04 julho 2024

Minions roubam a cena novamente e arrasam em "Meu Malvado Favorito 4"

Gru e a família correm perigo e precisam se esconder de um vilão com sotaque francês e da namorada dele (Fotos: Illumination Entertainment) 


Maristela Bretas


Eles estão de volta, ainda mais engraçados e trapalhões. Os Minions não ganharam um terceiro filme, mas "Meu Malvado Favorito 4" ("Despicable Me 4"), que estreia nesta quinta-feira nos cinemas, é quase como uma continuação dos sucessos "Minions" (2015) e "A Origem de Gru" (2022). Os famosos baixinhos amarelos de macacão azul arrasam e roubam as cenas cada vez que aparecem, provocando boas gargalhadas. 


A famosa franquia, iniciada em 2010, com sequência em 2013, volta a reforçar a importância da família, como aconteceu em "Meu Malvado 3" (2017). Os Minions seguem com as vozes inconfundíveis de Pierre Coffin (original) e Guilherme Briggs (dublagem em português), para alegria dos fãs. Eles ganham mais espaço e superpoderes e confirmam que são a maior atração (ou pelo menos, a mais divertida) das cinco animações criadas pelos estúdios Illumination e Universal Pictures. 

Gru (novamente dublado por Steve Carell e em português por Leandro Hassum) e Lucy (vozes de Kristen Wiig e Maria Clara Gueiros) agora estão casados e são pais de Margô (Bruna Laynes), Edith (Ana Elena Bittencourt) e a caçula super fofa Agnes (Pamella Rodrigues). 


A novidade do quarto filme da franquia é o novo membro da família - Gru Jr.. Ele lembra muito o bebê Zezé, de "Os Incríveis 2" (2018), mas sem superpoderes. Seu único objetivo é atormentar o pai com suas travessuras. 

Depois de deixar de ser um supervilão, apesar de todas as tentações, Gru se torna agente da Liga Antivilões. Mas ele e sua família passam a ser perseguidos por um novo inimigo, Maxime Le Mal (Will Ferrell/Jorge Lucas) e sua namorada mulher-fatal Valentina (Sofia Vergara/Angélica Borges) que escapam da prisão. 


Maxime é bem caricato, atrapalhado em seus planos e ainda tem sotaque francês. Lembra outro antigo inimigo de Gru, Balthazar Bratt (que foi dublado por Evandro Mesquita no filme 3). Apesar de escolher se transformar em um bicho asqueroso, ele convence em ser o novo inimigo número 1 da família Gru. Além de serem obrigados a mudarem suas vidas e identidades, os Gru ainda vão conhecer Poppy (Joey King/Lorena Queiroz), uma vizinha adolescente que vai lhes trazer grandes problemas.

O diretor Chris Renaud, que acompanha a franquia desde o início, também apresenta no quarto filme do ex-vilão várias referências a filmes famosos de super-heróis, como Homem-Aranha, e relembra personagens das animações anteriores. Quem acompanha Gru e os Minions vai se lembrar, com certeza.


Como se não bastasse toda a ação e diversão, "Meu Malvado Favorito 4" ainda tem uma trilha sonora frenética, composta novamente por Heitor Pereira, responsável pelos outros filmes. Além de sucessos como "Through The Fire And Flames", do Dragonforce, "Sweet Child O’ Mine", do Guns N’ Roses, e a minha preferida, usada na cena mais marcante da animação, "Everybody Wants to Rule the World", da banda Tears For Fears.

Recomendo rever todas as animações da franquia, disponíveis no Telecine, Amazon Prime Video, Google Play e Apple TV. "Meu Malvado Favorito 4" está ainda mais divertido. Agora é pegar a pipoca e o refri (ou suquinho) e preparar para rir muito (e até se emocionar).


Ficha Técnica
Direção: Chris Renaud
Produção: Ilumination Entertainment e Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h34
País: EUA
Classificação: Livre
Gêneros: animação, comédia, aventura

02 julho 2024

"A Flor do Buriti": ode ao povo Krahô e à resistência indígena

Fotografia alterna entre planos abertos e detalhes, revelando o cotidiano e os diálogos de uma vivência indígena (Fotos: Renée Messora)


Silvana Monteiro


Uma produção feita por três nações. Este é o longa "A Flor do Buriti", distribuído pela Embaúba Filmes, que entra em cartaz nesta quinta-feira (4), no Centro Cultural Unimed BH-Minas. O roteiro é assinado pelo português João Salaviza, pela brasileira Renée Nader Messora e pelos integrantes do povo Krahô - Ilda Patpro Krahô, Francisco Hyjnõ Krahô e Henrique Ihjãc Krahô.

Produzido por Julia Alves e Ricardo Alves Jr., da produtora mineira Entre Filmes, a história oferece uma visão documental e holística da vida dos Krahô. O documentário foi filmado durante 15 meses em quatro aldeias diferentes, dentro da terra indígena Kraholândia.


A fotografia alterna entre planos abertos, e planos detalhe, que revelam o cotidiano e os diálogos autênticos de uma vivência indígena. Essa abordagem cinematográfica consegue traduzir o sentimento de um povo cuja história esteve à beira da extinção.

O pajé e os demais parentes do povo Krahô realizam um ritual entoando um cântico à flor do buritizeiro. Curumins com flechas tentam proteger a mata e a aldeia. A menina Jotat é perturbada em seus sonhos por espíritos. 


Sempre vigilante, a curumim que habita o território Pedra Branca, na Kraholândia, norte de Tocantins, preocupa-se com a chegada dos cupé (invasores) à sua terra. Lapsos da memória ancestral marcada pela violência dos fazendeiros criadores de gado.

São cenas das crianças que se misturam à natureza, das mulheres trabalhando o artesanato nos capinzais, da arte marcada no rosto. Da busca pela proteção das aves, do velho índio em confronto para guardar seu povo e das conversas que revelam não só histórias mitológicas, mas também uma vida de luta pela sobrevivência. Todas enriquecem a obra e nos dão a sensação de estarmos ali, aldeados junto a eles.


As sombras do passado ainda assombram os Krahô. Enquanto uma mulher está prestes a dar à luz, seu marido vigia a porteira do território para impedir a expropriação dos bens naturais de seu povo. 

Simultaneamente, uma jovem envolvida em movimentos sociais se prepara para viajar a Brasília, onde participará da Mobilização Nacional dos Povos Indígenas ao lado da líder Sônia Guajajara, hoje Ministra dos Povos Indígenas.

"A Flor do Buriti" atravessa os últimos 80 anos dos Krahô, trazendo para a tela memorias e relatos de um massacre ocorrido em 1940, onde morreram dezenas de pessoas. Perpetrado por dois fazendeiros da região, as violências praticadas naquele momento continuam a despertare o espírito  guerreiro desse povo.


"A Flor do Buriti" é um retrato sincero da resiliência e da espiritualidade dos Krahô, celebrando a sua cultura e resistência diante das adversidades. É uma história que ressoa com força e urgência, convidando o espectador a uma profunda reflexão sobre a importância da preservação da cultura dos povos originários.

Premiações

Exibido em mais de 100 festivais ao redor do mundo, o filme recebeu o prêmio coletivo para melhor elenco na mostra Un Certain Regard, do Festival de Cannes. Também foi vencedor em 14 outros importantes festivais, como o de Munique (Cinevision Award), Lima (Prêmio Signis), Mar del Plata (Prêmio Apima Melhor filme Latino-Americano), Festival dei Popoli (Melhor Filme), Huelva (Prêmio Especial do Júri e Prêmio Melhor Filme Casa Iberoamérica), RIDM Montreal (Prêmio Especial do Júri), Biarritz, Viennale, e Forumdoc.BH.


Ficha técnica
Direção:
João Salaviza e Renée Nader Messora
Roteiro: João Salaviza, Renée Nader Messora, Ilda Patpro Krahô, Francisco Hyjnõ Krahô, Henrique Ihjãc Krahô
Produção: Entre Filmes
Distribuição: Embaúba Filmes
Exibição: Centro Cultural Unimed BH - Minas
Duração: 2h04
Classificação: 14 anos
Países: Brasil e Portugal
Gêneros: documentário, drama