03 maio 2024

Com passeios por Paris, belas canções e uma breve lição de vida “Conduzindo Madeleine” é um filme para lavar a alma

Line Renaud e Dany Boon protagonizam este drama francês com pitadas de romance e violência doméstica (Fotos: California Filmes/Divulgação)


Mirtes Helena Scalioni


Histórias que dão voz ao acaso costumam emocionar, assim como as que tratam de relatos de lembranças de pessoas maduras e solitárias. Claramente inspirado em “Conduzindo Miss Daisy” (1989), o longa francês de Christian Carion, “Conduzindo Madeleine”, que estreia no Cineart Ponteio nesta quinta-feira (9), acrescenta a isso pitadas de romance e violência doméstica. Tudo embalado por uma trilha sonora de lindas canções do jazz e do blues. 

Quando Madeleine Keller, de 92 anos, pede um táxi para levá-la à instituição de idosos onde vai passar o resto de seus dias, o mal-humorado taxista Charles, que só aceita a corrida porque precisa muito do dinheiro, não imagina como aquela tarefa pode mudar sua vida. 


Em atuação brilhante de Line Renaud, a velhinha vai amolecendo aos poucos o coração daquele trabalhador que, beirando os 50 anos, está desiludido e cheio de problemas financeiros. E é passeando por toda a Paris que ele vai descobrindo que, por trás de toda aquela aparente doçura, sua passageira esconde uma trajetória de sofrimento e superação.

Além de se emocionar com os laços que vão sendo lentamente construídos naquela viagem pelas ruas de Paris, com direito a passadinhas por símbolos icônicos da Cidade Luz, o espectador ainda pode observar uma discreta declaração de amor ao teatro e um claro discurso em favor da causa das mulheres submetidas à violência. 


Vale ressaltar a interpretação sutil de Dany Boon como Charles, o 'chauffeur' – como querem os franceses – se deixando levar pela conversa da sua passageira, passando, com leveza, do mutismo e da indiferença para o encantamento, as risadas e a cumplicidade.

Como um bom filme que tem as memórias como fundamento, “Conduzindo Madeleine” apela para um sem-número de oportunos flashbacks, claro. E nas lembranças da protagonista, surge a jovem romântica e sonhadora Madeleine (interpretação de Alice Isaaz) que, aos 16 nos, na década de 1950, se apaixona por um soldado americano Matt (Elie Kaempfen). 


Destaque também para Jéreme Laheurte, que faz Raymond, o jovem e violento marido da moça; Gwendoline Hamon como Denise Keller, a mãe dela, e Thomas Alden como Mathieu.

Acima de tudo, “Conduzindo Madeleine” é um filme delicado, cujo título original, não por acaso, é “Une Belle Course”, que pode ser livremente traduzido do francês para “Uma Bela Corrida” ou "Um Belo Curso".

Com roteiro inteligente e bem construído de Cyril Cely, que intercala romance, amizade e violência de forma perspicaz, elenco afinado e belas tomadas de Paris, essa é aquela típica produção que faz com que o público saia do cinema de alma lavada.


Ficha técnica:
Direção: Christian Carion
Distribuição: California Filmes
Exibição: Cineart Ponteio, sessão às 19h15
Duração: 1h31
Classificação: 12 anos
País: França
Gênero: drama

02 maio 2024

"Garfield Fora de Casa": uma aventura preguiçosa e despreocupada para curtir com pipoca

Animação apresenta um novo personagem que vai virar do avesso a vida do felino mais folgado e guloso do cinema (Fotos: Sony Pictures)


Maristela Bretas


Vinte anos depois do filme original, o gato mais folgado e esfomeado retorna à telona para apresentar uma pessoa importante de seu passado. O filme "Garfield Fora de Casa" já está nos cinemas para divertir as crianças e matar a saudade dos fãs.

Para quem acompanha a trajetória do felino laranja ele foi criado nos quadrinhos em 1978 por Jim Davis, mas somente em 2004, chegou aos cinemas em "Garfield - O Filme" (2004). Nos anos seguintes vieram outras versões: "Garfield 2" (2006); "Garfield Cai na Real" (2007); "A Festa de Garfield" (2008) e "Garfield - Um Super-Herói Animal" (2009), além dos desenhos animados.


Desta vez, Garfield (voz original de Chris Pratt, de "Jurassic World - Domínio" - 2022) terá um reencontro inesperado com seu pai Vic (Samuel L. Jackson, de "Argylle - O Superespião" - 2024), que há anos estava desaparecido. Ele é um gato de rua todo desengonçado que vai atrair o filho e seu fiel amigo Odie (Harvey Guillen, de "Besouro Azul" - 2023) para um assalto de alto risco, cheio da ação e aventura. 

Ao mesmo tempo em que Vic e Garfield são pai e filho na animação, o mesmo acontece na vida real com seus experientes dubladores brasileiros - Ricardo e Raphael Rossatto são pai e filho.


A história começa quando Garfield foi abandonado filhotinho pelo pai no meio da rua e conheceu aquele que se tornaria seu dono mais fiel e amoroso, Jon Arbuckle (Nicholas Hoult, de "Renfield - Dando Sangue Pelo Chefe" - 2023). 

Tempos depois, outro membro passaria a fazer parte da família - Odie. Garfield é um gato doméstico, que ama pizza, lasanha, pipoca e uma boa poltrona para ver seus vídeos. Usa e abusa de Jon e Odie, que fazem todas as suas vontades e, mesmo sem admitir, Garfield não consegue viver sem a dupla.

Na "roubada" em que são envolvidos por Vic, eles vão conhecer a grande vilã Jinx (Hannah Waddingham, de "O Dublê" - 2024) que vai criar situações bem perigosas e muito engraçadas para que o trio se dê mal, especialmente Vic. 


Odie ganha mais destaque, mesmo sem falar uma palavra. O cãozinho com cara fofa e bobona tem expressões engraçadas, faz planos mirabolantes que dão certo e mostra grande preocupação com o próximo. Ele inclusive influencia Garfield nesse ponto. A relação entre o felino laranja e Jon é bem retratada, mostrando o carinho que os une.

Na versão dublada para o português, além da dupla Rossatto, temos ainda Philippe Maia, que faz a voz de Jon; Marcus Eni é Odie; Taryn Szpilman é Jinx, e Duda Ribeiro, dublando o touro Otto, que na versão original é feita por Ving Rhames ("Missão Impossível - Acerto de Contas Parte 1" - 2023).


A história é simples e previsível, sem grandes surpresas ou reviravoltas. Os diálogos são comuns, bem direcionados para um público infantil, apesar de algumas cenas na fazenda mostrarem maus-tratos a animais. As piadas são previsíveis, mas conseguem arrancar algumas risadas. No entanto, o humor pode não agradar ao público adulto, exceto aos fãs. 

"Garfield Fora de Casa" apresenta algumas mensagens positivas sobre amizade, família e a importância de se contentar com o que se tem. É uma animação leve e despreocupada, ideal para entreter as crianças e assistir com um baldão de pipoca no colo. 


Ficha técnica:
Direção: Mark Dindal
Produção: Alcon Entertainment, Columbia Pictures, Double Negative, Wayfarer Studios, One Cool Group Limited
Distribuição: Sony Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h41
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: infantil, comédia