12 junho 2024

“13 Sentimentos” - um olhar sobre o envolvimento emocional em tempos de relações efêmeras

Daniel Ribeiro volta às telonas com filme que aborda relacionamentos amorosos e temáticas LGBT
(Fotos: Thi Santos e Luiza Aron)


Eduardo Jr.


Chega nesta quinta-feira (13) aos cinemas brasileiros o longa "13 Sentimentos”, de Daniel Ribeiro. Distribuído pela Vitrine Filmes, o longa confirma o gosto do diretor em abordar relacionamentos amorosos e temáticas LGBT, como ocorreu no romance adolescente “Hoje Eu Quero Voltar Sozinho”, de 2014. 

A diferença é que, desta vez, o brasileiro desenvolve uma história sobre namoro, aplicativos de relacionamento e controle sobre a vida com personagens já adultos.       


A estreia, marcada para o dia seguinte ao Dia dos Namorados, pode animar na busca pela metade da laranja. No filme, João (Artur Volpi) é um cineasta recém-saído de um namoro de dez anos com Hugo (Sidney Santiago), do qual sobrou como recordação um cubo mágico (sim, aquele brinquedo desafiante para girar, mexer, mudar o ponto de vista em busca de uma suposta harmonia). 

O jovem busca um novo amor e, quando acha que encontrou, tenta conduzir essa relação como se fosse o novo filme que está escrevendo - e é claro, se a arte imita a vida, esse romance não vai obedecer a um roteiro. 


Uma das coisas interessantes sobre “13 Sentimentos” é que o longa é uma resposta de Daniel a outro filme, “45 Dias Sem Você” (2018), que foi realizado por seu ex, Rafael Gomes, baseado no término da relação dos dois. 

Agora, Daniel se debruça sobre seus próprios sentimentos, sobre a possibilidade de se abrir para uma nova relação e sobre se enxergar, se conhecer.  

Nessa jornada, o protagonista João conta com o apoio da amiga lésbica que não quer morar com a namorada e do amigo que tem pavor de relacionamentos. Os dois parecem ambientados à modernidade dos aplicativos de relacionamento, e João também embarca nessa onda. 

A edição do longa se aplica nessa tendência, apresentando telas divididas, que se movimentam de forma ágil, tal qual o texto se desenvolve na obra. 


Dentro do longa, o protagonista escreve um filme que, a cada momento, parece ser um equívoco. Até que o surgimento de um affair vai transformando os dias do cineasta e suas ideias sobre o que está escrevendo. Mas as tentativas de conduzir a paquera como se estivesse construindo um roteiro se mostram infrutíferas. 

O namoro dá errado, o projeto do filme vai naufragando, e as contas pra pagar também começam a tirar a paz de João. Como num simulacro da vida amorosa, a vida profissional também parece desmoronar, até que um novo campo de trabalho se abre. 

Neste ponto, o filme vai se desconectando da modernidade das telas dos smartphones e ganhando um tom mais reflexivo. As metáforas escolhidas pelo diretor revelam que talvez algumas relações sejam idealizadas e que não se conhece tanto assim o outro (ou a si mesmo). 


Mas para recuperar essa chacoalhada no público (e amenizar algumas cenas com cenários que deixam os olhos incomodados tamanha a falta de zelo com a estética), a música de Tim Bernardes se encaixa na trama, quase traduzindo o filme - ou nos dando um aprendizado sobre a vida. 

Pois ela também depende de mexer aqui, ajustar ali, mudar o ponto de vista até que os quadradinhos do cubo mágico estejam em harmonia (ou será que, melhor que um cubo montado é o caminho até chegar a esse momento?). Só indo aos cinemas pra conferir e encontrar a melhor resposta pra você. 


Ficha Técnica:
Direção: Daniel Ribeiro
Produção: Lacuna Filmes, Claraluz Filmes, Canal Brasil, Telecine
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h40
Classificação: 16 anos
País: Brasil
Gêneros: romance, comédia

10 junho 2024

"Mallandro - O Errado Que Deu Certo" é uma comédia de bordões para os fãs do humorista

Sem deixar a comédia de lado, filme aborda um período difícil da vida do rei das pegadinhas dos anos 1980 (Fotos: Primeiro Plano Comunicação)


Maristela Bretas


Ele fez sua carreira pautada em bordões como "rá!", "ie-ié", "glu-glu", levou milhares de pessoas para a frente das TVs e platéias aos teatros. Caiu, levantou e ainda possui fãs pelo Brasil e fora do país. E é essa a história de "Mallandro - O Errado Que Deu Certo", filme que estreia nos cinemas dia 13 de junho com direção de Marco Antônio de Carvalho.

Antes mesmo da estreia, Sérgio Mallandro percorreu várias cidades brasileiras, incluindo Belo Horizonte, em sessões prévias que atraíram centenas de pessoas às salas de cinema que queriam ver de perto o ídolo dos anos 1980.


O longa aborda um período de perrengues da vida do ator, mostrando as mudanças em seu comportamento, na relação com os filhos e ex-mulheres. 

Sem dinheiro e vivendo das glórias do passado, Sérgio Mallandro precisa se reinventar. Recém eliminado de um reality show e com dívidas se acumulando, ele aceita participar de um piloto para um novo programa de auditório.

Porém, quando uma pegadinha dá errado, ele se vê em uma situação de vida ou morte e precisa tomar uma decisão que pode afetar sua carreira para sempre. Para quem acompanhou a trajetória do ator, uma famosa pegadinha do programa "Festa do Mallandro" é reproduzida no filme.


Além do próprio humorista, o elenco conta com artistas conhecidos da TV, teatro e cinema como André Mattos, Nany People, Lúcio Mauro Filho, Fernando Caruso, Hugo Bonemer, entre outros, que garantem os momentos divertidos.

Já a turma jovem, interpretando os filhos do comediante, é formada por Marianna Alexandre (de "Um Broto Legal" - 2022), como Mila, e Guilherme Garcia (a série "Dom", do Prime Video), no papel de Lucca. O filme conta ainda com as participações especiais da apresentadora Xuxa Meneghel e do ex-jogador Zico, uma boa forma de atrair público.


Carreira

Na TV, Sérgio apresentou programas como o infantil matinal "Oradukapeta", no SBT (1987 a 1990) e "Show do Mallandro", na Globo (1991 a 1993). No SBT, era considerado o rei das pegadinhas e foi dono de um dos quadros mais clássicos do Brasil a “Porta dos Desesperados”. 

No cinema, participou de diversas produções, entre elas os longas "Menino do Rio" (1982), “O Trapalhão na Arca de Noé" (1983), “Garota Dourada” (1984), "As Aventuras de Sérgio Mallandro" (1985), "Sonho de Verão" (1990), "Lua de Cristal" (1990), contracenando com Xuxa, e "Inspetor Faustão e o Mallandro" (1991). 


Em 2019, o humorista também fez uma participação no filme “MIB: Homens de Preto Internacional”. Atualmente, ele apresenta o Podcast Papagaio Falante e também realiza shows de stand-up por todo o país e shows corporativos para grandes empresas.

"Mallandro - O Errado Que Deu Certo", no entanto, é uma produção que se arrasta por longos 102 minutos entre a comédia e o drama. E ouvir, o tempo todo, o comediante repetir seus bordões, até mesmo quando ele tenta deixar de usá-los, é muito cansativo. Chega a ser chato e a diversão poderá não ser a esperada.


Ficha técnica
Direção: Marco Antônio de Carvalho
Produção: Melodrama, com coprodução Telecine e RioFilme
Distribuição: Downtown Filmes
Duração: 1h42
Classificação: 12 anos
País: Brasil
Gêneros: comédia, drama