31 março 2024

"Godzilla Minus One" vai muito além dos excelentes efeitos visuais

Produção japonesa surpreende o público com sua abordagem original e inovadora (Fotos: Toho Co.)


Maristela Bretas


Com um orçamento de cerca de US$ 15 milhões e uma equipe reduzida, "Godzilla Minus One" é uma das estreias mais esperadas das plataformas virtuais, com a Prime Vídeo podendo sair na frente. Depois de se tornar o primeiro filme de língua não inglesa a abocanhar a estatueta do Oscar 2024 por Melhores Efeitos Visuais, a produtora japonesa Toho agora parte para o streaming. 

O filme, que faturou até o momento mais de US$ 110 milhões, vai em busca do público que não conseguiu assistir nos cinemas e também aqueles que querem rever a produção. E até mesmo comparar com versões norte-americanas, como a que está no cinema - "Godzilla e Kong: Um Novo Império" -, ou mesmo com "Godzilla", de 2014.


A história de "Godzilla: Minus One", do diretor e roteirista Takashi Yamazaki, se passa no Japão pós-Segunda Guerra Mundial, um país devastado e em busca de reconstrução. É nesse contexto que surge o temível kaiju, chamado de Godzilla, um monstro gigante que representa a fúria da natureza e os horrores da guerra. 

O protagonista, Kōichi Shikishima (interpretado por Ryunosuke Kamiki), é um piloto kamikaze que carrega a culpa por ser um sobrevivente do conflito. 

Em busca de redenção para defender pessoas queridas e vingar a morte de seus companheiros, ele parte em uma missão que vai enfrentar o titã. Essa jornada é repleta de emoções e reflexões sobre o passado e o futuro do Japão.


"Godzilla Minus One" é um filme que surpreende o público com sua abordagem original e inovadora. Ele não se limita a ser um filme de monstros. 

Ao invés de focar na destruição das cidades, típica do gênero, o longa aborda temas relevantes como o trauma da guerra, a culpa, a redenção e a busca por um futuro melhor. Essa profundidade o torna mais interessante e instigante.

Mesmo com um orçamento baixo se comparado a outras produções, o longa apresenta efeitos especiais impressionantes empregados pelo estúdio Shirogumi. 


Produzido por uma equipe de apenas 35 funcionários, com 610 quadros, em oito meses de duração, o filme foi criado com detalhes realistas e movimentos mais naturais, tornando as cenas de ação eletrizantes e memoráveis. Confira o trabalho desta equipe clicando aqui.

O longa conta ainda com atuações bem convincentes. Como a de Ryunosuke Kamiki, que transmite de forma impecável a angústia e a determinação de Kōichi. O restante do elenco também entrega boas interpretações e contribui para a qualidade superior do filme.

Sucesso inesperado

O baixo orçamento para uma produção com ótimos efeitos especiais e a boa bilheteria mundial estão gerando polêmica no mercado cinematográfico, especialmente após o Oscar. 


Isso demonstra a qualidade do trabalho realizado pela equipe de produção e a força da história do filme, que superou grandes produções ao conquistar o Oscar, feito que não ocorreu com outros longas do gênero. Como por exemplo, os recentes "Godzilla II: Rei dos Monstros" (2019) e "Godzilla vs Kong" (2021), que custaram US$ 165 milhões e US$ 170 milhões, respectivamente. 

Independente da polêmica, "Godzilla Minus One" tem uma história emocionante, efeitos especiais marcantes, atuações sólidas e temas relevantes. 

O longa é um prato cheio para quem busca uma experiência cinematográfica diferenciada, oferecendo uma nova perspectiva sobre um gênero clássico. Recomendo para os fãs de filmes de monstros, dramas históricos e crítica social.


Ficha técnica:
Direção, roteiro e supervisor de efeitos visuais: Takashi Yamazaki
Produção: Toho Co.
Distribuição: Sato Company
Exibição: ainda sem data de estreia no Prime Vídeo
Duração: 2h04
Classificação: 12 anos
País: Japão
Gêneros: aventura, ação, ficção científica

30 março 2024

"The Chosen: Os Escolhidos" - 4ª temporada eleva o nível em qualidade e narrativa

Os dois primeiros episódios da série religiosa estão em primeira exibição somente nos cinemas
(Fotos: Divulgação)


Marcos Tadeu
Narrativa Cinematográfica


Provando ser um sucesso, de crítica e público, é visível como a série norte-americana "The Chosen: Os Escolhidos" ("The Chosen") tem ganhado mais popularidade e está no catálogo da Netflix com suas três temporadas. 

Este sucesso, inspirado nos Evangelhos dos discípulos de Jesus, chegou também aos cinemas com os dois primeiros episódios da quarta temporada disponíveis nas salas do Cinemark Pátio Savassi e Cinépolis Estação BH.

A série é notável por ser financiada por meio de crowdfunding e por ter um modelo de distribuição incomum, sendo lançada diretamente em aplicativos móveis e plataformas de streaming. 


"The Chosen" ganhou uma base de fãs significativa, com muitos elogiando sua representação única e emocional da vida de Jesus Cristo. Alcançou milhões de visualizações em todo o mundo e recebeu opiniões positivas de espectadores e críticos. 

Antes do início da 4ª temporada recebemos um aviso de seu criador da série, Dallas Jenkins, que nos situa que o nível de zelo, maestria, cenários e principalmente história, está em um nível maior de qualidade. 

Se na 3ª temporada Jesus chamava todos que estavam cansados e sobrecarregados, nessa é ele quem está cansado e toma decisões importantes frente aos seus discípulos.


Somos contextualizados com João Batista, que batizou Jesus, anunciando a chegada de Cristo, com costumes estranhos de alimentação de mel silvestre e gafanhotos. Como a narrativa faz isso de forma poética, destaque para a montagem que muito me lembra “This Is Us”, destacando momentos desde o seu nascimento até a sua morte.

Outro destaque da temporada é a tensão entre Jesus e o Império Romano que começa a questionar seus feitos e milagres. Não é bem visto pelos nobres que o chamado Filho de Deus venha e ande entre os pobres. Os romanos esperavam uma figura divina de pompa e força e não um cara simples e humilde. 


Sem dúvida, o destaque vai para Jonathan Roumie que interpreta Jesus de Nazaré em uma figura 'gente como a gente', um homem simples de família humilde, filho de carpinteiro. Ele transmite paz, mas que também consegue arrancar risos no público em sua relação com os discípulos.

Judas Iscariotes, interpretado por Luke Dimyan, também é outro que chama atenção. Se na temporada anterior, ele era um discípulo que admirava Jesus, agora começa a questionar seus feitos, sua presença na Terra e seu propósito. São os primeiros sinais de que irá trair o Mestre.


Deixa a desejar talvez a falta de mais tensão e ritmo para prender os espectadores no cinema. As cenas e os conteúdos são muito belos, porém se houvesse mais ação durante os acontecimentos, a temporada teria mais fôlego. Vale lembrar que ainda estamos no íncio, as coisas podem mudar e ficar mais agitadas.

“The Chosen” começa bem nesta nova temporada e por estar chegando nas redes de cinema e sendo melhor distribuído, mais pessoas terão acesso à produção sobre a vida de Jesus. 

Sem dúvida é indicado para quem nunca se aprofundou na história do Filho de Deus e também para quem a conhece. É, sem dúvida, um material feito com zelo e muito carinho, de um projeto religioso que começou pequeno e cresceu bastante.


Ficha técnica:
Criador, diretor e roteirista: Dallas Jenkins
Produção: Angel Studio
Distribuição: Paris Filmes
Exibição: salas do Cinemark Patio Savassi (21h30), Cinépolis Estação BH (21h45). As temporadas 1, 2 e 3 estão disponíveis legendadas e gratuitas no site https://watch.thechosen.tv/, no aplicativo "The Chosen", encontrado na Apple Store e Play Store, e também na Netflix.
Duração: 2h21 (os dois primeiros episódios da 4ª Temporada)
Classificação: 12 anos
País: EUA
Gêneros: drama épico, série, histórico