Baseado em livro, filme mostra recorte de alguns anos da vida de integrantes de motoclube no final dos anos 1960 (Fotos: Universal Pictures) |
Eduardo Jr.
Dirigido por Jeff Nichols e distribuído pela Universal, “Clube dos Vândalos” ("The Bikeriders") está entre os lançamentos polêmicos em cartaz no cinema. O longa fala do surgimento e transformação de um grupo de motociclistas americanos.
Permeado por drama e romance, o filme se inspira em um livro de Danny Lyon, que acompanhou por quase uma década um motoclube, fotografando e entrevistando os integrantes.
A história, ambientada nos anos de 1960, começa dando a entender que será dividida em atos, tendo como ponto de partida o relato de Kathy (Jodie Comer), a jovem que se apaixonou pelo protagonista Benny (Austin Butler) e viveu boa parte da existência d’os “Vândalos”.
Mas apenas ela atua como narradora. Outros pontos de vista ficam de fora (exceto por umas poucas cenas dos atores sendo entrevistados por Danny (papel de Mike Faist).
A proposta de aventuras, motociclistas encrenqueiros, e romance está lá, no cartão de visitas do longa. Benny é apresentado como um desajustado, mas a beleza do garotão encanta Kathy. Com a promessa de Johnny, o fundador dos Vândalos (personagem do ótimo Tom Hardy), de que ela não terá problemas ali, ela embarca no romance, conforme conta em sua entrevista.
Se a direção acerta ao conduzir a história por um ponto de vista feminino, num grupo ultra masculinizado, e ao expressar a liberdade sobre duas rodas e o senso de pertencimento daqueles homens, derrapa em outros pontos.
O papel do entrevistador quase desaparece. Mike Faist fica ali, em alguns momentos, segurando um microfone e fazendo poucas perguntas. Perde-se a chance de explorar mais das histórias e perfis que essas entrevistas podem ter captado.
Gradualmente o espectador vai conhecendo mais sobre as regras daquele grupo. E até sobre a formação de uma masculinidade que deixa marcas. Mas, da metade do filme em diante, a motocicleta vai descendo a ladeira. Vai se criando tal visão daqueles motoqueiros que é difícil imaginar que os adeptos da cultura do motociclismo venham a se sentir representados por essa obra.
O drama da ampliação do grupo, da chegada de novos membros, do posicionamento dos integrantes diante da transformação do grupo e da sociedade criam um retrato que tira o brilho dos personagens e da história do grupo.
Na plateia da sala Cineart, o público se dividia. Alguns expressavam satisfação enquanto outros saíam descontentes. Vá ao cinema e tire suas conclusões - e não saia da sala antes dos créditos finais, as fotos originais da época podem agradar.
Ficha Técnica:
Direção: Jeff Nichols Produção: Universal Pictures, New Regency, Tri-State Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h55
Classificação: 16 anos
País: EUA
Gênero: drama