saber como isso acontece porque o filme não explica.


O desenvolvimento do personagem de Dakota Johnson é adequado, mas nada que não tenhamos visto em outros filmes. O poder de ver o futuro é extremamente sem graça e o roteiro não ajuda muito. 

Apesar de ser a protagonista, Cassie assume mais a postura de "mentora" do que de aprendiz. O foco real fica nas três jovens e a relação da super-heroína com elas.

Sabemos que no futuro as quatro se tornarão heroínas também. Julia Carpenter/Arcane (Sydney Sweeney), Mattie Franklin/Mulher-Aranha (Celeste O'Connor) e Aña Corazon/Garota-Aranha (Isabel Merced) têm uma química que funciona bem e geram boas cenas, com aquele típico humor Marvel. 


Talvez isso agrade alguns espectadores que buscam filmes do gênero, principalmente porque elas precisam se dar bem com a mentora para garantirem suas vidas.

Já o vilão Ezekiel Sims (Tahar Rahim) é um personagem extremamente genérico e mal desenvolvido. Suas motivações são rasas como um pires. Remetem mais a um homem covarde que teme seu passado sombrio do que alguém que enfrenta seu destino. 

Sims é praticamente um Homem-Aranha de uniforme preto e olhos vermelhos. Não entrarei em detalhes para não prejudicar a experiência do público.


Os efeitos visuais também deixam muito a desejar, principalmente no arco final. O uso de Chroma key é evidente, chega a ser ridículo, parecendo mais um filme de qualidade duvidosa do que uma história que nos levaria a torcer pela protagonista. 

As cenas de ação desafiam a lógica, como a do ferro entrando em contato com o fogo, esquentando e machucando.

Sem contar os easter eggs forçados, remetendo constantemente à ideia de que se trata apenas de um spin-off sobre uma aliada do Homem-Aranha. Até a jornada da protagonista parece repetitiva e sem propósito. O único ponto positivo é a história da mãe de Cassie, que tenta ser um fio condutor para amarrar a trama.


"Madame Teia" diverte na medida do possível ao tentar fugir de uma fórmula pronta de herói. Vale a pena assistir se você não conhece nada do personagem ou está buscando algo "leve", sem grandes pretensões, que esquecerá mais tarde. O grande feito da produção é ser bem superior a "Morbius", mas tinha material para ser melhor trabalhado.

Ao sair da sala, fiquei com a sensação de "é ruim, mas poderia ser pior". Pela condução da história (e dependendo da bilheteria), o longa pode ganhar sequências, até para explicar muitas pontas soltas deixadas pelo roteiro. Fica o alerta: "Madame Teia" não tem cenas pós-crédito como nos filmes da Marvel. 


Ficha técnica
Direção: S. J. Clarkson
Produção: Sony Pictures, Di Bonaventura Pictures, Marvel Entertainment
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h40
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, aventura

25 fevereiro 2024

"Empirion: Uma Aventura com Einstein" com cara de telenovela infanto-juvenil

Longa aborda amizade, perseverança e o poder da ciência entre os jovens (Fotos: Anágua Filmes/Divulgação)


Maristela Bretas


Chega aos cinemas no dia 29 de fevereiro pela rede Cinemark o longa "Empirion: Uma Aventura com Einstein", dirigido por Michael Ruman. Ambientado em São Paulo, o filme tem um elenco conhecido de novelas e filmes infanto-juvenis, além de atores tarimbados como André Abujamra e Norival Rizzo, responsáveis pelas cenas engraçadas.

Michael Ruman repete a parceria com Rizzo - os dois já trabalharam nas séries "9MM", exibida pela Fox, e "Negócio de Família", da Universal TV. Já Abujamra tem uma longa filmografia nacional, que inclui "Carlota Joaquina" (1995), "Bicho de Sete Cabeças" (2000), "O Mestre da Fumaça" (2022), entre outras produções.


Na história, o jovem gênio Félix (interpretado por Davi Campolongo, da telenovela "As Aventuras de Poliana" - de 2018 a 2020) é apaixonado por ciência, mas perdeu a bolsa de estudos e terá que deixar a escola para ajudar sua família, que passa por dificuldades. 

Para isso, precisa ganhar um concurso de invenções, mas tem seu projeto roubado pela colega de classe Maria (Pietra Quintela, que trabalhou com Campolongo em "As Aventuras de Poliana"). 

Ela é filha de Fausto (André Abujamra), dono do hotel no qual está hospedado o famoso cientista Albert Einstein (Norival Rizzo), trazido ao presente pelo polêmico Projeto Empirion (que só é lembrado no início e no fim do filme). 


Com a ajuda dos amigos Zé Coelho (Kevin Vechiatto, o Cebolinha, de "Turma da Mônica - Laços" - 2019) e Júlia (Lívia Silva, da telenovela "Renascer"), Félix embarca em uma jornada repleta de aventuras e desafios para salvar seu projeto

Félix é um jovem antipático, tanto quanto sua inimiga Maria, ao contrário de Zé Coelho e Júlia. Talvez seja essa a intenção do diretor, uma vez que a arrogância e a falta de simpatia do personagem interferem em suas ações, na amizade e no relacionamento com a mãe Zélia (Clarissa Kiste). Somente quando está com a irmã Amelinha (Marina Ginesta) o jovem consegue mostrar mais empatia.


"Empirion: Uma Aventura com Einstein" é um longa sobre amizade, perseverança e o poder da ciência. Mas falta vida, tanto nos diálogos quanto no roteiro. Tudo é muito previsível e chega a ser mecânico, até mesmo quando o trio de amigos tenta criar planos mirabolantes. 

O principal deles é conhecer Einstein e pedir que ele ajude Félix a concluir seu projeto para tentar ganhar o concurso Eureka de Ciências (o nome é bem apropriado).

Apesar do elenco com nomes conhecidos do público, a participação de alguns personagens é tão sem propósito que eles se tornam dispensáveis. Outro ponto negativo são as cenas que deveriam ser hilárias, como as perseguições no hotel, mas que, de tão repetitivas, acabaram perdendo a graça. 

"Empirion: Uma Aventura com Einstein" parece com telenovela de adolescentes exibidas à tarde na TV aberta, inclusive aproveitando atores destas produções, como é o caso de Davi Campolongo e Pietra Quintela. Pode agradar ao público que gosta deste tipo de produção. 


Ficha técnica:
Direção: Michael Ruman
Produção: Anágua Filmes e Moonshot Pictures
Distribuição: Anágua Filmes
Exibição: cinemas da rede Cinemark
Duração: 1h36
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gêneros: aventura, ação