20 junho 2024

"Divertida Mente 2" – as emoções estão mais intensas e divertidas

A sala de controle ganhou novos integrantes e a briga vai mudar completamente o comportamento de Riley (Fotos: Walt Disney Studios)


Maristela Bretas


Deixando a vergonha de lado e sem querer ser pretensiosa, precisei deixar minha ansiedade de lado para não contar antes da hora o quanto gostei de "Divertida Mente 2" ("Inside Out 2"). A animação entra hoje em cartaz nos cinemas trazendo Riley (Kensington Tallman, com dublagem de Isabella Guarnieri) de volta, com emoções à flor da pele, dignas de uma jovem entrando na puberdade. 

Quem já passou por isso sabe como os hormônios enlouquecem a gente. Antes a alegria e a raiva dividiam os sentimentos da menina com a tristeza e o medo. A agora pré-adolescente vai precisar aprender a controlar outras emoções, bem mais fortes e que vão mudar totalmente sua vida e suas relações. 


Se em "Divertida Mente" (dirigido por Pete Docter em 2015) as bolinhas coloridas da memória ganharam e perderam força à medida que Riley crescia e deixava a infância, agora o cérebro da nossa jovem vai dar um salto temporal com os novos sentimentos. 

Em especial a Ansiedade, que vai acompanhar a personagem por toda a sua vida. Como faz com todos nós. Identifiquei-me totalmente com esta figura descabelada de cor laranja, bem estressada e com muita energia.

Assim como na animação original, "Divertida Mente 2", sob a direção de Kelsey Mann, também provoca aquele cisco nos olhos que faz lágrimas escorrerem pelo rosto, mesmo que em menor quantidade que sua antecessora. 


O forte desta sequência é que ela nos fazer questionar relacionamentos e lembranças da infância, que as novas emoções insistem em apagar para que novas sejam criadas novas na puberdade. Mas será que precisamos mesmo esquecer o que vivemos de bom no passado para que o presente seja melhor? 

Na história, a central de controle ganha novos integrantes. Coordenada por Alegria (Amy Poehler, com dublagem de Miá Mello) desde os primeiros anos de vida de Riley, com a ajuda de Tristeza (Phyllis Smith/Katiuscia Canoro), Raiva (Lewis Black/Léo Jaime), Medo (Tony Hale/Otaviano Costa) e Nojinho (Liza Lapira/Dani Calabresa). 


A chegada de Ansiedade (Maya Hawke e a voz da superligada Tatá Werneck) e seus amigos Inveja (Ayo Edebiri/Gaby Milani), Tédio (Adèle Exarchopoulos/Eli Ferreira) e Vergonha (Paul Walter Hauser/Fernando Mendonça) vai deixar a jovem mais sensível. 

Riley, que está completando 13 anos, passa a terá reações novas, algumas até incontroláveis e violentas. O grupo conta também com a simpática Nostalgia (June Squibb/Sylvia Salustti), que sempre aparece antes da hora. 

Com a desculpa de que está querendo ajudar a jovem em seu amadurecimento e, ao mesmo tempo protegê-la do mundo, Ansiedade toma a sala de controle, afasta os antigos sentimentos e provoca uma tremenda crise emocional em Riley. Alegria agora terá de encontrar uma forma de fazer sua dona relembrar e recuperar suas emoções passadas. 


Os roteiristas Meg Le Fauve e Dave Holstein souberam explorar bem os novos personagens, com destaque para Ansiedade e Vergonha. A primeira vai disputar o comportamento de Riley com Alegria, levando a jovem a fazer coisas que no passado jamais faria. Ela é o sentimento mais comum na maioria dos seres humanos, em especial dos jovens de hoje. Já a segunda é uma figura grande, forte, mas extremamente tímida e doce, que terá importante papel na trama.

Com boas piadas, narrativa leve e de fácil compreensão, muita cor e personagens carismáticos, "Divertida Mente 2" tem tudo para alegrar e encantar as crianças pequenas. Mas serão os adultos, como acontece nas produções da Pixar, que irão se emocionar e entender melhor as mensagens da animação que amadureceu junto com Riley.


Ficha técnica
Direção: Kelsey Mann
Produção: Pixar Animation Studios, Walt Disney Studios
Distribuição: Walt Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h36
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: animação, aventura, família, comédia

16 junho 2024

“Os Estranhos: Capítulo 1” decepciona como terror slasher

A brutalidade e violência mencionadas ficam por conta dos mascarados assassinos, que aparecem poucas vezes (Fotos: Lionsgate)


Marcos Tadeu


Aqueles que aguardavam um remake nos moldes de “Os Estranhos”, do clássico de 2008, “Os Estranhos: Capítulo 1” (The Strangers: Chapter 1), podem não sair muito satisfeitos do cinema com o filme dirigido e roteirizado por Bryan Bertin.

Enquanto o primeiro longa conseguiu ser um bom terror slasher, apesar do ritmo lento, e entregar uma tensão que agrada, a nova versão, estrelada por Madelaine Petsch e Froy Gutierrez, é decepcionante. O filme está em exibição em apenas uma sala do Cinemark BH Shopping, com sessão às 21h10.

No início do filme, somos informados sobre o aumento de crimes brutais e como essa história é uma trama violenta. Na narrativa, acompanhamos o casal Maya e Ryan realizando uma viagem romântica, mas tudo é interrompido por estranhos assassinos que tentam matá-los.


A brutalidade e violência mencionadas no início do longa não se concretizam. Os mascarados assassinos aparecem poucas vezes, e as cenas de tensão são escassas - o grande erro da produção. Em nenhum momento há uma explicação sobre a relação dos estranhos com o casal e o motivo pelo qual se tornaram alvo.

Apesar da estética bonita, falta desenvolvimento dos antagonistas. Se a história inicial promete brutalidade, ao longo do filme, parece haver um certo vazio. 

Outro ponto negativo são as ações irracionais do casal protagonista, uma conveniência de roteiro que facilita o trabalho dos vilões, mas que acaba sendo superficial e sem emoção.


Apesar de seus mais de 100 minutos de duração, o ritmo é lento e arrastado. Muitas vezes, olhei no relógio esperando que o tempo passasse. Tudo indica que será uma trilogia, mas a questão é: se a bilheteria desta versão não for satisfatória, valeria à pena produzir outras duas sequências?

“Os Estranhos: Capítulo 1” tenta ser bom como o original, mas o resultado é um filme mal feito e sem emoção, que não consegue convencer o espectador a continuar assistindo.


Ficha técnica:
Direção: Renny Harlin
Distribuição: Paris Filmes
Produção: Lionsgate
Exibição: Cinemark BH Shopping, sessão 21h10
Duração: 1h45
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gêneros: suspense, terror