05 julho 2024

“Orlando, Minha Biografia Política” adapta obra de Virgínia Woolf com mistura de gêneros

Livro da escritora inglesa ganha eco entre as novas gerações com longa de diretor trans (Fotos: Filmes do Estação)


Eduardo Jr.


Paul B. Preciado estreia na direção cinematográfica de mãos dadas com Virginia Woolf. O livro “Orlando”, da escritora inglesa, foi adaptado e chega às telonas sem se encaixar em um único gênero. “Orlando, Minha Biografia Política” é ficção e é documentário. 

Algo muito coerente, se considerarmos que o diretor, filósofo e ativista trans, que nasceu Beatriz e se tornou um dos principais pensadores contemporâneos das novas políticas do corpo, gênero e sexualidade, também desafia a binaridade. A distribuição é da Filmes do Estação.  Em Belo Horizonte, o longa pode ser conferido no Cine UNA Belas Artes.


No livro, lançado em 1928, o protagonista um dia acorda no corpo de uma mulher, dando início aos questionamentos acerca dos comportamentos e diferenças entre gêneros. O longa de Preciado também segue a premissa da transformação, mas parte de uma carta do diretor para a escritora (falecida em 1941), dizendo que Orlando saiu das páginas, está vivo, e se transformando diariamente

O elenco, composto de 25 pessoas trans e não binárias, desfila na tela, hora atuando, hora fazendo relatos pessoais. Ao vestir um acessório de época é como se estivessem personificando o protagonista das páginas da escritora inglesa. Soma-se à fala desses atores a narração de trechos do livro, o que expõe a fragilidade do diretor em construir um desenvolvimento imagético. Cenas monótonas de algo que já está sendo contado puxam pra baixo a energia do filme. 


A força fica por conta da mensagem. O texto vai imprimindo na compreensão do público que, se a cada dia nos modificamos em relação ao ontem, as pessoas trans também estão realizando uma transformação, no entanto, não encontram aprovação social. Ao contrário, na época do "Orlando" de Virginia Woolf, atravessar as fronteiras de gênero era um atestado de necessidade de tratamento psiquiátrico, uma doença a ser curada. Alguma semelhança com os dias atuais?  

O mérito da obra talvez resida na coragem de apresentar de tal maneira os escritos das páginas de Virginia. As dores, a libertação, os desafios e a beleza da vitória dessas 25 pessoas/atores/atrizes provando que são herdeiros de uma história apagada, reforçam a noção de que, assim como o Orlando de 1928, outras existências também vão atravessar gerações. 


O longa também pode garantir uma vida longa, se depender de reconhecimento. Vencedor do Teddy Award e do Prêmio Especial do Júri da mostra Encounters no Festival de Berlim de 2023, o filme chega às telonas do país como vencedor da categoria Melhor Documentário do Prêmio Félix, honraria do Festival do Rio que destaca narrativas LGBTQIAPN+ no audiovisual. 

Também foi escolhido como Melhor Longa-Metragem Internacional do Festival Mix Brasil, além de participar do Festival Varilux. Se não é só documentário e nem é só ficção, pode ser descrito como um filme interessante.   


Ficha técnica:
Diretor e roteiro: Paul B. Preciado
Produção: Les Films du Poisson, 24 Imagens e Canal Arte França
Distribuição: Filmes do Estação
Exibição: Cine UNA Belas Artes - sala 3, sessão às 20h30
Duração: 1h38
Classificação: 14 anos
País: França
Gêneros: drama, documentário

04 julho 2024

Minions roubam a cena novamente e arrasam em "Meu Malvado Favorito 4"

Gru e a família correm perigo e precisam se esconder de um vilão com sotaque francês e da namorada dele (Fotos: Illumination Entertainment) 


Maristela Bretas


Eles estão de volta, ainda mais engraçados e trapalhões. Os Minions não ganharam um terceiro filme, mas "Meu Malvado Favorito 4" ("Despicable Me 4"), que estreia nesta quinta-feira nos cinemas, é quase como uma continuação dos sucessos "Minions" (2015) e "A Origem de Gru" (2022). Os famosos baixinhos amarelos de macacão azul arrasam e roubam as cenas cada vez que aparecem, provocando boas gargalhadas. 


A famosa franquia, iniciada em 2010, com sequência em 2013, volta a reforçar a importância da família, como aconteceu em "Meu Malvado 3" (2017). Os Minions seguem com as vozes inconfundíveis de Pierre Coffin (original) e Guilherme Briggs (dublagem em português), para alegria dos fãs. Eles ganham mais espaço e superpoderes e confirmam que são a maior atração (ou pelo menos, a mais divertida) das cinco animações criadas pelos estúdios Illumination e Universal Pictures. 

Gru (novamente dublado por Steve Carell e em português por Leandro Hassum) e Lucy (vozes de Kristen Wiig e Maria Clara Gueiros) agora estão casados e são pais de Margô (Bruna Laynes), Edith (Ana Elena Bittencourt) e a caçula super fofa Agnes (Pamella Rodrigues). 


A novidade do quarto filme da franquia é o novo membro da família - Gru Jr.. Ele lembra muito o bebê Zezé, de "Os Incríveis 2" (2018), mas sem superpoderes. Seu único objetivo é atormentar o pai com suas travessuras. 

Depois de deixar de ser um supervilão, apesar de todas as tentações, Gru se torna agente da Liga Antivilões. Mas ele e sua família passam a ser perseguidos por um novo inimigo, Maxime Le Mal (Will Ferrell/Jorge Lucas) e sua namorada mulher-fatal Valentina (Sofia Vergara/Angélica Borges) que escapam da prisão. 


Maxime é bem caricato, atrapalhado em seus planos e ainda tem sotaque francês. Lembra outro antigo inimigo de Gru, Balthazar Bratt (que foi dublado por Evandro Mesquita no filme 3). Apesar de escolher se transformar em um bicho asqueroso, ele convence em ser o novo inimigo número 1 da família Gru. Além de serem obrigados a mudarem suas vidas e identidades, os Gru ainda vão conhecer Poppy (Joey King/Lorena Queiroz), uma vizinha adolescente que vai lhes trazer grandes problemas.

O diretor Chris Renaud, que acompanha a franquia desde o início, também apresenta no quarto filme do ex-vilão várias referências a filmes famosos de super-heróis, como Homem-Aranha, e relembra personagens das animações anteriores. Quem acompanha Gru e os Minions vai se lembrar, com certeza.


Como se não bastasse toda a ação e diversão, "Meu Malvado Favorito 4" ainda tem uma trilha sonora frenética, composta novamente por Heitor Pereira, responsável pelos outros filmes. Além de sucessos como "Through The Fire And Flames", do Dragonforce, "Sweet Child O’ Mine", do Guns N’ Roses, e a minha preferida, usada na cena mais marcante da animação, "Everybody Wants to Rule the World", da banda Tears For Fears.

Recomendo rever todas as animações da franquia, disponíveis no Telecine, Amazon Prime Video, Google Play e Apple TV. "Meu Malvado Favorito 4" está ainda mais divertido. Agora é pegar a pipoca e o refri (ou suquinho) e preparar para rir muito (e até se emocionar).


Ficha Técnica
Direção: Chris Renaud
Produção: Ilumination Entertainment e Universal Pictures
Distribuição: Universal Pictures
Duração: 1h34
País: EUA
Classificação: Livre
Gêneros: animação, comédia, aventura