21 junho 2024

“Tudo o Que Você Podia Ser” mostra a união como ferramenta para vencer na sociedade da homofobia

Documentário de ficção tem DNA mineiro, com direção de Ricardo Alves Júnior (Fotos: Vitrine Filmes)


Eduardo Jr.


Está em cartaz, em duas salas de cinema de Belo Horizonte, o longa “Tudo o Que Você Podia Ser”. A produção tem DNA mineiro e transita entre a ficção e o documentário. Dirigida por Ricardo Alves Júnior, é uma observação da felicidade, da pulsante energia da comunidade LGBT, da amizade e da sempre iminente violência homofóbica. 

O filme é distribuído pela Sessão Vitrine Petrobras e pode ser visto no Centro Cultural Unimed BH-Minas e Cine Una Belas Artes. 


A história parte do último dia de Aisha (Aisha Brunno) na cidade. E a despedida será com a família escolhida, as amigas Bramma Bremmer, Igui Leal e Will Soares (as personagens utilizam seus nomes verdadeiros, deixando o espectador na incerteza do que é realidade e do que é ficção). 

Algumas das locações são as casas das próprias atrizes, colaborando para edificar “o real” do filme. A cidade da qual Aisha se despede é quase uma personagem do longa. Locais bem familiares aos belo-horizontinos desfilam pela tela, emoldurando os caminhos das quatro amigas. 


E cada uma delas tem um pouco de sua história pessoal revelada (menos que o desejado, há que se dizer), dos dramas familiares às conquistas. Com leveza, o diretor nos apresenta personagens que vão além do preconceito e da exclusão, escancarando que a presença e a vitória são plenamente possíveis a essa parcela da população. 

Se as atrizes/personagens são trans ou não binárias, não faz a menor diferença tamanha a cumplicidade e carisma do elenco.   

A jornada do grupo é costurada por risos, dramas, afeto, lágrimas, criatividade, amor e música. Tudo embalado em naturalidade. É o seguir da vida diante dos nossos olhos. Sempre em frente, de um ponto a outro, tal qual a personagem que sai das sombras e vai rumo à luz do dia. 


A obra não tem uma questão a responder, ela simplesmente flui, com o elenco fazendo o que nós todos tentamos diariamente: seguir rumo à felicidade desejada. Que pode ser uma coisa simples, como o convívio familiar, que para muitos de nós é corriqueiro, mas para pessoas trans é quase um milagre. 

O documentário parece ter agradado aos olhos e corações de quem assistiu nas premiações. “Tudo o Que Você Podia Ser” ganhou, em 2023, o Prêmio de Melhor Direção no Festival do Rio e o Prêmio de Melhor Longa Nacional do Festival Mix Brasil.   


Ficha Técnica:
Direção: Ricardo Alves Júnior
Produção: EntreFilmes e Sancho & Punta
Distribuição: Sessão Vitrine Petrobras
Exibição: Centro Cultural Unimed BH-Minas - sala 1, sessão 20h30 (somente nos dias 21, 23 e 25/26); e Cine UNA Belas Artes - sala 2, sessão 20h30
Duração: 1h24
Classificação: 16 anos
País: Brasil
Gêneros: documentário, drama, ficção


20 junho 2024

"Divertida Mente 2" – as emoções estão mais intensas e divertidas

A sala de controle ganhou novos integrantes e a briga vai mudar completamente o comportamento de Riley (Fotos: Walt Disney Studios)


Maristela Bretas


Deixando a vergonha de lado e sem querer ser pretensiosa, precisei deixar minha ansiedade de lado para não contar antes da hora o quanto gostei de "Divertida Mente 2" ("Inside Out 2"). A animação entra hoje em cartaz nos cinemas trazendo Riley (Kensington Tallman, com dublagem de Isabella Guarnieri) de volta, com emoções à flor da pele, dignas de uma jovem entrando na puberdade. 

Quem já passou por isso sabe como os hormônios enlouquecem a gente. Antes a alegria e a raiva dividiam os sentimentos da menina com a tristeza e o medo. A agora pré-adolescente vai precisar aprender a controlar outras emoções, bem mais fortes e que vão mudar totalmente sua vida e suas relações. 


Se em "Divertida Mente" (dirigido por Pete Docter em 2015) as bolinhas coloridas da memória ganharam e perderam força à medida que Riley crescia e deixava a infância, agora o cérebro da nossa jovem vai dar um salto temporal com os novos sentimentos. 

Em especial a Ansiedade, que vai acompanhar a personagem por toda a sua vida. Como faz com todos nós. Identifiquei-me totalmente com esta figura descabelada de cor laranja, bem estressada e com muita energia.

Assim como na animação original, "Divertida Mente 2", sob a direção de Kelsey Mann, também provoca aquele cisco nos olhos que faz lágrimas escorrerem pelo rosto, mesmo que em menor quantidade que sua antecessora. 


O forte desta sequência é que ela nos fazer questionar relacionamentos e lembranças da infância, que as novas emoções insistem em apagar para que novas sejam criadas novas na puberdade. Mas será que precisamos mesmo esquecer o que vivemos de bom no passado para que o presente seja melhor? 

Na história, a central de controle ganha novos integrantes. Coordenada por Alegria (Amy Poehler, com dublagem de Miá Mello) desde os primeiros anos de vida de Riley, com a ajuda de Tristeza (Phyllis Smith/Katiuscia Canoro), Raiva (Lewis Black/Léo Jaime), Medo (Tony Hale/Otaviano Costa) e Nojinho (Liza Lapira/Dani Calabresa). 


A chegada de Ansiedade (Maya Hawke e a voz da superligada Tatá Werneck) e seus amigos Inveja (Ayo Edebiri/Gaby Milani), Tédio (Adèle Exarchopoulos/Eli Ferreira) e Vergonha (Paul Walter Hauser/Fernando Mendonça) vai deixar a jovem mais sensível. 

Riley, que está completando 13 anos, passa a terá reações novas, algumas até incontroláveis e violentas. O grupo conta também com a simpática Nostalgia (June Squibb/Sylvia Salustti), que sempre aparece antes da hora. 

Com a desculpa de que está querendo ajudar a jovem em seu amadurecimento e, ao mesmo tempo protegê-la do mundo, Ansiedade toma a sala de controle, afasta os antigos sentimentos e provoca uma tremenda crise emocional em Riley. Alegria agora terá de encontrar uma forma de fazer sua dona relembrar e recuperar suas emoções passadas. 


Os roteiristas Meg Le Fauve e Dave Holstein souberam explorar bem os novos personagens, com destaque para Ansiedade e Vergonha. A primeira vai disputar o comportamento de Riley com Alegria, levando a jovem a fazer coisas que no passado jamais faria. Ela é o sentimento mais comum na maioria dos seres humanos, em especial dos jovens de hoje. Já a segunda é uma figura grande, forte, mas extremamente tímida e doce, que terá importante papel na trama.

Com boas piadas, narrativa leve e de fácil compreensão, muita cor e personagens carismáticos, "Divertida Mente 2" tem tudo para alegrar e encantar as crianças pequenas. Mas serão os adultos, como acontece nas produções da Pixar, que irão se emocionar e entender melhor as mensagens da animação que amadureceu junto com Riley.


Ficha técnica
Direção: Kelsey Mann
Produção: Pixar Animation Studios, Walt Disney Studios
Distribuição: Walt Disney Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h36
Classificação: Livre
País: EUA
Gêneros: animação, aventura, família, comédia