28 fevereiro 2024

"Duna: Parte 2" supera primeiro filme em ação e atuação do elenco

Sequência, também dirigida por Denis Villeneuve, é épica e pode se tornar a maior ficção científica do ano (Fotos: Warner Bros. Pictures)


Maristela Bretas


Novamente grandioso, com ótimas atuações de todo o elenco, efeitos visuais, montagem, som, figurino, maquiagem e trilha sonora impecáveis, "Duna - Parte 2", que entra em cartaz nos cinemas nesta quinta-feira, supera o primeiro filme. 

O novo longa-metragem tem grandes cenas de lutas e de batalhas no deserto, dignas de uma produção que custou US$ 190 milhões, contra os US$ 165 milhões de "Duna", de 2021. 

O diretor Denis Villeneuve, que dividiu o roteiro com Jon Spaihts, melhorou um ponto que incomodou muito em "Duna", também dirigido por ele: tinha pouca ação e era arrastado. 

E mesmo assim conquistou seis estatuetas do Oscar em 2022 - Melhor Som, Melhor Trilha Sonora Original, Melhor Edição, Melhor Design de Produção, Melhor Fotografia e Melhores Efeitos Visuais.


As locações da nova produção foram feitas em Budapeste, Itália, Abu Dhabi e Jordânia e ocupam um importante papel. Novamente, as areias dos desertos dos dois últimos países dão um show, dispensando o uso excessivo de computação gráfica e proporcionando uma fotografia excepcional para Greig Fraser.

Baseado no romance de seis livros escritos por Frank Herbert em 1965, "Duna: Parte 2" faz jus à obra literária. O filme dá continuidade à saga de Paul Atreides (Timothée Chalamet), que conseguiu sobreviver ao massacre dos demais integrantes de sua família. Ele e sua mãe, Lady Jessica (Rebecca Ferguson), se unem a Chani (Zendaya) e aos Fremen, comandados por Stilgar, papel de Javier Bardem, que domina a tela toda vez que aparece. 


O jovem busca vingança contra os responsáveis por sua tragédia e que agora ameaçam o povo e o planeta Arrakis, também conhecido como Duna. Nessa batalha, Paul terá de ganhar a confiança de seus novos aliados e travar uma batalha contra o exército do imperador Shaddam (Christopher Walken). Ele também precisará escolher entre seu amor por Chani e evitar um futuro terrível que ele conseguiu prever.

Timothée está mais seguro no papel principal e entrega um líder convincente, tanto nos discursos quanto nas batalhas. E forma um casal fofo e bem entrosado com Zendaya. A atriz ganha o merecido destaque, sendo peça-chave no aprendizado e na sobrevivência de Paul Atreides, disputando a tela com a tarimbada Rebecca Ferguson, sem deixar cair o ritmo. 


Além dos protagonistas, estão de volta do primeiro filme Dave Bautista (como Glossu Rabban, responsável por dizimar vários reinos), Josh Brolin (o guerreiro Gurney Halleck), Charlotte Rampling (sacerdotisa Gaius Helen Mohiam) e Stellan Skarsgård (Baron Vladimir Harkonnen). 

Entre as novidades no elenco desta continuação, além de Christopher Walken, temos as ótimas atuações de Austin Butler (como o ambicioso vilão Feyd-Rautha Harkonnen), Florence Pugh (princesa Irulan) e Léa Seydoux (Margot Fenning), que deverão ganhar destaque no terceiro filme, em planejamento. 


"Duna: Parte 2" não deixa de fora o embate político-religioso, com Paul sendo trabalhado para se tornar um líder guerreiro e um messias, a ser seguido pelo povo, especialmente os milhares de fundamentalistas que acreditam ser ele um predestinado a levá-los ao paraíso. 

A trilha sonora foi novamente entregue ao excelente Hans Zimmer, que não deixou por menos, como sempre. Quem for assistir ao longa na sala @Imax, do @CineartBoulevard, notará que uma das músicas nas batalhas é semelhante (se não for a mesma) da apresentação do sistema tocada antes de cada filme.


Um ponto que ainda pode confundir quem está entrando na franquia a partir deste longa é o excesso de informação. Recomendo ler os livros ou assistir ao primeiro filme para entender as disputas entre os reinos e quem é quem na história. Muitos pontos são esclarecidos nesta sequência e novos são criados a partir das decisões de Paul.

"Duna: Parte 2", até o momento, pode ser considerado o grande filme de ficção científica do ano e deverá agradar aos fãs que estavam ansiosos pela continuação. Merece ser visto no cinema, de preferência numa sala especial. O som e as imagens na tela maior proporcionam uma experiência fantástica.


Ficha técnica:
Direção: Denis Villeneuve
Produção: Legendary Pictures e Warner Bros. Pictures
Distribuição: Warner Bros. Pictures Brasil
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h46
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: drama, ficção científica, ação

26 fevereiro 2024

"Madame Teia" tenta fugir das fórmulas prontas, mas carece de conteúdo e criatividade

Dakota Johnson protagoniza a super-heroína integrante do Universo Homem-Aranha (Fotos: Sony Pictures)


Marcos Tadeu
Blog Narrativa Cinematográfica


Em cartaz nos cinemas o novo longa da Sony Pictures, "Madame Teia" ("Madame Web"), filme solo de mais um integrante do Aranhaverso que até oferece momentos divertidos e muita ação, mas o conteúdo é fraco e sem criatividade. Uma produção que corre o risco de não ser bem sucedida no cinema, como aconteceu com "Venom" (2018) e "Morbius" (2022). 

Especialmente porque "Morbius" teve a mesma dupla de roteiristas de "Madame Teia" - Matt Sazama e Burk Sharpless -, o que pode explicar as críticas e a baixa bilheteria que o filme atual está registrando. Mesmo assim, a produtora está apostando para este ano na estreia de outro inimigo do "teioso" nos quadrinhos Marvel - "Kraven: O Caçador".


Com direção de S.J. Clarkson, conhecida por trabalhos como "Segredos de um Escândalo", da Netflix, e alguns episódios da série "Succession", da HBO Max, "Madame Teia" conta a origem da super-heroína, estrelada por Dakota Johnson (franquia "Cinquenta Tons de Cinza" - 2015 a 2018).

Ela é Cassandra Webb, ou "Cassie", uma paramédica em Manhattan que descobre possuir habilidades de clarividência. Confrontada com revelações sobre seu passado e fatos relacionados à sua mãe, a protagonista estabelece uma ligação com três garotas comuns, destinadas a terem futuros com superpoderes. Infelizmente o público não vai saber como isso acontece porque o filme não explica.


O desenvolvimento do personagem de Dakota Johnson é adequado, mas nada que não tenhamos visto em outros filmes. O poder de ver o futuro é extremamente sem graça e o roteiro não ajuda muito. 

Apesar de ser a protagonista, Cassie assume mais a postura de "mentora" do que de aprendiz. O foco real fica nas três jovens e a relação da super-heroína com elas.

Sabemos que no futuro as quatro se tornarão heroínas também. Julia Carpenter/Arcane (Sydney Sweeney), Mattie Franklin/Mulher-Aranha (Celeste O'Connor) e Aña Corazon/Garota-Aranha (Isabel Merced) têm uma química que funciona bem e geram boas cenas, com aquele típico humor Marvel. 


Talvez isso agrade alguns espectadores que buscam filmes do gênero, principalmente porque elas precisam se dar bem com a mentora para garantirem suas vidas.

Já o vilão Ezekiel Sims (Tahar Rahim) é um personagem extremamente genérico e mal desenvolvido. Suas motivações são rasas como um pires. Remetem mais a um homem covarde que teme seu passado sombrio do que alguém que enfrenta seu destino. 

Sims é praticamente um Homem-Aranha de uniforme preto e olhos vermelhos. Não entrarei em detalhes para não prejudicar a experiência do público.


Os efeitos visuais também deixam muito a desejar, principalmente no arco final. O uso de Chroma key é evidente, chega a ser ridículo, parecendo mais um filme de qualidade duvidosa do que uma história que nos levaria a torcer pela protagonista. 

As cenas de ação desafiam a lógica, como a do ferro entrando em contato com o fogo, esquentando e machucando.

Sem contar os easter eggs forçados, remetendo constantemente à ideia de que se trata apenas de um spin-off sobre uma aliada do Homem-Aranha. Até a jornada da protagonista parece repetitiva e sem propósito. O único ponto positivo é a história da mãe de Cassie, que tenta ser um fio condutor para amarrar a trama.


"Madame Teia" diverte na medida do possível ao tentar fugir de uma fórmula pronta de herói. Vale a pena assistir se você não conhece nada do personagem ou está buscando algo "leve", sem grandes pretensões, que esquecerá mais tarde. O grande feito da produção é ser bem superior a "Morbius", mas tinha material para ser melhor trabalhado.

Ao sair da sala, fiquei com a sensação de "é ruim, mas poderia ser pior". Pela condução da história (e dependendo da bilheteria), o longa pode ganhar sequências, até para explicar muitas pontas soltas deixadas pelo roteiro. Fica o alerta: "Madame Teia" não tem cenas pós-crédito como nos filmes da Marvel. 


Ficha técnica
Direção: S. J. Clarkson
Produção: Sony Pictures, Di Bonaventura Pictures, Marvel Entertainment
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h40
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, aventura