30 junho 2024

"Um Lugar Silencioso: Dia Um" entrega uma boa produção para explicar como tudo começou

Atuações de Lupita Nyong'o e Joseph Quinn e ótimos efeitos visuais e sonoros ampliaram o suspense
(Fotos: Paramount Pictures)


Maristela Bretas


Uma boa indicação de filme em cartaz nos cinemas é "Um Lugar Silencioso: Dia Um" ("A Quiet Place: Day One"). O spin-off amplia a tensão dos filmes anteriores ao explicar os eventos que deram início à franquia a partir do primeiro dia da invasão alienígena à Terra e a destruição das cidades (no caso, Nova York). 

O elenco também muda, contando agora com as ótimas atuações de Lupita Nyong'o e Joseph Quinn, além de efeitos visuais e sonoros que reforçam o suspense e o terror da trama.


Do caos diário de uma das cidades mais barulhentas do mundo ao silêncio completo, a trama tem em Sam (Lupita Nyong'o, de "Nós" - 2019 e "Pantera Negra" - 2018) seu maior destaque. Ela é uma pessoa amarga e descrente, com doença em fase terminal, que passa a lutar por sua vida para sobreviver às criaturas. As cenas dramáticas e de tensão e, em especial as finais, com a atriz são dignas de uma vencedora do Oscar.

Em seu caminho, ela conhece o estudante de Direito Eric (Joseph Quinn, o Eddie, de "Stranger Things"), um jovem que terá de aprender como vencer seus medos, contando com a ajuda de Sam, e assumir o silêncio como uma arma para sua sobrevivência. Especialmente nos momentos em que a dupla se vê frente a frente com os invasores. 


A parceria com Lupita funciona bem, tanto nas cenas de tensão quanto nas que os dois se permitem falar, com o som abafado pelo barulho da chuva. Este é um dos pontos inclusive que remete a "Um Lugar Silencioso" (2018) - quando Lee Abbott (John Krasinski) solta fogos para abafar os gritos da esposa Evelyn (Emily Blunt) durante o parto de seu bebê.  

A tensão provocada pelo possível ataque dos invasores predomina por toda a trama. Um caco de vidro quebrado ou o simples rasgar de uma roupa desencadeia momentos de pânico e terror, seguidos de um completo massacre. O diretor e roteirista Michael Sarnoski soube empregar bem os efeitos visuais e sonoros nestas situações.


Sarnoski também surpreende o público com um novo personagem, o gato Frodo, que acompanha Sam por toda parte e a coloca em algumas enrascadas. O bichano fofinho (na verdade, são dois intérpretes felinos - Nico e Schnitzel) tem papel fundamental na história, inclusive ajudando a revelar o motivo da invasão.

Outro ator que tem a origem de seu personagem explicada na franquia é Djimon Hounsou, como Henri. Ele é um pai que está tentando salvar a família após a invasão. 

O personagem apareceu pela primeira vez em "Um Lugar Silencioso - Parte II" (2021) como o homem da ilha que abriga Evelyn, os filhos e Emmett (Cillian Murphy) na comunidade criada pelos sobreviventes. Ainda no elenco estão Alex Wolff e Deni O'Hare.


O terceiro filme pode não provocar o mesmo impacto dos anteriores, mas ajuda muito a esclarecer alguns pontos, como foi o dia da invasão alienígena, o massacre inicial, a adaptação inicial ao silêncio e a fuga de algumas pessoas das áreas ocupadas pelos alienígenas. 

A produção merece ser conferida no cinema para aproveitar melhor a parte técnica. Se não assistiu os dois primeiros filmes, não perca, eles estão disponíveis nas plataformas de streaming Prime Vídeo, Apple TV+ e Google Play.


Ficha técnica:
Direção e roteiro: Michael Sarnoski
Produção e distribuição: Paramount Pictures
Exibição: nos cinemas
Duração: 1h40
Classificação: 14 anos
País: EUA
Gêneros: drama, suspense, terror

27 junho 2024

Lento e arrastado, “Salamandra” é confuso, mal contado e não prende o espectador

Drama estrelado pela atriz francesa Marina Foïs e o brasileiro Maicon Rodrigues se passa em Olinda e Recife (Fotos: Pandora Filmes)


Mirtes Helena Scalioni


É possível arriscar que apenas as pessoas que leram o romance do mesmo nome são capazes de entender – e gostar – do filme “Salamandra”, primeiro longa do diretor Alex Carvalho, que estreia no Centro Cultural Unimed BH - Minas. 

A começar pelo lugar onde se passa a história, nada é muito claro no drama estrelado pela atriz francesa Marina Foïs. Não fosse o apoio da Secretaria de Cultura de Pernambuco explícito no início da projeção, o que leva o espectador a deduzir que tudo acontece em Olinda e Recife, sequer a locação estaria clara.


A sinopse do filme, baseado no romance "La Salamandre", de Jean-Christophe Rufin, diz que a história trata da vinda de Catherine (Marina Foïs) para o Brasil, após a morte do pai. 

Aqui, ela pretenderia se reconectar com a irmã, vivida por Anna Mouglalis e casada com Ricardo (Bruno Garcia). Mas logo nos primeiros dias se apaixona pelo jovem Gilberto, interpretado por Maicon Rodrigues, apesar de todas as censuras e desigualdades entre os dois.


A começar pelo título, “Salamandra” deixa muitas pontas soltas, levando o espectador a um verdadeiro jogo de adivinhação. Aos poucos, vai-se descobrindo que o jovem negro Gilberto é uma espécie de rato de praia, vivendo de pequenos trambiques. 

Mas nada abala a paixão da francesa, que se entrega ao romance, apesar das diferenças entre eles. Quem se interessar em pesquisar, vai descobrir que salamandra é um anfíbio semelhante a um lagarto, cuja imagem é associada ao fogo e, com algum esforço, à paixão.


Com duração de cerca de quase duas horas, o filme se arrasta em cenas longas e lentas, inclusive as de sexo entre Catherine e Gil, evidenciando a diferença dos corpos e da cor da pele dos dois. Os demais atores, como Bruno Garcia, Attan Souza Lima (como Pachá, ex-patrão de Gil) e outros, apenas gravitam em torno dos dois protagonistas sem interferência ou vida própria.

Com alguma boa vontade, é possível enxergar algum discurso antirracista e até alguma referência às desigualdades sociais e aos relacionamentos em que a mulher é mais velha do que o homem. Mas é preciso muita boa vontade para gostar de uma história tão mal contada, tão sem pé nem cabeça. Haja paciência pra buscar significados e metáforas.


Ficha técnica
Direção e roteiro:
Alex Carvalho
Produção: NFilmes, Cinenovo, Scope Pictures, coprodução Canal Brasil e Telecine
Distribuição: Pandora Filmes
Exibição: Centro Cultural Unimed BH - Minas, sala 2, sessão 20h10, somente nos dias 27 e 30 de junho e 2 de julho
Duração: 1h56
Classificação: 18 anos
Países: Brasil, França, Alemanha e Bélgica
Gênero: drama