01 maio 2024

"O Dublê" homenageia a arte e a ousadia dos verdadeiros heróis do cinema

Ryan Gosling entrega ótima atuação como um dublê profissional, com momentos de muita ação, romance
e comédia (Fotos: Universal Studios)


Maristela Bretas


Inspirado na série de TV “Duro na Queda”, exibida nos anos de 1980, chega oficialmente aos cinemas nesta quinta-feira (2) o filme "O Dublê" ("The Fall Guy"), mas que já está sendo exibido em algumas sessões especiais. 

Estrelado por Ryan Gosling ("Barbie" - 2023 e "Blade Runner 2049" - 2017) e Emily Blunt ("Um Lugar Silencioso" - 2018 e "Um Lugar Silencioso 2" - 2021), o longa reúne, na medida certa, muita ação, romance e pitadas de comédia para homenagear os profissionais que dão vida ao cinema.

O filme é dirigido por David Leitch, responsável por sucessos como “Trem Bala” (2023), “Deadpool 2” (2018), “Atômica” (2017), “Velozes e Furiosos: Hobbs & Shaw” (2019), entre outros. O diretor, que já foi dublê na vida real, é dono da 87North, empresa especializada em fornecer estes profissionais para os estúdios de cinema, inclusive os usados no longa. 


Com maestria, ele coreografa sequências de ação emocionantes e realistas, utilizando truques impressionantes que demonstram a criatividade e o talento dos dublês. Uma dessas cenas inclusive foi reconhecido pelo Guinness World Records. 

Logan Holladay, dublê de direção de Ryan Gosling, quebrou o recorde mundial de giros com o carro após uma explosão (conhecido pela expressão inglesa “cannon car rolls”), alcançando o número de 8.5 giros, superando o número anterior de 7 voltas. Confira o vídeo.


O longa acompanha a história de Colt Seavers (Gosling), um dublê experiente que se vê obrigado a abandonar a carreira após um grave acidente. Anos depois, ele é chamado de volta para trabalhar em um filme dirigido por sua ex-namorada, Jody Moreno (Emily Blunt). 

Ele terá de realizar as cenas mais intensas de ação do ator Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson, que trabalhou com Leitch em "Trem Bala"), protagonista do longa. Durante as filmagens, Tom desaparece e, enquanto grava suas sequências, Colt passa a investigar o misterioso sumiço do astro.


A química entre Ryan Gosling e Emily Blunt é inegável e contribui para a força da história. Gosling entrega uma atuação carismática e emocionante como Colt, um homem que luta para se adaptar à nova realidade após o acidente e que nunca esqueceu a ex. 

Já Blunt está ótima como Jody, uma mulher forte e independente que não se deixa abater pelos desafios da vida e que, por mais que se esforce, ainda tem muita atração pelo ex-namorado.


No elenco temos ainda a atriz vencedora do Emmy, Hannah Waddingham, Winston Duke (de “Pantera Negra” - 2018), a atriz indicada ao Oscar, Stephanie Hsu (“Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo” - 2022), Teresa Palmer ("A Escolha" - 2016) e Jason Momoa ("Aquaman" - 2018 e "Aquaman 2: O Reino Perdido" - 2023).

O longa se destaca por valorizar e reconhecer o trabalho dos heróis invisíveis muitas vezes subestimados pela indústria cinematográfica, como os dublês e as pessoas envolvidas num filme: designers de produção, diretores de fotografia, técnicos de câmera, de luz, de energia, entre outras milhares. 


As cenas de ação são de tirar o fôlego e demonstram a habilidade desses profissionais, que se arriscam para dar vida aos momentos mais perigosos e eletrizantes de um filme. A trilha sonora, que inclui músicas de Taylor Swift, como "All Too Well", contribui para a atmosfera de pura adrenalina, remetendo a antigos e novos sucessos de bilheteria do cinema. 

"O Dublê" é um filme que merece ser assistido, especialmente em Imax para aproveitar melhor os efeitos visuais e as atuações dos profissionais do perigo. E ainda tem um final bem nostálgico para o público cinquentão, que remete à antiga série "Duro na Queda", criada por Glen A Larson.


Ficha técnica
Direção:
David Leitch
Roteiro: Drew Pearce
Produção: 87North, 360 Pictures, Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 2h05
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: ação, comédia, romance

29 abril 2024

Documentário “Verissimo” adentra a intimidade do tímido e excepcional escritor gaúcho

Produção de 2016 dirigida por Angelo Defanti é definida como "coerente" com a personalidade do escritor (Fotos: Boulevard Filmes)


Eduardo Jr.


Há quase oito anos, o escritor gaúcho Luis Fernando Verissimo teve seu cotidiano retratado em um documentário dirigido por Angelo Defanti. Sua primeira exibição ao público foi na Mostra Competitiva de Longas Brasileiros no Festival É Tudo Verdade. 

Agora, “Verissimo”, chega aos cinemas nesta quinta-feira (2), distribuído pela Boulevard Filmes, para mostrar a rotina do introvertido autor de algumas das mais engraçadas crônicas já publicadas. 

Mas não espere muitos momentos de humor dessa produção. Para quem se encanta e se diverte com os textos saídos da mente criativa do autor de “Comédias da Vida Privada”, “Ed Mort” e “Todas as Histórias do Analista de Bagé”, o longa pode ser decepcionante.


O diretor e suas câmeras se instalaram na casa do escritor para acompanhar a rotina do cronista, em setembro de 2016, 15 dias antes do aniversário de 80 anos de Verissimo. 

E não há muita emoção em assistir um octogenário caladão observar sentado à movimentação da casa, fazendo fisioterapia ou escrevendo ao computador. 

Para alguns pode ser uma resposta para o questionamento sobre como Verissimo consegue ser tão engraçado e observador. Talvez por seu jeito, de falar menos e ouvir mais, o escritor consiga captar tantas coisas e elaborar respostas bem-humoradas. 


Aliás, o humor aparece nas entrevistas. O escritor se diz desconfortável em ser entrevistado, mas não sabe dizer não, e as perguntas algumas vezes rendem respostas engraçadas. 

A sabedoria para preencher páginas também serve para divertir platéias. Mas parece não salvar o gaúcho do desconforto nas sessões de autógrafos. 


No final das contas, talvez o documentário possa ser definido como ‘coerente’ com a personalidade do retratado. É calmo, leve. Até na própria festa de 80 anos, Verissimo só interage quando perguntado. 

É mais dado a expor suas ideias digitando no computador, em noites silenciosas como ele mesmo. Continua morando em Porto Alegre e cuidando da saúde.


Ficha técnica:
Direção: Angelo Defanti
Produção: Sobretudo Produções, Lacuna Filmes, Canal Brasil
Distribuição: Boulevard Filmes, Vitrine Filmes e Spcine
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h27 minutos
Classificação: livre
País: Brasil
Gênero: documentário